ARMADURA
A vida
profissional do sujeito é como se fosse uma armadura de um guerreiro. E a
aposentadoria é o momento de pendurar a armadura, por assim dizer, deixar de
usar essa armadura que o guerreiro usou por muito tempo. Mas quando ele tira a
armadura, o que fica é o verdadeiro eu. Na medida em que ele pôde nutrir o
verdadeiro eu, a armadura vai ser simplesmente uma armadura. Agora, quando ele
não foi capaz de nutrir o verdadeiro eu, ele pode passar a acreditar que ele é
a armadura. E aí quando vem a aposentadoria, ele não consegue tirar a armadura,
porque se ele tirar a armadura, ele deixa desistir.
NUTRIÇÃO
Na
realidade, essa nutrição do verdadeiro eu, precisa acontecer antes mesmo de
qualquer estruturação da vida profissional. O sujeito, ele precisa ter ali,
muito cedo, na tenra infância a possibilidade de reconhecimento, respeito e
responsabilização pelo verdadeiro eu, para que quando ele comece a vida
profissional, o verdadeiro eu é o que realmente importa. O Winnicott fala da
mãe ambiente. Para quê? Para que serve essa mãe ambiente? para que o bebê possa
ir aprendendo a reconhecer o verdadeiro eu, porque é ela que vai cuidar do
ambiente. A tarefa dele é só reconhecer aquilo que ele está sendo na essência.
E quando ele consegue reconhecer esse verdadeiro eu, tudo que se estrutura para
além desse verdadeiro eu acontece e se estrutura a favor deste verdadeiro eu,
para proteger o verdadeiro eu, para viabilizar a existência do verdadeiro eu.
RECONHECIDO
Ele
nunca foi reconhecido no verdadeiro eu, nunca foi nutrido no verdadeiro eu. E
quando eu falo nutrido no verdadeiro eu, o eu verdadeiro é nutrido
essencialmente de reconhecimento, de amor e de verdade. Quando ele nunca foi
bem nutrido no verdadeiro eu e ele começa a trabalhar, ele passa a acreditar
que o trabalho dele é ele, a existência dele é aquilo. Por isso ele tem muita
dificuldade de se aposentar. E ele acredita tanto que ele é aquele trabalho que
quando ele sai do trabalho às 6 da tarde, ele corre direto para o bar, no que
usualmente aprendeu se chamar de happy hour, para encher a cara de álcool para
ele começar a ser sedado, entorpecido, porque ele não acredita no verdadeiro
eu. E ele passa uma vida inteira assim e quando ele aposenta, não tem mais
sentido viver.
FUGA
Não é
só a fuga para o happy hour depois do trabalho que o sujeito usualmente tem
feito, mas também é a fuga para o psicotrópico, o medicamento psiquiátrico,
para as academias, para as compras. Ele foge para todo lado. Pois é, você pode
fugir do outro, mas você não pode fugir de você mesmo. Uma hora você vai se
encontrar com você. O outro não sabe o teu ponto fraco, mas você sabe.
OBJETIVOS
O
sujeito que está integrado, o sujeito que está nutrindo o verdadeiro eu, o
sujeito que foi nutrido no verdadeiro eu e passou a nutrir-se na perspectiva do
verdadeiro eu, tem muito poucos objetivos na vida. Ele simplesmente caminha,
ele simplesmente realiza, não por conta de um objetivo pré-estabelecido, mas
porque realizar é caminhar. Porque a vida desse sujeito é uma grande passagem.
Ele não tem um objetivo. Quando ele chega num suposto objetivo, ele continua
andando. Esta é a integração do verdadeiro eu. Este é o sujeito integrado. Não
aquele que tem um objetivo, mas aquele que está caminhando.
IMPORTÂNCIA
O
sujeito passou uma vida inteirinha não se importando consigo mesmo, não se
importando com o verdadeiro eu, alimentando o falso eu, alimentando aquele eu
que serve para cumprir expectativas dos outros ou dele mesmo. E aí ele começa a
perceber que isso está desabando e chega na psicoterapia. Mas não é de um dia para
o outro que isso é reparado. A erva daninha brota por si mesmo. O cultivo de
coisas saudáveis demanda de dedicação.
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