DIFERENÇA
Me
parece que não existe nenhum outro animal na natureza que seja tão diferente um
do outro como o ser humano. O ser humano é completamente diferente do outro.
Por mais que ele seja gêmeo univitelino, ele vai se tornando, conforme ele vai
se desenvolvendo, diferente do outro. Não somos iguais. Ninguém é igual e por
conta disso precisamos respeitar as diferenças. O amor pressupõe a diferença.
Se você ama o igual isso não é amor. O amor é amar o diferente.
INCAPACIDADE
Você
se sentir magoado, você se sentir ressentido, ou decepcionado, por conta de uma
incapacidade do outro é uma grande incoerência. Ele não foi capaz! Como é que
você vai se sentir magoado por conta de uma incapacidade do outro. Pega esta
prateleira de 200 kg e leva para o outro canto da sala e você diz: "Não!
Eu não sou capaz disso" e aí, você fica bravo com ele. Nós estamos falando
de capacidade. O sujeito não deu conta e quando me magoou com aquilo que o
sujeito não deu conta, sou eu que estou expondo a minha incapacidade de
reconhecer a realidade.
EXPECTATIVA
Quando
eu estou do lado de alguém que é incapaz daquilo que eu tenho expectativa, a
única intervenção que eu posso fazer é meu afastamento. Ou eu aprendo a tolerar
esta incapacidade do outro para continuar convivendo com ele, ou eu me afasto.
Continuar ali é promover um conflito promover uma possível hostilidade.
ACEITAR
Aceitar
é uma palavra extremamente perigosa dentro das formulações psicanalíticas. Um
sujeito que é consciente da sua ignorância, ele pode respeitar esta ignorância
e passar a ser um grande aprendiz, aprendendo com cada experiência, ou ele pode
aceitar essa ignorância e passar a ser um grande ignorante crônico. Aceitar é
uma condição daquele que se conformou com aquilo, mas respeitar é a condição
daquele que abre o vértice para a expansão.
BUSCA
O
sujeito integrado não precisa buscar nada. O sujeito que esteja num acordo
consigo mesmo e num acordo com a realidade, ele não carece de buscar nada, de
procurar nada, porque tudo será desvelado à sua frente. A verdade está aí,
debaixo do nariz de cada um. O que a gente precisa é tirar o Véu de Maya, é
desobstruir a nossa capacidade de reconhecimento desta realidade, desta verdade
que ela estará ali, sem que a gente precise buscar, sem que a gente precise
procurar nada. O que é necessário, na realidade, é desobstruir-se para
reconhecer, aprender a respeitar e se responsabilizar pela realidade.
ANÁLISE
DO AUSENTE
Quando
eu falo de alguma outra pessoa, eu estou falando, na realidade, de mim. Quando
um paciente traz características que lhe incomodam na mãe, no marido, ou seja,
lá de quem for, ele está falando dele em relação a esta pessoa e é justamente
isso que eu tenho que tratar com ele, porque eu não posso tratar dessa pessoa.
Essa pessoa não está ali. Muitas vezes, essa pessoa até já morreu. Como é que
eu posso tratar do funcionamento dessa pessoa que não está presente? A
psicanálise não pode se prestar a tratar de qualquer pessoa que não esteja
presente com o analista. O sujeito que se presta a usar a psicanálise para
cuidar de alguma coisa que não está presente e disponível a psicanálise ele
está presente e disponível à psicanálise, ele está equivocado.
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