A
psicanálise nos ensinou sobre o fato de que no início da vida o sujeito não
admite a presença do outro naquilo que Sigmund Freud (1856 - 1939), chamou de
princípio do prazer. A satisfação
imediata, assim como a evitação de desconfortos é o que rege essa ordem do
funcionamento mental. “Nesta época o mundo externo não é investido com
interesse e é indiferente à satisfação. Portanto, durante este período o eu
coincide com o que é prazeroso, e o mundo externo com o que é indiferente.”
(Freud, 1915). Por mais que possamos evoluir na maturação emocional e também no
âmbito afetivo, grande parte do nosso funcionamento ainda segue trabalhando
assim, mesmo na vida adulta. A forma como nos vinculamos com o outro é uma extensão
da maneira como nos relacionamos com nós mesmos.
Portanto,
quando tratamos do vértice emocional, não seria absurdo levantar a hipótese de
que o outro não existe. A questão
essencial é a relação do sujeito com ele mesmo. Tudo aquilo que possa acontecer
na relação com o outro, passa sempre por uma modulação a partir do que acontece
em relação a si mesmo. O outro parece representar uma extensão da relação que
se possa ter consigo mesmo. Não há como estar bem com o outro, estando mal
consigo mesmo. Na realidade, ninguém se importa realmente com o que os outros
dizem, a não ser que aquilo que seja dito coincida com o que predomine no seu
diálogo interno. Ou seja, que os outros confirmem o que o sujeito já
dizia para si mesmo.
Quando
alguém, por acaso esteja requisitando a aprovação de qualquer outra pessoa, na
realidade isso parece ser uma falha na capacidade do sujeito em confiar em si
próprio. Quando o sujeito não está confiando em si mesmo, ele tende a requisitar
a aprovação alheia. Aquele que se importa em demasia com certa crítica do
outro, na realidade já vinha se criticando anteriormente. Quando a atitude de
autocritica se estende num modelo constante o sujeito tende a reunir em seu
entorno, pessoas que o criticam constantemente.
Além disso, pode até ficar
obstruído de conseguir se interessar por alguém que, por ventura venha
reconhecer qualquer característica virtuosa nele. Por outro lado, quando ele
desenvolve o autorrespeito e passa a tratar a si mesmo com consideração e carinho,
tende então a reunir em seu convívio, pessoas que também o fazem. Na verdade,
não permitirá que o tratem de outra maneira que não seja com respeito.
Freud, S. (1996m). OS INSTINTOS E SUAS VICISSITUDES (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 14). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1915).
Alameda Franca n° 80, Jardim Rosena,
Fone: 17- 991910375
prof.renatodiasmartino@gmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/
Inscreva-se no canal: https://www.youtube.com/user/viscondeverde/videos