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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

AVALIAÇÃO DA REALIDADE E ESCOLHA - Prof. Renato Dias Martino


REALIDADE E VONTADE

 

A nossa capacidade psíquica vai determinar a forma como a gente consegue avaliar esta realidade. O Bion vai trazer a ideia de “realidade última”. A realidade última existe independente da vontade do humano. O Schopenhauer vai dizer assim: "Você só consegue ter da realidade aquilo que a tua vontade permite.” Se a tua vontade for maior do que a possibilidade de reconhecimento da realidade, nada feito. Até que você consiga adiar a sua vontade o suficiente para conseguir reconhecer essa realidade.

 

AVALIAÇÃO

 

Não existe escolha. Existe uma capacidade de avaliação. Avaliação de qual é o caminho melhor para mim. Ou o sujeito escolhe através do seu princípio do prazer, ou seja, a partir daquilo que é mais prazeroso para ele, ou aquilo que vai aliviá-lo de desconfortos, ou o sujeito se qualifica para estar de acordo com a realidade, para avaliar qual é o caminho mais saudável para ele. E quando ele conseguir avaliar esse caminho de uma maneira bem avaliada, ele vai perceber que o caminho é um só. Todos os outros são ilusões.

 

ESCOLHER

 

O reconhecimento da realidade está subordinado à capacidade, capacidade de reconhecer a realidade. Esta capacidade vai determinar as minhas ligações com o mundo externo e com o mundo interno também, com os objetos internos, objetos que eu fui simbolizando. Depende da capacidade. Isso que a gente aprendeu a chamar de escolha, na verdade, não tem a ver com algo que eu preferi, porque eu tive um campo de opções e escolhi isso, mas que existe uma determinação maior. Dentro dessa determinação, existem fatores psíquicos que me levaram a este objeto e que não me deram qualquer opção de escolher qualquer outra coisa.

 

RESPONSABILIDADE

 

“Ah! Então, se o sujeito não tem escolhas na vida, então, não é responsabilidade dele.” Não! Nada a priori a sua responsabilidade, passa a ser responsabilidade sua na medida em que você seja capaz de se responsabilizar por isso. E se você não for capaz de se responsabilizar por isso, não existe qualquer intervenção que vá fazer com que você se torne capaz disso. A responsabilização também está subordinada à capacidade. Ou o sujeito é capaz de se responsabilizar, ou ele vai ficar carregando uma culpa. Ou então ainda, ele pode ter uma característica perversa, onde ele não está nem aí para isso e pouco importa.

 

REALIDADE

 

O olhar psicanalítico, o reconhecimento através do vértice psicanalítico, precisa ser aquele onde aquilo que o sujeito deseja tem muito pouca relevância. O que realmente tem importância dentro da configuração, dentro do vértice psicanalítico, é a realidade. É aquilo que existe independente da expectativa do sujeito. É por isso que é muito delicado a gente usar essa palavra: "Ah, mas o sujeito não ‘quer’." “O pior cego é aquele que não quer ver”. Não! Não é que ele não quer ver, é que ele não dá conta de ver, porque ele não é capaz de ver. Não existe escolha dentro do vértice psicanalítico. Não existe escolha. A escolha é uma ilusão. Para aquilo que realmente importa, e é este o escopo da psicanálise, não existe escolha.




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