OLHAR
PARA TRÁS
Olhar
para trás é sempre prejudicial. Na melhor das hipóteses é inútil, porque aquilo
que você guardou, aquilo que você registrou na sua memória não foi o que
aconteceu, foi o que você conseguiu registrar do que aconteceu. Então, quando
você traz isso de volta, você está trazendo o seu ponto de vista, o seu vértice
do que aconteceu. Tudo aquilo do passado que é importante que você reconheça
hoje virá até você. Você não vai precisar olhar para trás para buscar. Então,
essa é a diferença de resgatar da memória e viver uma recordação. A recordação
vem. Você não precisa buscar. Ela vai aparecer à sua frente e você não vai
precisar virar para olhar para trás.
TROPEÇAR
O
sujeito que muito olha para trás, ele tropeça no caminho daqui para frente. Não
você não aprende com o que aconteceu lá atrás, você aprende sendo capaz de
reconhecer a sua ignorância frente à realidade e se colocar como um eterno
aprendiz de cada experiência que você viver. Não tem a ver com o que passou. O
que passou não tem nada a ver com o que você vai viver daqui para frente, nem
com o que você está vivendo agora. Quando o Bion nos orienta a nos desapegarmos
dos dados armazenados na memória ele está falando justamente disso
SOBRE
O PASSADO
O
sujeito, quando ele está apegado ao passado, ele também tem um benefício,
porque ele acredita saber sobre aquilo. Então, ele tem uma certa onisciência
sobre aquilo. Ele acredita saber sobre aquilo, mas quando o sujeito vem para o
presente, acabou toda essa onisciência, porque ninguém sabe sobre o presente. O
presente você pode viver, mas você não sabe. Você só passa a saber quando este
presente for passado, aí você sabe sobre ele, ou pelo menos acredita saber
sobre ele, porque, na verdade, o que você sabe sobre ele é simplesmente um
fragmento que você registrou e não foi o todo da experiência. Então, traz essa
sensação de onisciência, mas viver o presente traz uma insegurança terrível.
PASSADO
E PRESENTE
O
fator fundamental que faz o sujeito ficar apegado ao passado é a
impossibilidade de viver um presente saudável, de viver experiências no
presente que sejam realmente bem-sucedidas. Quando ele vive uma experiência
bem-sucedida no presente, o passado fica para trás. O sujeito que está apegado
ao passado é porque o presente dele está insuportável.
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