Qual a real utilidade da crítica? A que tipo de demanda essa qualidade de reconhecimento do qual chamamos crítica, está a serviço? A questão é: que tipo de razão se pode obter na prática da crítica?
A proposta desse ensaio é tentar refletir sobre o grau de contribuição que a ação da crítica pode ter no processo de real expansão da capacidade do pensar. E por outro lado, de que forma a prática crítica pode ser justamente o que impede a capacidade de pensar. Em que medida é real a ajuda do olhar crítico, na capacitação do pensar a maior parte possível do nosso pensamento.
O ser humano aprendeu que a crítica ajuda a crescer e é muito comum essa ideia. Entretanto, esqueceu que esse tipo de ação é um esconderijo muito seguro das frustrações e incapacidades daquele que critica.
Estamos falando sobre o que Freud chamou de ‘reprimido’. O pai da psicanálise escreve sobre um afeto, uma necessidade ou, simplesmente, um impulso primitivo que não teve a chance de evoluir, ganhando sentido de ideia e conquistar o status de características conscientes na totalidade da personalidade. Está então, condenado pelas instâncias críticas e censoras do ‘eu’, a viver nas profundezas do inconsciente. Contudo, amiúde, tenta emergir na personalidade consciente provocando, assim, os sintomas da neurose. É antes de tudo, um motivo de frustração, mas que não está acessível á consciência.
Dessa forma, todo aquele que de alguma forma apresentar certa satisfação que corresponda à frustração reprimida, será veementemente criticado. Não obstante, o sujeito que carrega seu reprimido, critica, mas não é capaz de se desligar do criticado. Isso ocorre por razão obvia: se o fizer terá que carregar com ele toda frustração que através da crítica, projeta no outro. Quero propor com isso que, toda condenação esconde uma frustração latente, daquele que condena, revelada na experiência da inveja.
Se estivemos de acordo até esse ponto, podemos então afirmar que a crítica é sinal claro da incapacidade daquele que critica.
A crítica é a primeira manifestação do pré-conceito. Não se conhece muito bem sobre a ideia, porém já se tem um conceito pré-estabelecido sobre o que se critica. Uma tentativa de evacuar elementos não pensados naquele que se dispõe a receber a crítica.
Capítulo do Livro - O Amar e o Pensar: Das Perspectivas dos Vínculos no Desenvolvimento da Capacidade Reflexiva, 2013.
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8 comentários:
adorei!
Grato , querida Jacqueline!
Perfeito...Sim a primeira manifestação do pré-conceito...Obrigado
Excelente!
Excelente!
Sábio Professor, muito obrigada!
Professor, amei seu parecer sobre a crítica
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