Na tentativa de examinar atentamente o que chamamos de ‘pensar’, estaremos cogitando sobre certa capacidade da qual o humano se gaba perante os outros animais. No entanto, esse mesmo humano ainda é muito pouco habilidoso no uso deste recurso mental. Digo isso apoiado no pressuposto de que esse mesmo humano atual que somos nós, ainda faz a maior parte das suas escolhas por motivos dos quais não puderam ser submetidos a um pensamento atido e dedicado. Faz isso por certas necessidades extremamente primárias, onde o pensamento não tem acesso. O humano escolhe sem pensar onde a urgência se pronuncia. Onde a necessidade de satisfação imediata não permite tolerar frustrações, recurso fundamental ao pensar. Num modelo muito primitivo de funcionamento mental é o modo como o ser humano contemporâneo faz suas escolhas. Mesmo assim, tentaremos aqui, fazer o possível para angariarmos o máximo de recursos nessa breve tarefa de pensar o ‘pensar’.
Sigmund Freud (1856-1939) |
Na verdade, quando a percepção feita através dos órgãos dos sentidos indica a necessidade de ação, a capacidade de pensar pode adiar essa ânsia. Isso até que se perceba com mais acuidade a realidade. Nesse momento o significado semântico da palavra nos orienta com grande ilustração: avaliaremos pelo pensamento, o peso das ideias para se decidir o que escolher. Essa é talvez a primeira das funções do pensamento, ou a mais básica delas. A partir da capacidade em adiar ações inicia-se então, uma serie de expansões na perspectiva dos processos mentais.
Ora, a psicanálise nos mostrou com muita propriedade que só podemos aceitar no mundo real, aquilo que já existe no mundo interno, ou dentro de nós. Criamos espaço em nossa mente e só depois conheceremos na realidade. A capacidade de reconhecimento do mundo interno é o encontro e o reconhecimento de fantasias, medos, desejos apaixonados, ódios e tudo mais que está em nosso mundo interior. São características do incerto, do informe. Nosso mundo interno nunca é bem definido e sempre pobre de referencias da razão. Por conta disso é um terreno escuro, sombrio e cheio de ameaças. No entanto, só conhecendo nosso eu interior, que podemos distingui-lo do que está fora, o que chamamos realidade. Logo, o estado emocional do ‘eu’ (dentro) tem menor chance de se abalar na situação de ambiente emocionalmente danoso (fora), isso se estiver dedicando-se a um reconhecimento do si mesmo. O pensamento é por assim dizer, a capacitação do ‘eu’ (compreendendo o mundo interno) na ligação afetiva com o mundo (externo).
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodmartino@ig.com.br
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/
5 comentários:
Excelente a mudança no blog, mais em sintonia com você e sua capacidade de ajudar-mudar as pessoas para que elas sejam o que nasceram para ser. Abraço, Luciano
Você quer dizer que só existimos na relação com o outro? É isso?
Gostei das idéias..
Pretendo seguir e conhecê-lo mais.
Muito obrigado meu querido Luciano!
As mudanças ocorreram por sua sugestão, meu querido amigo!
Abraço carinhoso!
Penso que sim, querida Jacqueline!
Muito obrigado por comentar.
Um beijão!
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