quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
3° parte da entrevista Luciano Alvarenga ao Prof. Renato Dias Martino.
3. Luciano Alvarenga- "Do ponto de vista da psicanálise como está sendo visto a questão gay".
Prof. Renato Dias Martino - Essa questão é extremamente delicada e que se deve cuidar com certa cautela. A idéia psicanalítica para o homossexualismo é de uma escolha narcisista de objeto sexual.
Algo deve ter ocorrido na primeira infância para deslocar o objeto sexual que estaria no outro, para si mesmo. Agora a escolha é de um "outro", mas com a condição que esse outro seja igual a si mesmo. O corpo que ele deseja é um espelho do seu.
No texto "Sobre o narcisismo, uma introdução" de 1914, Freud sugere um modelo interessante. Ele coloca que na impossibilidade do reconhecimento do desejo do outro, o sujeito deve desejar a si mesmo. Assim, quando buscar seu objeto de prazer, desejará apenas aquele que for igual (homo). O outro só poderá satisfazer seu prazer dessa forma.
Para que haja o desencadeador da escolha hétero, deve haver um corte na relação entre mãe e filho (função paterna). A presença do pai fará esse corte na relação, se responsabilizando pelo rompimento de alguns elementos da relação entre mãe e filho. Só dessa forma o sujeito se vê desimpedido para fazer suas escolhas sexuais adequadas. Poderíamos dizer que a criança deve reconhecer que foi desejado pela mamãe, mas que ela é do papai.
Freud chamava essa dolorida, mas necessária posição de terceiro excluído. A criança deve suportar ser o terceiro excluído na relação pai, mãe e filho. Caso contrario, buscará sempre um espelho que na realidade deveria ter vivido na sua tenra infância. Justamente com a mãe, contudo podendo contar com o pai para salva-lo desse paraíso escravizador que é o vínculo simbiótico com a mãe. Um modelo de vínculo que se permanecer sem mudanças, pode limitar severamente a escolha sexual. Quando procurar alguém agora, irá procurar alguém como aquele que ansiava que sua mãe desejasse, e isso coincide com ele mesmo. É como se dissesse: "Escolho agora o que eu desejava que minha mãe escolhesse, eu".
Entretanto, o homossexualismo é um fato e como nunca foi diferente nas culturas, está presente também na nossa sociedade contemporânea. Na realidade assumir a escolha homossexual é antes de tudo um recurso para continuar funcionando bem, mentalmente e continuar amando. É a busca de maneiras de se conseguir amar.
A ideia começa a ficar preocupante quando falamos de uma classe especial de homossexuais, os reprimidos. Aqueles que não podem conter em si mesmos, impulsos dessa espécie. E passam a odiar tudo que se parece com isso. Isso por odiar o homossexualismo que não encontra lugar em sua própria personalidade. Projeta isso que é seu, no outro e age com hostilidade para com ele. Como temos visto nos noticiários sobre agressão homofóbica.
Prof. Renato Dias Martino
São José do Rio Preto, SP, Brazil
tenho me dedicado à pratica clínica da psicanálise desde 2003 onde conclui graduação em Psicologia na UNORP -- S. J. Rio Preto/SP. No exercício desse trabalho clínico, tenho a abordagem psicanalítica na corrente de Freud, Klein, Winnicott e Bion, como principal instrumento, conduzindo esse pensamento através de constante estudo. Ministro aulas de teoria psicanalítica e desenvolvimento da personalidade na UNILAGO em Rio Preto e coordeno grupos de estudo na introdução à psicanálise. Mantenho um blog, onde se encontram disponíveis os materiais em forma de textos dedicados a reflexão. http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/ Além da dedicação ao estudo e a pratica da psicanálise, tenho atuado na área das artes, na musica onde trabalho a mais de 20 anos tanto na pratica quanto no ensino da musica. http://dmartinorb.blogspot.com/ renatodiasmartino@hotmail.com Twitter: @renatodmartino
Produção de audio - Leandro (UNILAGO)
Produção de video Desirèe Leonel D´Martino
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário