Quando funcionamos bem no âmbito emocional, torna-se possível exercer plenamente a função afetiva na relação com o outro.
Tolerar desconfortos é a base de um bom funcionamento emocional.
Desenvolvemos a capacidade de tolerância a partir de
um vínculo bem-sucedido com o outro, e a possibilidade de estabelecer e manter
um vínculo saudável depende dessa mesma capacidade.
O bom funcionamento
emocional favorece o desenvolvimento da maturidade nessa esfera, onde certezas
são impraticáveis.
Quanto mais desenvolvida for essa maturidade, maior será
nossa capacidade de reconhecer, respeitar e nos responsabilizarmos por nossa
ignorância em relação à realidade.
A
maturidade emocional manifesta-se na capacidade de tolerar a dúvida; a
estupidez, na insistência em certezas.
A ignorância é uma condição inerente a
cada um de nós; a estupidez é a recusa em admiti-la. Não se pode exigir que
alguém reconheça a realidade, nem censurar quem ainda se alimenta de ilusões.
Quanto ao reconhecimento da realidade, não há escolha: ou se está sendo capaz, ou não.
A saber, essa capacidade é transitória, depende do momento, das
condições emocionais internas ou ainda das condições do ambiente emocional e
afetivo.
Logo, a expressão “estar sendo capaz” é mais adequada do que a
afirmação “ser capaz”.
Cada um compreende apenas o que lhe é útil. Não há como
se libertar de uma prisão que não se reconhece como tal.
A transformação
verdadeira brota do íntimo, quando a vida mescla dor e cuidado.
Quando as
ilusões se desfazem e a insegurança emerge, o acolhimento do outro torna-se o
sopro essencial para que o sujeito renasça.
Prof. Renato Dias Martino
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