sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

RESPONSABILIZAÇÃO - Prof. Renato Dias Martino



Quando eu percebo que está se formando um vínculo, eu preciso reconhecer esse vínculo. Como é que eu reconheço esse vínculo? É percebendo se esse vínculo é saudável ou nocivo. Neste reconhecimento, eu vou, ou me aproximar mais, ou me afastar. Depois que eu reconheci, eu preciso passar a respeitar este vínculo. Respeitar, porque me aproximei, ou respeitar porque me afastei. Depois que eu aprendi a respeitar este vínculo, eu preciso passar a me responsabilizar por este vínculo. E aí, quando eu me responsabilizo por este vínculo, começa a se desdobrar em outras experiências nobres. Tanto na aproximação, quanto no distanciamento, eu preciso me responsabilizar. Quando o vínculo é bem-sucedido, e eu me aproximei mais, estreitei este laço, eu começo a criar uma confiança com o outro. Quando eu me afastei, porque eu percebi que este vínculo era nocivo, eu reafirmei a confiança em mim mesmo. Quando eu percebo que está havendo esta relação, está se formando, está se criando um vínculo e eu passo a reconhecer o formato desse vínculo, o teor desse vínculo. Se ele pode ser saudável ou nocivo. Eu não vou decidir me aproximar ou me afastar, eu vou avaliar e tomar uma atitude. Não tem decisão! Se eu decidir me aproximar, mesmo percebendo que é nocivo, eu estou iludido. E aí, essa decisão é um desdobramento da ilusão. Por outro lado, a mesma coisa. Se eu percebo que ali é uma possibilidade de criar um vínculo afetivo saudável e mesmo assim eu me afasto, eu decido me afastar. Também está havendo aí uma ilusão. Porque talvez eu não me sinta merecedor de estar num vínculo saudável. A questão central da responsabilização não passa pelo querer, não passa por eu não quero me responsabilizar. Na realidade, ele nunca teve alguém que foi responsável por ele e hoje ele não consegue se responsabilizar por si mesmo e por nada mais. Uma criança que teve que aprender a se responsabilizar por si mesmo muito cedo, ela não aprendeu a se responsabilizar, ela aprendeu a se virar, ela aprendeu a dar um jeito para continuar vivendo. Porque, a gente só aprende a se responsabilizar por nós mesmos a partir da responsabilização do outro. Quando eu percebo que meus pais se responsabilizaram por mim, eu aprendo a me responsabilizar por mim mesmo e passo a me responsabilizar pelas minhas ações, pelos meus atos. Nunca se responsabilizaram por mim, eu não aprendi a me responsabilizar por mim mesmo e não me responsabilizo por nada. Eu só me importo com aquilo que me é conveniente, que possa me trazer um benefício, que possa me dar uma recompensa. Esta é a máxima da sociedade contemporânea. Quando os pais não permitem que os filhos se desenvolvam e aprendam a se responsabilizar por si mesmo, eles têm um benefício com isso. Eles estão se tornando essa pessoa patologicamente dependente deles e se beneficiando disso. Estão garantindo ali, que não vão ser abandonados. Esses filhos não vão querer sair de perto deles. A fonte não seca e eles não têm que buscar água em qualquer outro lugar e eles com medo de abandono estão garantindo que não serão abandonados.



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