Não me parece radicalismo ou loucura, propor que não estamos numa época que poderíamos chamar de “valorização da palavra”. Ao contrario, penso eu, que preocupados com a simplicidade da palavra, nem cheguemos até ela. Esse instrumento chamado palavra é talvez a forma mais breve de definição do objeto. Onde no formato de símbolo básico, a ‘coisa’ vira um nome. A partir daí abrem-se oportunidades de expansão da palavra em direção a conceituação. O conceito apura a relação com aquilo que se quer dizer através da palavra. Traz mais dados sobre isso que se deseja expressar com a palavra. Mas, para se chegar ao conceito deve-se ter passado pela palavra. Um dia, cada conceito que utilizamos hoje em nossas vidas, foi uma simples palavra. Entretanto, se a evolução da ideia para por ai, algo curioso acontece.
Se até aqui, estamos de acordo e se realmente podes dizer que a palavra é uma ponte entre a ‘coisa’ e o conceito, então experimentamos nessa etapa do caminho, algo em formato de preconceito. Aquilo que antecede a formação conceitual. Logo, a incapacidade de atravessar essa ponte é o que gera o preconceito rígido e intransponível. Sabe-se muito pouco da ‘coisa’ e já se impõem como verdade absoluta, o que se imagina saber.
Apesar disso, pensando no desenvolvimento da ideia, a partir do conceito podemos expandir o pensamento e experimentarmos a intuição. A partir da capacidade de intuir, ai sim a palavra começa a ser dispensável. Como se já houvesse contribuído o suficiente ela pode ser abandonada, isso na presença da intuição. Vamos desvalorizar juntos a palavra, más depois de estarmos seguros do que ela quis dizer.
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Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
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