REALIDADE
E VONTADE
A
nossa capacidade psíquica vai determinar a forma como a gente consegue avaliar
esta realidade. O Bion vai trazer a ideia de “realidade última”. A realidade
última existe independente da vontade do humano. O Schopenhauer vai dizer
assim: "Você só consegue ter da realidade aquilo que a tua vontade
permite.” Se a tua vontade for maior do que a possibilidade de reconhecimento
da realidade, nada feito. Até que você consiga adiar a sua vontade o suficiente
para conseguir reconhecer essa realidade.
AVALIAÇÃO
Não
existe escolha. Existe uma capacidade de avaliação. Avaliação de qual é o
caminho melhor para mim. Ou o sujeito escolhe através do seu princípio do
prazer, ou seja, a partir daquilo que é mais prazeroso para ele, ou aquilo que
vai aliviá-lo de desconfortos, ou o sujeito se qualifica para estar de acordo
com a realidade, para avaliar qual é o caminho mais saudável para ele. E quando
ele conseguir avaliar esse caminho de uma maneira bem avaliada, ele vai
perceber que o caminho é um só. Todos os outros são ilusões.
ESCOLHER
O
reconhecimento da realidade está subordinado à capacidade, capacidade de
reconhecer a realidade. Esta capacidade vai determinar as minhas ligações com o
mundo externo e com o mundo interno também, com os objetos internos, objetos
que eu fui simbolizando. Depende da capacidade. Isso que a gente aprendeu a
chamar de escolha, na verdade, não tem a ver com algo que eu preferi, porque eu
tive um campo de opções e escolhi isso, mas que existe uma determinação maior.
Dentro dessa determinação, existem fatores psíquicos que me levaram a este
objeto e que não me deram qualquer opção de escolher qualquer outra coisa.
RESPONSABILIDADE
“Ah!
Então, se o sujeito não tem escolhas na vida, então, não é responsabilidade
dele.” Não! Nada a priori a sua responsabilidade, passa a ser responsabilidade
sua na medida em que você seja capaz de se responsabilizar por isso. E se você
não for capaz de se responsabilizar por isso, não existe qualquer intervenção
que vá fazer com que você se torne capaz disso. A responsabilização também está
subordinada à capacidade. Ou o sujeito é capaz de se responsabilizar, ou ele
vai ficar carregando uma culpa. Ou então ainda, ele pode ter uma característica
perversa, onde ele não está nem aí para isso e pouco importa.
REALIDADE
O
olhar psicanalítico, o reconhecimento através do vértice psicanalítico, precisa
ser aquele onde aquilo que o sujeito deseja tem muito pouca relevância. O que
realmente tem importância dentro da configuração, dentro do vértice
psicanalítico, é a realidade. É aquilo que existe independente da expectativa
do sujeito. É por isso que é muito delicado a gente usar essa palavra:
"Ah, mas o sujeito não ‘quer’." “O pior cego é aquele que não quer
ver”. Não! Não é que ele não quer ver, é que ele não dá conta de ver, porque
ele não é capaz de ver. Não existe escolha dentro do vértice psicanalítico. Não
existe escolha. A escolha é uma ilusão. Para aquilo que realmente importa, e é
este o escopo da psicanálise, não existe escolha.
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