Arte: Orlandeli |
O casal quer encontrar-se em todos os momentos livres.
Estar junto é o que importa.
Porém, os amigos antigos começam a cobrar sua presença.
“Esqueceu dos amigos? Não gosta mais da gente?”
Manutenção da amizade
Manutenção da amizade
O professor e psicoterapeuta Renato Dias Martino não acredita que uma amizade saudável possa ser destruída por um terceiro, no máximo um afastamento temporário. “De maneira contrária, é um bom sinal de que nunca foi realmente amizade”, diz. Na realidade, é interessante que cada um perceba a qualidade do vínculo que mantém e escolher como mantê-los, seja com amigos ou com amores. “Muito perigosa é a relação onde um decide com quem o outro deve se relacionar”, afirma Martino.
No entanto, mulheres podem manter amizade com amigos. E homens podem continuar o vínculo com amigas sem que isso interfira no relacionamento. E isso só é possível quando existe a capacidade de percepção e manutenção de certo limite que guarda e protege as relações, e para isso, responsabilizar-se por si mesmo é imprescindível. “Aquele que não é capaz de estabelecer certo limite, nunca perceberá a qualidade das relações, e assim uma relação acaba por ameaçar a outra, pois nunca se sabe muito bem até onde vão”, diz Martino.
Entrevista na integra
Francine Moreno - Porque um novo relacionamento pode influenciar nas amizades existentes antes da formação do casal?
Prof. Renato Dias Martino - Quando um casal está apaixonado, cria-se sempre certa fantasia de completude na dupla, onde o resto do mundo fica de certa forma, desvalorizado. Na medida em que o casal vai criando maior confiança à paixão vai dando lugar ao amor e esse quadro tende a amenizar. Contudo, muitas vezes quando um casal se une, pode ter a chance de construir um novo modelo de vínculo, onde elementos como respeito e amor estejam mais presentes e frequentes e assim acaba-se por questionar as outras relações, que podem não apresentarem essas qualidades. Isso é muito claro no inicio de uma psicoterapia, que também é um novo relacionamento.
Francine Moreno - Muitas amizades terminam à pedido do novo parceiro (a). Até que ponto isso é positivo ou negativo?
Prof. Renato Dias Martino - Não acredito que uma amizade saudável possa ser destruída por um terceiro, no máximo um afastamento temporário, de maneira contraria é um bom sinal de que nunca foi realmente amizade. Na realidade, seria muito interessante que cada um pudesse perceber a qualidade do vínculo que mantém e escolher como manter-los, seja com amigos ou com amores. Muito perigosa é a relação onde um decide com quem o outro deve se relacionar.
Francine Moreno - Isso quer dizer que há insegurança na relação? O que mais representa esse tipo de pedido?
Prof. Renato Dias Martino - São infinitas as ocorrências e inúmeras às experiências de insegurança que se pode viver num relacionamento. Não obstante, num vínculo saudável, é muito provável que ao perceber algum movimento de vínculo num modelo tóxico com algum “amigo”, o novo parceiro possa sugerir que isso não esteja fazendo bem e assim mostrar que talvez não seja uma boa companhia. O perigo é quando isso se transforma num vínculo de dependência onde um escolhe pelo outro.
Francine Moreno - Porque algumas pessoas aceitam esse tipo de contrato. Ou eu ou seu amigo (a)?
Como fazer o parceiro (a) relevar o pedido e fazer com que não perca amizade? È uma questão de diálogo?
Prof. Renato Dias Martino – Muito provavelmente aceitem, pois já cultivam dentro de si um descrédito à própria capacidade e habilidade de perceber o que pode estar fazendo mal no que concerne à escolher amizades. A saber, isso muito provavelmente, guarda sua origem numa relação familiar onde pais não são capazes de estimar o que os filhos escolhem e na verdade acabam por desvalorizar as opções deles. O dialogo sempre é o melhor caminho, mas me parece que situações crônicas como essa de “ou eu ou seu amigo (a)” já revelam a ineficácia do dialogo. Já que grande parte de um vínculo doente, inclui muito menos a palavra, e muito mais a criação de certo ambiente emocional silencioso de dependência.
Francine Moreno - E quando há dialogo e a proposta de deixar a amizade permanece. Esse comportamento já dá detalhes de como será a relação?
Prof. Renato Dias Martino - Perceba que é justamente o que proponho na questão anterior, ou seja, o que acontece com relações doentes. A palavra não tem qualquer efeito, pois ambas as parte consentem no vínculo de dependência, de forma muitas vezes inconsciente, logo incapazes de serem discutidas conscientemente, onde o “eu” (cada um) responsabiliza-se por si mesmo. São resquícios de experiências emocionais pré-verbais onde não se podia contar com a expressão falada.
Francine Moreno - Como mulheres podem manter amizade com amigos. E homens podem continuar o vínculo com amigas sem que isso interfira no relacionamento?
Prof. Renato Dias Martino – Isso só é possível quando existe a capacidade de percepção e manutenção de certo limite que guardam e protegem as relações, e pra isso responsabilizar-se por si mesmo é imprescindível. Aquele que não é capaz de estabelecer certo limite, nunca perceberá a qualidade das relações e assim uma relação acaba por ameaçar a outra, pois nunca se sabe muito bem até onde vão.
Francine Moreno - A protagonista do seriado "Ghost Whisperer" disse certa vez ao marido que o problema não era o amigo, mas no que o parceiro que transformava quando estava com ele. E realmente isso acontece diariamente. Porque algumas pessoas se modificam quando estão com o amigo (a)?
Prof. Renato Dias Martino - Talvez, por um despreparo na capacidade de se manter integro. Possivelmente ele se sente limitado em ser realmente quem é quando no ambiente do casal. Ao encontrar com o amigo sente-se seguro para revelar a parte que é reprimida na companhia dela.
Francine Moreno - É possível ser feliz só com amigos ou só com o parceiro (a)? Como encontrar o equilíbrio perfeito?
Prof. Renato Dias Martino - Quando podemos reunir os dois e criarmos certo vínculo onde compreenda sermos também amigos daquele que escolhemos como parceiros, muito provavelmente diminuiremos as amizades externas, mantendo apenas as mais próximas e escolhendo um modelo menos achegado para a maioria. Assim, se pode criar um ambiente menos perigoso para se viver aquilo que está na ordem das experiências de afeto e das emoções.
Linck para a matéria na integra: http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Comportamento/8955,,Entre+o+amor+e+a+amizade.aspx
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Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodmartino@ig.com.br
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/
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