quinta-feira, 9 de outubro de 2025

O GRUPO E O INIMIGO - Prof. Renato Dias Martino

 

Enquanto o amor está relacionado à durabilidade, o ódio está ligado à intensidade. O amor, por vezes, pode ser intenso, mas isso, por estar desprovido de verdade, manifesta-se então como paixão. Já o ódio, expresso por meio da raiva, da ira e da hostilidade, é essencialmente intenso.

A substância fundamental para unificar um grupo são as emoções intensas, sendo raros os grupos mantidos por elementos duradouros. A intensidade é o que realmente mantém um grupo unido. Para manter um grupo coeso, o ódio mostra-se mais eficaz do que o amor.

Diferente do que se imagine o ódio não separa, mas une da pior forma. O ódio, enquanto emoção intensa, pode funcionar como um poderoso catalisador para unir pessoas e grupos. Isso ocorre porque frequentemente cria um senso de “nós contra eles”, fortalecendo laços internos em torno de um inimigo comum. Por outro lado, o amor, embora mais nobre e duradouro, pode ser menos eficaz para unir e sustentar grandes grupos.

O amor requer tempo, dedicação, confiança e reciprocidade, o que pode dificultar a coesão grupal, já que, mesmo havendo motivos para permanecerem unidos, sempre existem inúmeros fatores que geram desacordo. Um grupo dividido que recorre ao amor ou à cooperação tende a ter menor mobilização do que aquele que encontra força em um inimigo comum.

O amor é um elemento de união profunda, que age lentamente e floresce em ambientes de estabilidade — algo raro em grupos. A incitação ao ódio é uma das estratégias usadas em movimentos políticos ou ideológicos. Regimes totalitários frequentemente recorrem à demonização do outro — seja no âmbito étnico, político ou cultural — para consolidar o poder e unificar seus seguidores.









Prof. Renato Dias Martino

Nenhum comentário: