quinta-feira, 26 de junho de 2025

RESPEITO PELO PRESENTE - Prof. Renato Dias Martino


OLHAR PARA TRÁS

 

Olhar para trás é sempre prejudicial. Na melhor das hipóteses é inútil, porque aquilo que você guardou, aquilo que você registrou na sua memória não foi o que aconteceu, foi o que você conseguiu registrar do que aconteceu. Então, quando você traz isso de volta, você está trazendo o seu ponto de vista, o seu vértice do que aconteceu. Tudo aquilo do passado que é importante que você reconheça hoje virá até você. Você não vai precisar olhar para trás para buscar. Então, essa é a diferença de resgatar da memória e viver uma recordação. A recordação vem. Você não precisa buscar. Ela vai aparecer à sua frente e você não vai precisar virar para olhar para trás.

 

TROPEÇAR

 

O sujeito que muito olha para trás, ele tropeça no caminho daqui para frente. Não você não aprende com o que aconteceu lá atrás, você aprende sendo capaz de reconhecer a sua ignorância frente à realidade e se colocar como um eterno aprendiz de cada experiência que você viver. Não tem a ver com o que passou. O que passou não tem nada a ver com o que você vai viver daqui para frente, nem com o que você está vivendo agora. Quando o Bion nos orienta a nos desapegarmos dos dados armazenados na memória ele está falando justamente disso

 

SOBRE O PASSADO

 

O sujeito, quando ele está apegado ao passado, ele também tem um benefício, porque ele acredita saber sobre aquilo. Então, ele tem uma certa onisciência sobre aquilo. Ele acredita saber sobre aquilo, mas quando o sujeito vem para o presente, acabou toda essa onisciência, porque ninguém sabe sobre o presente. O presente você pode viver, mas você não sabe. Você só passa a saber quando este presente for passado, aí você sabe sobre ele, ou pelo menos acredita saber sobre ele, porque, na verdade, o que você sabe sobre ele é simplesmente um fragmento que você registrou e não foi o todo da experiência. Então, traz essa sensação de onisciência, mas viver o presente traz uma insegurança terrível.

 

PASSADO E PRESENTE

 

O fator fundamental que faz o sujeito ficar apegado ao passado é a impossibilidade de viver um presente saudável, de viver experiências no presente que sejam realmente bem-sucedidas. Quando ele vive uma experiência bem-sucedida no presente, o passado fica para trás. O sujeito que está apegado ao passado é porque o presente dele está insuportável.

 


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