quinta-feira, 4 de abril de 2024

BENEFÍCIO NO SINTOMA - Prof. Renato Dias Martino


O sujeito que tem uma dificuldade no funcionamento emocional afetivo, o sujeito que muitas vezes busca psicoterapia, manifesta um problema, ele manifesta um sintoma neurótico, ou um sintoma muitas vezes até psicótico, que na verdade, é alimentado pelas pessoas que convivem com ele. As pessoas têm um interesse que ele continue funcionando daquela forma e a memória é um elemento presente nisso que eu estou dizendo. Muitas vezes, o sujeito não consegue permitir a transformação dele próprio, porque as pessoas esperam que ele continue sendo a mesma pessoa e não permitem que ele se transforme. Cada característica que ele apresenta de transformação de si mesmo é seguido por uma reprovação do outro. E aí, ele começa a ficar com medo dessa transformação e muitas vezes obstrui essa transformação de acontecer.

GANHO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

Os benefícios de uma neurose, ou os benefícios de uma psicose não são só do sujeito que apresenta aquelas características, mas também são das pessoas que convivem com ele. Cada sintoma que o sujeito apresenta, não é só um malefício, mas tem por trás um benefício. E na verdade, não só um, mas vários. O próprio Freud falou do benefício primário que é a vazão da pulsão que estava ali reprimida e o benefício secundário que passar a ser visto pelo outro por conta daquele sintoma.

BENEFÍCIO DO OUTRO

Como o sujeito se sente saudável quando ele convive com alguém supostamente doente emocionalmente! Então, ele se sente o saudável e fala assim: “Esse daí tem problema.” “Esse aí precisa de terapia.” “Eu sou o saudável, eu não preciso.” Conviver com alguém, atribuindo a ele um problema psicológico é extremamente conveniente para aquele que não é capaz de se responsabilizar pelos seus problemas.

CORAGEM DO MAIS SAUDÁVEL 

A maioria das pessoas que procuram psicoterapia, são justamente as pessoas mais saudáveis da casa, da família. São justamente essas pessoas que tiveram a coragem de buscar ajuda, enquanto os outros estão extremamente implicados em seus sintomas e muito bem articulados com eles.

CHANTAGEM EMOCIONAL  

Uma pessoa fica o tempo todo condenando a outra por algo que aconteceu no ano passado, há cinco anos atrás, há dez anos atrás. Ela passa uma vida justificando a sua incapacidade de estabelecer um vínculo saudável com essa pessoa, por algo que aconteceu há muito tempo atrás e fica ali torturando, incitando remorso nessa pessoa, para conseguir um benefício com isso. Sendo que hoje aquilo já não existe mais. O sujeito que não está sendo capaz de amar pode encontrar na culpa um elemento que garanta que ele não vai ser abandonado. Ele não conseguia que o outro se dedicasse a ele pelo amor e agora, a partir de um evento que ele pode condenar o outro e incitar o remorso, ele começa a conseguir que o outro faça as coisas para ele.


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