A proposta de pensarmos certos conceitos dos quais nos baseamos para viver como
padrões já estabelecidos e que são muito mais derivados de conceitos herdados
do que de experiências que levaram à compreensão da própria realidade, esbarra
num incômodo. Incômodo esse gerado ao colocarmos em jogo o conforto que se pode
desfrutar estando sob certas doutrinas e leis das quais se encontram saturadas
de certeza. O conceito de caridade é um bom exemplo de uma ideia que só
se faz integral enquanto pensada e repensada constantemente. O sentido de certo
conceito de tamanha importância, só se faz possível, se submetido a um
constante questionamento quanto a sua autenticidade e base ética. Para esse
exercício é imprescindível a pergunta: ‘por que estamos sendo caridosos?’ e seu
extremo oposto, ‘por que desejamos receber caridade?’ Porém, antes disso seria
útil pensarmos a origem do conceito, ou com que intuito ele foi criado.
A
terminação
O
nome ‘caridade’ é um derivado de carência, que por sua vez, significa falta ou
até uma necessidade que clama por ser suprida. Sendo assim, implica em uma
relação entre uma parte carente e outra que possa suprir. A caridade é um gesto
muito poderoso, contudo, requer capacidade de perceber certos limites, caso
contrário, existe o perigo de se instalar uma vínculo doente, entre as partes.
A caridade e o gesto afetuoso
Penso não ser adequado atribuir à caridade o sinônimo de sentir prazer ou o ato de proporcionar prazer. Se não com limites, o ato de caridade pode se transformar no mal que aprisiona e não deixa crescer. Digo isso, pois, muitas vezes o gesto de amor pode ser justamente representado por um ‘não’. Isso se tratarmos aqui, de certa intenção afetiva, ou seja, cunhada no amor. É muito importante estabelecer relações caridosas quando realmente se pode perceber que ocorre a incapacidade de produção ou realização daquele que é ajudado, do contrario o que se faz é prejudicar e desvalorizar a capacidade do outro. Assim, é bom que o caridoso seja capaz de perceber que a caridade deve perder seu efeito afetivo (positivo) assim que o ‘carente’ desenvolva a capacidade de fazer por si. Contudo, para tanto, é necessária certa capacitação emocional, no intuito de exercer isso que poderíamos chamar de “caridade ética”. Essa modalidade de caridade é algo que parte de uma experiência interna e se projeta no mundo em direção ao outro. Do contrario estaríamos falando de uma forma de demagogia. O que poderíamos chamar de palavras vazias.
Penso não ser adequado atribuir à caridade o sinônimo de sentir prazer ou o ato de proporcionar prazer. Se não com limites, o ato de caridade pode se transformar no mal que aprisiona e não deixa crescer. Digo isso, pois, muitas vezes o gesto de amor pode ser justamente representado por um ‘não’. Isso se tratarmos aqui, de certa intenção afetiva, ou seja, cunhada no amor. É muito importante estabelecer relações caridosas quando realmente se pode perceber que ocorre a incapacidade de produção ou realização daquele que é ajudado, do contrario o que se faz é prejudicar e desvalorizar a capacidade do outro. Assim, é bom que o caridoso seja capaz de perceber que a caridade deve perder seu efeito afetivo (positivo) assim que o ‘carente’ desenvolva a capacidade de fazer por si. Contudo, para tanto, é necessária certa capacitação emocional, no intuito de exercer isso que poderíamos chamar de “caridade ética”. Essa modalidade de caridade é algo que parte de uma experiência interna e se projeta no mundo em direção ao outro. Do contrario estaríamos falando de uma forma de demagogia. O que poderíamos chamar de palavras vazias.
Caridade negativa
A caridade pode partir de uma experiência da qual o sujeito possa ajudar alguém num momento difícil da vida, porém, pode ser também oriunda de culpa, onde o sujeito doa ao outro e assim reduz a carga da culpa que possa carregar por algum motivo. No segundo caso, pela ‘vista grossa’, o que pode parecer caridade revela-se, pensado de forma mais cuidadosa, como um ato extremamente narcisista. Nesse modelo de relação o outro é simplesmente um instrumento de satisfação ou afastamento de desconforto. Usado, em muitos casos, para reafirmar uma posição de poder.
Se estivermos
falando então de um modelo ético de caridade, logo, isso partirá de
experiências da bondade que a criança possa ter, em sua relação primaria, com
os pais ou aqueles que ocuparam essa função. Sendo assim, a caridade (assim
como outras ações éticas) deve ser incorporada pela criança através de
identificação no vínculo com os pais, nunca ensinada como algo moralmente
imposto.
Caridade com o si-mesmo
A capacidade de caridade é uma extensão da capacidade de amar que se pode ter por si mesmo. Quero propor que, aquele que pode criar uma relação afetiva com o si mesmo, através de suas realizações já prepara assim, o lugar do outro em sua vida. A ideia ficaria mais ou menos assim: Só pode ser caridoso com o outro aquele que cuida (é caridoso) de si mesmo.
Caridade com o si-mesmo
A capacidade de caridade é uma extensão da capacidade de amar que se pode ter por si mesmo. Quero propor que, aquele que pode criar uma relação afetiva com o si mesmo, através de suas realizações já prepara assim, o lugar do outro em sua vida. A ideia ficaria mais ou menos assim: Só pode ser caridoso com o outro aquele que cuida (é caridoso) de si mesmo.
Isso ocorre na medida em que se possa ser capaz de empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro e posteriormente retornar ao seu lugar de origem.
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e EscritorFone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com.br
Um comentário:
A caridade é realmente uma parte de nós que oscila muito.Existem pessoas que pensam que não são caridosos, que nunca farão feito nenhum partindo dessa perspectiva, mas a realidade é que nós, seres humanos somos extremamente volúveis, que dependemos de determinadas condições, por isso um sentimento ou outro fica sempre mais escondidinho num do que n'outro.
O texto é muito maravilhoso.
Parabéns.
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