segunda-feira, 25 de junho de 2012

Prof. Renato Dias Martino fala sobre maturidade emocional e idade cronológica

Prof. Renato Dias Martino fala sobre maturidade emocional e idade cronológica.
No programa De Ponta a Ponta, TV Tem.




Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sim senhor! Prof. Renato Dias Martino - respeito e maturidade

Sim senhor!


Sim senhor!

Por obséquio, me chame sim de senhor. Tente incluir o "Sr." antes de mencionar meu nome. Não por uma falsa ética escondida por de traz de uma moral que tem a pretensão de ditar regras, mas como reconhecimento, por eu ter amadurecido. Ou mesmo um carinho recompensador pela minha condição amadurada.


Não é fácil amadurecer. Amadurecer é algo que não tem retorno, costumo dizer que ninguém pode "desamadurecer". Assim, se esforce para me recordar dessa condição.
No caso de estar tentando me desfazer do peso de cada etapa desse penoso caminho, imaginando que iria sobrar algo de mim. Mero engano da minha parte, isso tudo sou eu e devo me responsabilizar por cada parte disso, nem que seja pelo mero prazer de ser chamado de senhor.


Senhor não do outro, alias, para cada outro que deixo de ser senhor, passo a me responsabilizar mais ainda de mim mesmo, sendo então, cada vez mais, senhor de mim.


Não é difícil encontrar alguém fazendo questão de ser chamado de "você", logo depois de uma gaguejada de outro alguém, ao referir-se como senhor. Talvez, um medo dos prejuízos que acompanham a idade avançada. Seria uma ótima justificativa, não fosse pelo fato de que ser chamado de "você", não passa de uma insustentável ilusão que de forma alguma minimiza os efeitos onerosos da chegada da idade.

Além do mais, muitas vezes o sujeito faz questão de ser chamado de "você", entretanto, logo em seguida quer ser respeitado como "senhor"...


Sim, senhor! Senhor dos meus atos e da responsabilidade quanto ao eu. Aquele que se tornou senhor de si por aprender a respeitar-se a si mesmo não suportará mais ser desrespeitado pelo outro.


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Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/

sábado, 16 de junho de 2012

Dicas de Filmes - Estamira

É impressionante o grau de realidade que o conteúdo do discurso de Estamira, guarda.Vinte anos catando lixo num aterro sanitário, do Rio de Janeiro, Estamira Gomes de Sousa, uma mulher de 63 anos, que supostamente sofre de distúrbios mentais, reserva certa homilia filosófica e poética. Nas frases, que num olhar comum seria sem sentido, Estamira analisa questões de interesse global com lucidez impressionante. Uma oportunidade de repensarmos a loucura de cada um de nós.

Lançamento - 28 de julho de 2006 (1h 55min)
Dirigido por - Marcos Prado

 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A APOSENTADORIA E O REENCONTRO COM O VERDADEIRO EU

O guerreiro que finalmente tem o direito de se livrar da armadura pesada. Coloca sua indumentária posta à sua frente e senta-se questionador de si mesmo.
Nascemos e logo passamos a abandonar o que somos para aprender a sermos aquilo que esperam que sejamos. Muito cedo a criança começa a perceber aquilo que os pais (ou aqueles que se encontram nessa função) desejam dela e assim, inicia um doloroso processo de tornar-se isso.
Isso toma uma proporção extrema quando nos lembramos de que vivemos numa época onde as creches são autorizadas por lei a receber crianças com poucos meses de idade. Assim, colocando-nos enquanto humanos, como a única espécie de animal que entrega sua cria, ainda muito vulnerável, aos cuidados de um desconhecido.
Bem, engana-se aquele que pensa que ao nos tornarmos adultos concluímos esse mesmo processo. Na realidade, crescemos com muitas dúvidas sobre quem realmente somos, pois isso se confunde com aquilo que o outro nos "sugeriu" ser, ou mesmo exigiu que fossemos, pois lhe traria algum benefício.
O sujeito nunca sabe muito bem diferenciar aquilo que ele ouve daquilo que realmente houve, e a criança, então se perde dentro da “educação”, muitas vezes sem poder contar com respeito algum, mas que ainda assim, lhe é imposta durante seu desenvolvimento. Quase sempre guiado por adultos incapazes da tarefa de cuidar, munidos de razões hipócritas ilustradas em frases como; faça o que eu falo, não faça o que eu faço.

Dessa forma o sujeito torna-se adulto e deve então escolher sua profissão. A busca de um caminho profissional que, pelo menos a priori, deveria ser uma extensão do “eu”, logo, adequado com sua essência. Entretanto, sabemos o quanto isso é raro. Mesmo quando se tem a sorte e a habilidade de encontrar e desempenhar a profissão, de maneira muito boa, ainda assim temos que nos equipar de uma carga enorme de características falsas no desempenho profissional.
Assim como nos propõe Donald Woods Winnicott (1896 —1971), importante pediatra e psicanalista inglês, somos constituídos psicologicamente por duas partes. O eu verdadeiro, que carrega a essência do sujeito e o falso eu, que deve existir para proteger o verdadeiro.

Raramente podemos expor nosso verdadeiro eu que é essencialmente frágil e sensível, no ambiente de trabalho, que é por natureza, tóxico quanto a sentimentos e emoções narcisistas. Dessa maneira, como certo recurso defensivo, vamos gradualmente e sem nos darmos conta disso, agindo pelo falso eu. E nos apresentando para o outro com essas características, o convencendo de que somos realmente isso.
Ora, a questão não é nada simples, na medida em que, quando somos verdadeiros nos machucamos, quando nos protegemos muito acabamos por ofender o outro. Passamos a vida tentando achar um equilíbrio nesse conflito inexorável.

Dessa forma, depois de uma vida de trabalho o sujeito aposenta-se. Como um guerreiro que retorna da batalha. Pelo menos profissionalmente o sujeito está isento de sustentar as estruturas pesadas do falso eu. Pode agora, aliviar-se do peso de sua existência e gozar da possibilidade de viver o verdadeiro eu.
No reencontro com o verdadeiro eu, é muito importante que se possa contar com um ambiente seguro e acolhedor. Quando isso não ocorre, pode haver a manifestação de formas antigas e infantilizadas de funcionamento mental, que foram fixadas em fases anteriores do desenvolvimento emocional e afetivo. Na situação onde o sujeito perceber-se desprotegido e inseguro, o verdadeiro eu, sem a ‘casca’ do falso eu defensivo, se manifesta de forma imatura.
O sujeito que julgava se conhecer, agora, contando com certo ambiente acolhedor tem a chance de reconhecer-se.