Apostar toda felicidade em qualquer coisa que seja, pode ser algo perigoso, sobre tudo quando nunca se conseguiu arranjar felicidade de outra maneira. É muito perigoso depositar todas as expectativas em algo que, como tudo na vida, não tem garantias de que vingará. O casamento é bom exemplo daquilo que pode ser uma fonte de felicidade quando faz parte de uma construção desse estado de espírito. Estado de espírito do qual, se torna questionável em sua existência de outra forma que não seja por períodos breves da vida. Nada que é real pode trazer certa fonte inesgotável de felicidade. Uma união feliz só se dá entre pessoas que criam situações felizes, ou atividades que possam trazer a felicidade.
A contra ponto, temos aquele que busca a felicidade através da solidão. Quando o poeta colocou, “fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”, Tom Jobim (1927 - 1994) foi corajoso em Wave, ao proferir tal afirmação, pois comprou uma grande antipatia daquele que optou pela solidão, contudo de fato dificilmente se pode ser feliz sozinho. Na realidade não se pode existir sozinho. Sempre se tem alguém, por mais superficial que possa ser a relação. Acatar a decisão que se possa tomar em não se empenhar na busca por um companheiro é uma questão de respeito à capacidade que se pode ter em se vincular afetivamente ao outro, contudo, pensemos nas possibilidades que uma pessoa possa ter de realmente sentir-se feliz sem alguém com quem possa dividir sua própria alegria.
Pensemos então em que tipo de experiência levaria alguém à decisão de se viver sozinho e nunca mais se interessar por encontrar alguém para conviver. Em prol da saúde mental é bom que se cultivem momentos de solidão, na mesma medida, a prática da comunhão é um exercício da alma que nos faz evoluir como humanos e expandir nosso pensamento. Agora, aquele que só sente-se feliz sozinho e sempre se sente triste acompanhado está incluso numa caracterização de personalidade que guarda o narcisismo como principio. Na teoria psicanalítica, o principio do conceito de consciência para Sigmund Freud (1856-1930) diz respeito justamente aos elementos constitutivos do eu, que podem ser comunicáveis ao outro. Logo, se não se é capaz de comungar minha “felicidade” com o outro, dificilmente poderei acreditar que ela existe realmente.
Parece-me que felicidade e durabilidade são dois conceitos que vivem sempre se desencontrando. Penso que se existe algo que merece ser chamado de felicidade, talvez seja um conceito que defina um estado de espírito extremamente incerto. Para Dalai-Lama a felicidade é sempre o resultado da atividade criativa (1999). Assim, a felicidade é uma criação humana. Não existirá se não criarmos. A felicidade é filha da criatividade, sem uma a outra nunca será gerada e dificilmente permanecerá. Não podemos ser felizes com a criatividade do outro, aliás, não se pode “ser” feliz, podemos sim, nos encontrarmos no “estado” de felicidade. Felicidade me parece àquela frase que vem escrita no cartão de crédito, “individual e intransferível.” É possível que você seja capaz de ajudar o outro a encontrar a felicidade dele, contudo, não será necessariamente a sua. Muitas vezes tua felicidade pode até estar muito próxima da tristeza do outro.
Parece-me que a felicidade é como um gato que, por mais que você agrade, ele sempre acaba te arranhando. Fofinho, peludo, mas fugaz, escapa fácil. A única forma de se obter alguma certeza é castrando. Ah! Ai o bicho fica gordo e manso, no entanto, castrar, e ser feliz são coisas tão incongruentes.
Pensemos então em que tipo de experiência levaria alguém à decisão de se viver sozinho e nunca mais se interessar por encontrar alguém para conviver. Em prol da saúde mental é bom que se cultivem momentos de solidão, na mesma medida, a prática da comunhão é um exercício da alma que nos faz evoluir como humanos e expandir nosso pensamento. Agora, aquele que só sente-se feliz sozinho e sempre se sente triste acompanhado está incluso numa caracterização de personalidade que guarda o narcisismo como principio. Na teoria psicanalítica, o principio do conceito de consciência para Sigmund Freud (1856-1930) diz respeito justamente aos elementos constitutivos do eu, que podem ser comunicáveis ao outro. Logo, se não se é capaz de comungar minha “felicidade” com o outro, dificilmente poderei acreditar que ela existe realmente.
Parece-me que felicidade e durabilidade são dois conceitos que vivem sempre se desencontrando. Penso que se existe algo que merece ser chamado de felicidade, talvez seja um conceito que defina um estado de espírito extremamente incerto. Para Dalai-Lama a felicidade é sempre o resultado da atividade criativa (1999). Assim, a felicidade é uma criação humana. Não existirá se não criarmos. A felicidade é filha da criatividade, sem uma a outra nunca será gerada e dificilmente permanecerá. Não podemos ser felizes com a criatividade do outro, aliás, não se pode “ser” feliz, podemos sim, nos encontrarmos no “estado” de felicidade. Felicidade me parece àquela frase que vem escrita no cartão de crédito, “individual e intransferível.” É possível que você seja capaz de ajudar o outro a encontrar a felicidade dele, contudo, não será necessariamente a sua. Muitas vezes tua felicidade pode até estar muito próxima da tristeza do outro.
Parece-me que a felicidade é como um gato que, por mais que você agrade, ele sempre acaba te arranhando. Fofinho, peludo, mas fugaz, escapa fácil. A única forma de se obter alguma certeza é castrando. Ah! Ai o bicho fica gordo e manso, no entanto, castrar, e ser feliz são coisas tão incongruentes.
Quero dizer que, se a proposta é vivermos na realidade, devemos admitir em nossas vidas certa dose de felicidade, assim como a mesma porção de tristezas. Apesar de o povo brasileiro ter uma característica muito marcante no que diz respeito a evitar a tristeza a qualquer custo, haja vista que o ‘carnaval’ inicia no natal e termina na páscoa, isso quando não alcança as festas juninas. O brasileiro sempre da um jeitinho para escapar da tristeza, contudo, escapar não é acabar com ela.
Brincadeiras a parte, é fundamental para o bom funcionamento mental, admitirmos períodos de tristezas, até para que se possa posteriormente, viver momentos felizes. A felicidade e a tristeza encontrar-se internos em nós e buscam encontrar representantes externos. Se nos sentimos tristes, nos identificamos com pessoas e coisas tristes e o contrario também é verdade, ou seja, alguém feliz se identificará com pessoas e coisas felizes e por elas se atrairá.
A capacidade de pensar é justamente o fator fundamental na definição do equilíbrio emocional. Na medida em que se é capaz de pensar de uma maneira afetiva nosso vínculo com o mundo e com o outro, é que nos tornamos senhores de nosso destino. Responsabilizando-nos por nossa própria tristeza e retirando da mão do outro a tarefa de nos fazer feliz. Tentando tolerar as tristezas, ou intemperanças do outro em prol da união. Respeitando a necessidade de cada um em ficar algum tempo sozinho.
A capacidade de pensar é justamente o fator fundamental na definição do equilíbrio emocional. Na medida em que se é capaz de pensar de uma maneira afetiva nosso vínculo com o mundo e com o outro, é que nos tornamos senhores de nosso destino. Responsabilizando-nos por nossa própria tristeza e retirando da mão do outro a tarefa de nos fazer feliz. Tentando tolerar as tristezas, ou intemperanças do outro em prol da união. Respeitando a necessidade de cada um em ficar algum tempo sozinho.
Daí por diante o ambiente se forma para propor a si mesmo um modo feliz de viver, ou seja, uma vida onde exista espaço para momentos felizes que serão assim valorizados e cultivados.
Capítulodo livro: MARTINO, Renato Dias. Para Além da Clínica - 1. ed. São José do RioPreto, São Paulo: Editora Inteligência 3, 2011.
Fone: 17- 991910375
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2 comentários:
Martino
Penso que a felicidade não é coisa desse mundo.
Ao mesmo tempo em que acredito que seja uma coisa simples ao mesmo tempo não é fácil cultivá-la.
Da mesma forma que vamos aprendendo a viver a vida vivendo, aprendemos que nem sempre o que desejamos nos fará feliz.
Como você diz: “Nada que é real pode trazer certa fonte inesgotável de felicidade.”
Não dá pra se conceber algo como objeto de felicidade. A felicidade não está em outro lugar que não seja em nós mesmos e sem que se compartilhe com o outro, essa felicidade parecerá alienada, fantasiosa, ilusória, narcísica.
Sinto que existe um caminho do meio nessa história.
Embora queiram nos fazer acreditar, vê-se pelas novelas principalmente, que tudo é felicidade quando as pessoas se casam, tem filhos e/ou ficam ricas.
Nessa relatividade da felicidade que aspiramos, confundimos também com as nossas alegrias, como se fosse possível ficarmos permanentemente alegres.
Vive-se intensamente para evitar a tristeza. A vida fica tão agitada que não se tem tempo pra pensar em tristeza. A agitação provoca estímulos fortes com reações fortes e assim se perde a sensibilidade, porque as paixões dopam. Se a mente é sensível não precisa de agitação.
Mais uma vez lhe cito: “é fundamental para o bom funcionamento mental, admitirmos períodos de tristezas, até para que se possa posteriormente, viver momentos felizes. A felicidade e a tristeza encontrar-se internos em nós e buscam encontrar representantes externos.”
Acho uma grande aventura em um campo imenso de possibilidades encontrar, compartilhar a vida com uma outra pessoa, e ser livre. Já que tudo está o tempo todo em processo de mudança e nada é permanente.
Adorei seu texto.
Olá Renato.
Parabéns pelo Blog, excelentes matérias e informações.
Quando puder, visite o meu Blog também.
Bom trabalho colega.
Abraço.
Mara Alcaine.
Email: alcaine@alcaine.com.br
Blog: http://www.alcaine.com.br/wordpress/
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