Alameda Franca n° 80, Jardim Rosena,
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Conhecer algo é saber informações sobre isso que se acredita conhecer. Sendo assim, o conhecimento parece ser uma capacidade diretamente subordinada a memória. É um processo que reúne a captação sensorial do que se esteja conhecendo, o armazenamento dos dados reunidos sobre isso na memória e o posterior resgate dos dados armazenados, o que permite a repetição dessas informações. Ou seja, a captação do que está no passado, acreditando que servirá para algo que está no futuro. Sendo assim, tratamos de uma experiência acumulativa, logo, que está sujeita à saturação. O conhecimento não depende da inteligência, que, por sua vez, está dentro de outra esfera de capacidades. Além disso, aquele que consegue não atribuir emoções ou afetos a esses dados, tem maior capacidade de armazenamento e resgate do conhecimento. Esta capacidade está muito próxima do funcionamento do corpo físico. Parece que, naquele que tem maior capacidade de conhecimento, existe uma predisposição cerebral mais favorecida.
Já a inteligência diz respeito a saber relacionar entre si, as informações que se tem sobre algo. Parece estar ligada a capacidade de articular esses dados do conhecimento, estabelecendo conexões, coesões, assim como, atribuir alegorias e ilustrações, que irão formar um sistema dedutivo. No entanto, isso deve ocorrer restritamente dentro do nível teórico. A inteligência, que está subordinada a capacidade de conhecimento, não depende da saúde mental, nem da maturidade, ou ainda, da saúde emocional, ou afetiva. Assim como na capacidade de conhecimento, também aquele que consegue não associar emoções e afetos aos dados a serem articulados, parece ter maior êxito no que se refere a inteligência. Um sujeito inteligente é aquele que se mostra esperto, astuto, que age de maneira premeditada, tentando se antecipar as possibilidades e consequências das situações.
O funcionamento emocional, parece estar ligado a capacidade de administrar o fluxo dos sentimentos e com isso, a possibilidade de contenção das emoções. “A palavra emoção aqui é entendida como indicando um movimento de dentro para fora, assim como indica a semântica. Do latim ex-, “fora”, mais movere, “mudar”.” (Martino, 2015) A saúde emocional tem como base a possibilidade de acolher-se a si próprio, respeitando seus próprios limites, propiciando o acordo de suas emoções com suas ações. Não diz respeito a reprimir aquilo que se sente, mas perceber, reconhecer, respeitar e aprender a se responsabilizar por isso. O desenvolvimento da maturidade, da mesma forma, a manutenção da saúde, na esfera emocional, depende diretamente da capacidade de tolerar frustrações. É possível, até mesmo, afirmar que a maturidade emocional é aprender a perder. O nível de maturidade emocional está ligado a capacidade de pensar. A saúde no nível emocional permite pesar, ponderar, ou ainda refletir sobre sentimentos e emoções, que brotam do mundo interno, assim como, sobre as informações obtidas do mundo externo.
O funcionamento no âmbito afetivo, assim como sugere o conceito, tem a ver com aquilo que afeta o sujeito. Portanto, para que possa se desenvolver a maturação do mesmo modo que a saúde afetiva é imperiosa a participação do outro. Se refere a capacidade de ligar-se e dar manutenção aos vínculos afetivos. Essa capacidade depende do desenvolvimento e saúde da maturidade emocional, onde, quanto maior o desenvolvimento da capacidade emocional, maior será o da capacidade afetiva e assim mutuamente. “O conceito de afeto que nos auxilia aqui se inicia pela sílaba a, na pre¬posição latina ad que quer dizer deslocamento para uma direção, seguida do verbo facere, ou ficere, que significa fazer.” (Martino, 2015) Alguém que possa se dispor a acolher o conteúdo caótico que brota do sujeito e devolver algo que possa dar um sentido a isso. No início da vida, esse trabalho é o exercício da maternagem, que por sua vez depende da função paterna para resguardar seu cumprimento bem sucedido. Quando alguém tem conhecimento sobre algo, diz-se que ele tem ciência do que conheceu, no entanto, quando ele é capaz de compartilhar esse conhecimento com o outro, passa a ter, então, consciência. Emoções, assim como os afetos são ligados, simbolicamente ao coração, já o conhecimento e a inteligência ao cérebro. Sendo assim, quanto menor for o envolvimento emocional e afetivo, maior será a autonomia da inteligência.
Depois dessas reflexões, se torna importante lembrar que toda articulação da inteligência é sempre limitada, já que só pode ser possível ter um conhecimento parcial daquilo que se imagina saber. Além disso, esse conhecimento parcial só pode abranger a realidade no âmbito material, onde se pode ter acesso pelo aparato sensorial.
MARTINO, Renato Dias. O LIVRO DO DESAPEGO – 1ª ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2015.
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Sendo que nas duas situações o objeto de investimento é ilusão. Falsas realidades mantidas pelo investimento de energia, na incapacidade de lidar com o presente. Ainda assim, toda energia investida, seja no passado ou no futuro, é assim desperdiçada. O que implica diretamente na diminuição da energia necessária para o desempenho das experiências no tempo presente.
No entanto, não se escolhe onde se investir energia. O que pode ser possível, na melhor das hipóteses, é desenvolver a tolerância aos desconfortos e nisso, o processo psicoterapêutico é um meio por excelência para o desenvolvimento de recursos para tanto.
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A ética parece estar diretamente subordinada ao respeito. “O respeito é um modelo de vínculo que admite a habilidade de reverência e inclui a capacidade de se relacionar com grande consideração.” (Martino, 2013) Respeito não está ligado à exigência, já que se desenvolve naturalmente e tão somente conforme a maturação emocional afetiva. O conceito de respeito deriva do Latim respectus, particípio passado de respicere, “olhar outra vez”. Do re, “de novo”, mais specere, “olhar”. Sendo assim, respeitar é prestar atenção novamente e a ética está diretamente ligada a capacidade de prestar atenção. Enquanto a moral é filha do medo da punição, a ética é uma expansão da capacidade de amar.
MARTINO, Renato Dias. O amor e a expansão do pensar: das perspectivas dos vínculos no desenvolvimento da capacidade reflexiva, 1. ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2013.
___________________. O LIVRO DO DESAPEGO – 1ª ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2015.
___________________. ACOLHIDA EM PSICOTERAPIA – 1ª ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2018.
Movimentos sociais ideológicos são originados
das dificuldades na elaboração de complexos emocionais e afetivos no âmbito
pessoal. Essa dificuldade no desenvolvimento emocional tem um reflexo direto na
forma como esse sujeito vê o mundo e reconhece a realidade. Aquele que tenha
vivido uma grande privação e ainda assim, tenha sobrevivido, mas não tenha
conseguido elaborar essa falta, pode criar a convicção de que ninguém mais no
mundo precisa daquilo que lhe faltou. Quando inúmeros indivíduos que compactuam
com esse tipo de ideias se unem com outros surge os movimentos sociais
ideológicos.
Dificuldades que não tenham sido bem elaboradas no âmbito privado acabam por transbordarem no âmbito público. Uma grande dependência do governo e dos poderes públicos, pode se estabelecer como uma tentativa de compensar uma falha na nutrição primitiva, no vínculo com a mãe, assim como problemas com a polícia, ou mesmo com a justiça, podem derivarem de falha no reconhecimento dos limites, que é fator da função paterna. O que um dia foi o medo infantil da rejeição da mãe e depois do pai, hoje se tornou o medo da rejeição social.
EAGLETON, Terry. Ideologia. São Paulo: Unesp,
1997.
VINCENT, Andrew. Ideologias políticas modernas.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
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