terça-feira, 4 de outubro de 2022

INVESTIMENTO NA REALIDADE

Quando tratamos da saúde emocional, estamos cogitando sobre o fator norteador do desenvolvimento humano como um todo, já que dela depende a autonomia do funcionamento integral de cada um de nós. Um sujeito que se desenvolve emocionalmente, consequentemente se torna capaz de administrar todas as outras dimensões da sua vida, desenvolvendo autonomia, inclusive para se capacitar a auxiliar o próximo. Por outro lado, aquele que não desenvolve a maturação saudável no âmbito emocional, tende a continuar subordinado aos cuidados do outro. Portanto, aquele que não se desenvolve emocionalmente, também não consegue se desenvolver afetivamente, já que só se torna capaz de amar o outro, aquele que não depende dele para viver. 

A saúde emocional-afetiva está diretamente relacionada a administração no investimento de energia, ou do interesse e isso está subordinado à capacidade de continência emocional. Uma das características dessa ordem de saúde é o nível do acordo que se possa entrar com a realidade e a realidade se manifesta somente no tempo presente. Sendo assim, saúde emocional coincide com a possibilidade de manter as energias investidas no aqui, no agora.   

A manifestação da intolerância as frustações é um sinal de que o funcionamento emocional não está saudável, ou ainda, indica imaturidade dessa ordem de funcionamento. Essa intolerância ocorre justamente em relação ao presente, cheio de incertezas e não disponível ao conhecimento. Ocupar-se do presente requer tolerância. Já na situação da intolerância, o sujeito desloca seu interesse para o passado, nos registros da memória, assim como no futuro, na projeção da expectativa.
Sentimentos intensos de ansiedade e angústias são características desse quadro. Esses sentimentos também fazem parte de um funcionamento saudável, assim como da maturidade emocional, no entanto, aparecem extremamente intensos, espaçosos e muitas vezes predominantes, no funcionamento que não seja saudável, ou mesmo, quando imaturo. 

O sentimento de ansiedade se relaciona com a energia investida em algo do tempo futuro. Incapaz de tolerar aquilo que ocorre no presente, o sujeito se apega às expectativas, se preocupando com aquilo que ainda não ocorreu e que nem se sabe se realmente ocorrerá. A preocupação com o futuro impede o sujeito de se ocupar com o presente, adequadamente. Já a angústia tem a ver com a energia investida naquilo que está no passado. Incapaz de tolerar aquilo que está acontecendo no presente o sujeito foge para os dados armazenados na memória, apegando-se a eles. No entanto, acaba por criar uma emboscada para si mesmo, já que amiúde, passa a se culpar, se condenando e com isso tendendo a se punir por aquilo que supostamente ocorreu. Priva-se das alegrias no presente, assim como, se perde nas preocupações, temendo a perda no futuro. 

Sendo que nas duas situações o objeto de investimento é ilusão. Falsas realidades mantidas pelo investimento de energia, na incapacidade de lidar com o presente. Ainda assim, toda energia investida, seja no passado ou no futuro, é assim desperdiçada. O que implica diretamente na diminuição da energia necessária para o desempenho das experiências no tempo presente. 

No entanto, não se escolhe onde se investir energia. O que pode ser possível, na melhor das hipóteses, é desenvolver a tolerância aos desconfortos e nisso, o processo psicoterapêutico é um meio por excelência para o desenvolvimento de recursos para tanto.






Prof. Renato Dias Martino

Psicoterapeuta e Escritor







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