quarta-feira, 30 de julho de 2025
HUMANOS – Diferentes, Desejando Ser Iguais - Prof. Renato Dias Martino
quarta-feira, 23 de julho de 2025
RENÚNCIA OU REPRESSÃO - Prof. Renato Dias Martino
quarta-feira, 16 de julho de 2025
COMPULSÃO POR ORGANIZAÇÃO - Prof. Renato Dias Martino
DESORGANIZAÇÃO
Normalmente,
uma pessoa que chega se queixando de mania de limpeza, de exacerbação na
organização, usualmente, esta pessoa convive com outra pessoa que é
extremamente desorganizada e conformada com a sua desorganização. O que
realmente incomoda não é a sua mania de limpeza, mas é o comparativo com o
outro que não está nem aí para bagunça. Quando o outro é a mãe ou o pai, fica
pior ainda, porque essas pessoas são figuras de autoridade e o sujeito fica
perdido sem referencial, porque ele é organizado e o outro não. Não estou aqui,
de maneira alguma, excluindo o sujeito que tem realmente uma compulsão a
limpeza, mas normalmente o sujeito que vem com esta queixa convive com a outra
pessoa extremamente desorganizada. Então, o problema é a autocobrança para que
ele também seja desorganizado.
ORGANIZAÇÃO
A
organização externa é um reflexo da organização interna. Um sujeito que está
bem organizado internamente vai organizar todo o seu entorno e o sujeito que
esteja desorganizado internamente vai desorganizar o seu entorno. Quando o
sujeito não é capaz de manter a mínima organização, quanto mais desorganizado o
ambiente estiver, melhor para ela. Ela começa a tirar proveito dessa
desorganização. A desorganização também traz um benefício para o sujeito. Principalmente
para aquele sujeito que não é capaz de ter a coisa minimamente administrada. A
organização é extremamente particular de cada um. Muitas vezes, você pode olhar
o quarto de uma pessoa e dizer que está desorganizado, mas para ela aquilo é
uma organização.
TRANSTORNO
OBSESSIVO COMPULSIVO
Psiquiatra
chama isso de transtorno obsessivo compulsivo. Normalmente é um sujeito que na
sua fase anal, teve essa dificuldade porque existia um adulto intolerante com
aquela fase da sua vida. Um adulto que dizia que aquilo era nojento, que aquilo
era sujo e ele acabou se fixando, imaginando que ele era uma pessoa suja. E aí,
ele acaba tentando reparar isso e lavando a mão muitas vezes, organizando tudo,
deixando tudo certinho para não se sentir um sujeito sujo e inadequado. Mas
isso faz com que ele acabe se aproximando de pessoas extremamente
desorganizadas e aí, exacerba a cobrança, aumenta exponencialmente a sua
autoexigência por estar convivendo com pessoas assim.
ORGANIZAÇÃO
FINANCEIRA
Muitas
vezes o sujeito está com carrão, mora numa casona, mas está devendo até os
ossos. E outra pessoa tem uma vida humilde, tudo tranquilinho, tudo pago, sem
dívidas. Uma organização não é ostentar riquezas, mas é estar em dia com as
suas contas.
PRIMEIRAS
PRODUÇÕES
O
Freud relaciona as fezes ao dinheiro. Então, ele vai dizer que, normalmente o
sujeito que é o sovina, popularmente “mão de vaca”, que retém este dinheiro,
teve um problema na elaboração da fase anal, também. As fezes são as primeiras
produções do sujeito. E quando o sujeito não é aprovado nas suas primeiras
produções, ele pode vir a reter as suas produções e aquilo que ele produz é
dinheiro. Então, esse dinheiro vai ser retido.
PROJEÇÃO
O
sujeito que é o suposto bem organizado e convive com uma pessoa que é o suposto
desorganizado, ela pode ter um benefício em tê-lo como referencial. Quando o
outro é um referencial de desorganização, eu me sinto extremamente organizado.
A desorganização aqui em casa é culpa dele, não é minha responsabilidade. Isso,
na verdade, é um reflexo de algo que está dentro dela. Então, eu sou
desorganizado internamente, organizo o ambiente e projeto esta minha
desorganização no outro que eu convivo.
CULPABILIZAR
Encontrar
um culpado das minhas mazelas, dos meus infortúnios é muito fácil. Encontrar
alguém para culpabilizar sobre as coisas que eu não consegui. É sempre muito
fácil. Sempre vai ter alguém ali que está carregando um sentimento de culpa e
estará pronto a receber esta minha projeção. Sempre eu vou encontrar alguém que
está duvidoso de si mesmo e pronto a receber algo que eu possa projetar nele.
Então, eu não me responsabilizo pelos meus problemas e encontro alguém para
projetar a culpa do meu insucesso.
quarta-feira, 9 de julho de 2025
DÚVIDA, INCERTEZA E NUTRIÇÃO AFETIVA - Prof. Renato Dias Martino
NUTRIÇÃO
AFETIVA
Muitas
vezes o sujeito chega na clínica psicanalítica, chega para fazer psicoterapia e
ele se queixa de uma dor psíquica, seja ela uma ansiedade ou uma angústia, e
ele busca que isso seja reparado. No entanto, ele vive num ambiente
extremamente empobrecido de vínculos saudáveis. Logo, isso fica inviável,
porque o vínculo que não seja saudável, além de não nutrir o sujeito dessa
saúde afetiva, que inclui amor e verdade, que inclui doação e limite, ele ainda
retira do sujeito o pouco de saúde emocional que esse sujeito possa ter. Para
que o sujeito possa ter um funcionamento emocional saudável, ele carece de ser
nutrido de afeto saudável. Ele carece de vínculos saudáveis. Ele carece desse
tipo de nutrição. Assim como o corpo se alimenta de comida, a mente se alimenta
de amor e verdade. Quando o funcionamento emocional não tem isso, ele tende a
se desnutrir e com isso adoecer. A psicoterapia precisa ser por excelência um
ambiente nutridor de amor e verdade, de dedicação e de limites.
APRENDER
A TOLERAR
Professor,
como é que eu aprendo a tolerar frustrações? Já que a tolerância frustração é a
base de um bom funcionamento emocional, somente a partir de vínculos saudáveis,
somente através de vínculos de confiança. É a partir desse tipo de vínculo que
o sujeito aprende a tolerar frustrações.
INCERTEZAS
Viver
num acordo com a realidade é viver na dúvida, é viver na incerteza. E a dúvida
e a incerteza são geradoras de desconforto. E para que eu possa viver num
acordo com a realidade, eu preciso tolerar esse desconforto que é gerado pela
dúvida e pela incerteza. O bebê aprende a lidar com a dúvida e com a incerteza
a partir do vínculo saudável com a mãe e, posteriormente, com o pai. São eles
que vão trazer para o sujeito um ambiente seguro o suficiente para que ele
possa aprender a tolerar qualquer incerteza que venha a acontecer.
O
CAMINHO
O
ambiente psicoterapêutico também tem esta função. Muitas vezes o paciente chega
cheio de dúvidas e cheio de incertezas, imaginando que isto é o fim, imaginando
que isso é o colapso da sua mente. No entanto, a partir das experiências
bem-sucedidas com o psicoterapeuta, ele vai percebendo que a dúvida e a
incerteza são elementos que fundamentam o acordo com a realidade. O caminho é
dúvida, o caminho é incerteza. A gente até cria objetivos, a gente até cria
ideais, mas aqueles ideais e aqueles objetivos não são o final da história, não
vão trazer segurança alguma para gente, não vão trazer certeza alguma para
gente. Um sujeito que está caminhando de forma saudável, quando ele chega lá, o
lá não é mais lá, porque o que importa é o caminho e não a chegada.
APOIAR
OU INCENTIVAR
O
vínculo saudável é aquele que permite dependência, mas que propicia a
independência. Para que um vínculo seja saudável, este vínculo deve permitir
que haja a dependência, mas que esteja propício à independência assim que for
possível. Deve apoiar a independência, não deve sugerir, não deve promover, não
deve incentivar, mas deve apoiar, porque assim que esse vínculo for realmente
estabelecido, de maneira saudável, a independência começa a se desenvolver.
DESPREPARO
DOS PAIS
A
criança é um grande para-raios, é uma grande esponja de tudo que acontece
dentro da casa, tudo que acontece no lar, tudo que acontece na família. A
criança acaba sendo um grande porta-voz. E muitas vezes, aquele que nos procura
na clínica é o sujeito mais saudável da família, porque é aquele que deu conta
de tudo aquilo e ainda foi capaz de pedir ajuda, enquanto os outros estão
extremamente envolvidos com as suas defesas, com as suas neuroses, com as suas
psicoses, responsabilizando o outro, culpando o outro. Então, muitas vezes a
gente tem quando criança a impressão de que a gente é o problema. E quando a
gente cresce, a gente começa a perceber que grande parte desses problemas
vinham dos pais, o despreparo desses pais de cuidarem dessa criança. E aí mandam
a criança para o neurologista, pro psicopedagogo, para o psiquiatra, sabe lá
para quem? Para dar conta daquilo que na realidade foram os pais que não deram
conta.
DE
GERAÇÃO PARA GERAÇÃO
As
mazelas que são transmitidas de geração para geração, passando de pai para
filho, onde um não é capaz de reconhecer a realidade e cuidar de si mesmo para
que ele possa reparar o seu funcionamento emocional. E ele passa isso para os
filhos e os filhos passam pros netos e vão vai passando de geração em geração,
porque ninguém foi capaz de dar conta disso, porque o meu filho não pode sofrer
daquilo que eu sofri em relação aos meus pais.
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quinta-feira, 3 de julho de 2025
INCAPACIDADE E EXPECTATIVA - Prof. Renato Dias Martino
DIFERENÇA
Me
parece que não existe nenhum outro animal na natureza que seja tão diferente um
do outro como o ser humano. O ser humano é completamente diferente do outro.
Por mais que ele seja gêmeo univitelino, ele vai se tornando, conforme ele vai
se desenvolvendo, diferente do outro. Não somos iguais. Ninguém é igual e por
conta disso precisamos respeitar as diferenças. O amor pressupõe a diferença.
Se você ama o igual isso não é amor. O amor é amar o diferente.
INCAPACIDADE
Você
se sentir magoado, você se sentir ressentido, ou decepcionado, por conta de uma
incapacidade do outro é uma grande incoerência. Ele não foi capaz! Como é que
você vai se sentir magoado por conta de uma incapacidade do outro. Pega esta
prateleira de 200 kg e leva para o outro canto da sala e você diz: "Não!
Eu não sou capaz disso" e aí, você fica bravo com ele. Nós estamos falando
de capacidade. O sujeito não deu conta e quando me magoou com aquilo que o
sujeito não deu conta, sou eu que estou expondo a minha incapacidade de
reconhecer a realidade.
EXPECTATIVA
Quando
eu estou do lado de alguém que é incapaz daquilo que eu tenho expectativa, a
única intervenção que eu posso fazer é meu afastamento. Ou eu aprendo a tolerar
esta incapacidade do outro para continuar convivendo com ele, ou eu me afasto.
Continuar ali é promover um conflito promover uma possível hostilidade.
ACEITAR
Aceitar
é uma palavra extremamente perigosa dentro das formulações psicanalíticas. Um
sujeito que é consciente da sua ignorância, ele pode respeitar esta ignorância
e passar a ser um grande aprendiz, aprendendo com cada experiência, ou ele pode
aceitar essa ignorância e passar a ser um grande ignorante crônico. Aceitar é
uma condição daquele que se conformou com aquilo, mas respeitar é a condição
daquele que abre o vértice para a expansão.
BUSCA
O
sujeito integrado não precisa buscar nada. O sujeito que esteja num acordo
consigo mesmo e num acordo com a realidade, ele não carece de buscar nada, de
procurar nada, porque tudo será desvelado à sua frente. A verdade está aí,
debaixo do nariz de cada um. O que a gente precisa é tirar o Véu de Maya, é
desobstruir a nossa capacidade de reconhecimento desta realidade, desta verdade
que ela estará ali, sem que a gente precise buscar, sem que a gente precise
procurar nada. O que é necessário, na realidade, é desobstruir-se para
reconhecer, aprender a respeitar e se responsabilizar pela realidade.
ANÁLISE
DO AUSENTE
Quando
eu falo de alguma outra pessoa, eu estou falando, na realidade, de mim. Quando
um paciente traz características que lhe incomodam na mãe, no marido, ou seja,
lá de quem for, ele está falando dele em relação a esta pessoa e é justamente
isso que eu tenho que tratar com ele, porque eu não posso tratar dessa pessoa.
Essa pessoa não está ali. Muitas vezes, essa pessoa até já morreu. Como é que
eu posso tratar do funcionamento dessa pessoa que não está presente? A
psicanálise não pode se prestar a tratar de qualquer pessoa que não esteja
presente com o analista. O sujeito que se presta a usar a psicanálise para
cuidar de alguma coisa que não está presente e disponível a psicanálise ele
está presente e disponível à psicanálise, ele está equivocado.