Gisele Bortoleto
Reagir de forma intempestiva a situações que não mereceriam tanto desgaste de energia faz mal à saúde. Aprenda a ter equilíbrio e resiliência para não fazer tanto barulho por nada.
(Matéria de Gisele Bortoleto, publicada na Revista Bem-Estar de 08 de maio de 2011.)
Atire a primeira pedra quem de nós, em determinados dias, não se desgasta inutilmente por coisas que, quando são melhor avaliadas, percebemos que não mereciam muita atenção. Tantas vezes, desnecessariamente, nos detemos em pequenos tropeços que tentamos transformar em grandes tombos e superdimensionamos pequenos problemas. Se você faz parte do grupo que enxerga qualquer dificuldade como uma crise, está na hora de perceber que tal postura não vai levá-lo a lugar algum. Pelo contrário. Especialistas alertam que é possível aprender com as adversidades e deixar para trás de uma vez por todas, o papel de vítima.
Quem não conhece, no ambiente de trabalho ou dentro da própria família, uma pessoa que acha que o mundo e todos os que nele habitam estão contra ela? Pessoas para as quais qualquer coisa é motivo para um drama do tipo “parece que as pessoas se unem contra mim”, “é uma conspiração”, “você não acredita no que me aconteceu hoje”, e por aí afora. É o tipo de pessoa que só reclama de tudo e não faz nada para mudar esse quadro. Diz que o ar-condicionado é muito gelado no lugar onde senta no escritório, mas não muda a mesa para outro local mais quente; reclama que trabalha todos os fins de semana, mas nunca pede folga. E quanto mais reclama, mais parece que coisas estranhas realmente acontecem e a pessoa vive preocupada “com que o mais de ruim irá acontecer”.
A preocupação, de acordo com o livro “A Paz de Todo Dia” (ed. Brahma Kumaris), é, geralmente, decorrente do desejo de mudar o passado ou de antecipar os eventos futuros que muitas vezes nem chegam a acontecer. Nesse ambiente, a mente fica infectada por ansiedades, que se acumulam e se tornam habituais. “Para relaxar por completo, precisamos antes de tudo silenciar o zumbido da ansiedade e sintonizar a quietude interior, onde a nossa busca pessoal por contentamento possa ser preenchida”, diz o texto.
O escritor norte-americano Richard Carlson diz em seu livro “Não Faça Tempestade em Copo D’Água - Maneiras simples e impedir que coisas insignificantes dominem sua vida” (Ed. Rocco) que, ao lidar com notícias ruins, pessoas difíceis ou pequenos desapontamentos, a maioria de nós desenvolve certos hábitos e maneiras de reagir à vida que não são ideais. “Nossa tendência é reagir violentamente, superdimensionar, nos apegar demais às nossas posições e valorizar apenas os aspectos negativos”, diz. Fazer muito barulho por nada é um modo aprendido e condicionado de reagir às situações.
O professor e psicoterapeuta Renato Dias Martino afirma que, quando propomos uma experiência que possa ser comparada, mesmo que metaforicamente, a uma tempestade num copo d’água, é importante percebermos que isso talvez nos sugira um sujeito que compreenda seu mundo na dimensão de um simples copo d’água. Sobretudo no que diz respeito às suas características como restrito, frágil e inacessível.
“Penso que viver uma experiência dessa ordem nunca é pela escolha, mas pela incapacidade de perceber uma possibilidade de navegar para além desse plano”, explica professor Martino.
Tudo isso indica, segundo ele, que essas pessoas necessitam de certa atenção especial. É um sinal de que se sentem extremamente ameaçadas, muitas vezes com coisas simples e pequenas.
Isso pode ser tanto um sinal de alguém que passa por uma crise séria e que talvez não esteja encontrando recursos eficientes para comunicar esse momento delicado às pessoas do seu convívio (sem a ajuda do outro, dificilmente sairá dessa posição), como também pode ser o indicativo de algo mais sério que possa estar acometendo no nível emocional (e isso pode emergir como uma hipersensibilidade às ameaças internas e externas).
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com
7 comentários:
Bela reportagem. Percebo que você já se tornou referência para muitas pessoas. Jornalistas, pacientes, amigos e até mesmo gente que você nunca viu na vida mas que usa seu blog (textos, frases e pensamentos) como meio de ajuda. Tudo isso mérito seu, que sempre atenciosamente atende quem te procura. Admiro muito você, Renato.
Muito obrigado, querida Natália!
Você também é uma pessoa formidável!
Parabens;
Fantastico!
muito obrigada!
fantastico;
muito grata!!!
Muito obrigado querida Silvia!
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