A primeira ocorre quando existe algum perigo real e Sigmund Freud (1856-1939) nomeia, em sua TEORIA GERAL DAS NEUROSES de 1917, essa ordem de ansiedade como sendo “ansiedade realística”. Quando for assim, a mente se mobiliza frente essa ameaça e a ansiedade é uma preparação para a ação quanto a esse perigo. Por outro lado, é possível que a ansiedade seja de origem ilusória, no que Freud denomina “ansiedade neurótica”, dessa forma, é quando o medo manifestado não tem uma causa na realidade presente, mas é fruto de experiências emocionais anteriores e malsucedidas.
Sendo de uma origem ou de outra, quando falamos de ansiedade, não tratamos de uma doença. Ela é o indicativo de um perigo, como mencionado anteriormente, sendo de natureza real ou fantasiosa. Desenvolver tolerância à ansiedade é fator fundamental para o bom funcionamento mental. Isso propicia a possibilidade de avaliação de sua origem e dimensão real do perigo.
A compulsão, por sua vez é um desdobramento da ansiedade, quando se elege um elemento substitutivo para tentar dar conta daquilo que o sujeito não tem consciência. Assim como no plano físico, a elevação da temperatura do corpo indica uma inflamação, a ansiedade é um aviso de que algo precisa ser avaliado para que assim possa ser tratada sua causa adequadamente.
Com isso, abre-se um grande risco no uso das medicações já que a ansiedade se configura num sintoma e não na causa. Com a introdução de ansiolíticos diminuem-se os sintomas, logo, a causa pode ficar oculta, dificultando assim o tratamento adequado. Antes de tentativas de introduzir a administração de drogas, deve receber seu primeiro olhar num processo psicoterapêutico. Quando for possível se contar com um ambiente emocionalmente saudável, que possa acolher essa ansiedade, abrir-se-á a possibilidade de se reconhecer a real causa.
Ainda assim, a pressão gerada pelas exigências sociais é fator frequente na origem e agravamento das ansiedades.
Um ambiente social exigente, somado às cobranças internas de um sujeito que esteja desintegrado em sua personalidade e com dificuldades em confiar em si mesmo, configura-se num fator fundamental na formação das patologias que serão manifestadas essencialmente por angustias e ansiedades. “Angústias e ansiedades são o resultado do desconforto gerado pela introdução dos conceitos de espaço e tempo no funcionamento inconsciente, dimensão psíquica que não tolera essa lógica. O inconsciente não suporta noções limitadoras como as de tempo/espaço, que propõem limites e com isso frustrações.”.(Martino, 2015)
Toda a configuração da vida em sociedade tem uma grande cota de pressão geradora de ansiedade. O sistema de normas sociais é estruturado através de exigências. Desde as profissionais, com critérios de horários e obrigações a serem cumpridas, até os fatores pertinentes aos relacionamentos interpessoais, repletos de preconceitos, inveja e intolerância, características comuns nos grupos de humanos.
Mas, antes de tudo, a ansiedade é inerente ao funcionamento mental. Sendo assim, não sentir ansiedade é impossível, principalmente vivendo em grandes grupos como na configuração social. Se estivermos tratando da ansiedade gerada pela vida tumultuada das cidades, aplacá-la só pode ser possível se afastando dessa configuração ambiental. Não acredito em métodos que prometam apaziguar ansiedades enquanto se permaneça sendo ameaçado e submetido a exigências. A não ser que se esteja dopado. Conforme a maturidade emocional se desenvolve o sujeito pode aprender a lidar cada vez melhor com suas ansiedades, no entanto isso implica em se afastar de ameaças e exigências, quando não fisicamente, pelo menos emocionalmente.
O ser humano não é um animal que se agrupa naturalmente e Freud deixou isso muito claro no capítulo nono de sua obra PSICOLOGIA DE GRUPO E A ANÁLISE DO EGO que fala sobre a ausência de um instinto gregário, ou seja, um elemento inato no humano, que nos levaria a naturalmente agrupar-nos. Freud levanta essa questão onde propõe que o medo da criança quando fica sozinha relaciona-se à presença unicamente da mãe da criança e, apenas posteriormente, de outras pessoas próximas e muito bem conhecidas da familiar. O medo da criança, que se vê está sozinha, não pode ser acalma do por um estranho, como nos animais gregários, mas, na realidade se intensifica.
“Assim, durante longo tempo nada na natureza de um instinto gregário ou sentimento de grupo pode ser observado nas crianças.”. (Freud, 1921). Portanto, não temos um instinto gregário como é próprio de outros animais, como algumas espécies de aves, caprinos, bovinos e outros. Assim como os primatas mais desenvolvidos (que somos), somos animais de horda, onde o grupo natural se restringe à família. Nós nos agrupamos para além do núcleo familiar por conveniência, não por nossa natureza. Por conta disso, quando inseridos em grandes grupos dificilmente não estaremos ansiosos de alguma forma, ou em alguma medida.
Freud. S. (1917). TEORIA GERAL DAS NEUROSES. Ed. Imago. Rio de Janeiro.
_______ . (1921). PSICOLOGIA DE GRUPO E A ANÁLISE DO EGO. Ed. Imago. Rio de Janeiro.
Martino, R. D. O LIVRO DO DESAPEGO - 1. ed. - São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2015.
Fone: 17- 991910375
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