Enquanto
o amor está relacionado à durabilidade, o ódio está ligado à intensidade. O
amor, por vezes, pode ser intenso, mas isso, por estar desprovido de verdade,
manifesta-se então como paixão. Já o ódio, expresso por meio da raiva, da ira e
da hostilidade, é essencialmente intenso.
A
substância fundamental para unificar um grupo são as emoções intensas, sendo
raros os grupos mantidos por elementos duradouros. A intensidade é o que
realmente mantém um grupo unido. Para manter um grupo coeso, o ódio mostra-se
mais eficaz do que o amor.
Diferente
do que se imagine o ódio não separa, mas une da pior forma. O ódio, enquanto
emoção intensa, pode funcionar como um poderoso catalisador para unir pessoas e
grupos. Isso ocorre porque frequentemente cria um senso de “nós contra eles”,
fortalecendo laços internos em torno de um inimigo comum. Por outro lado, o
amor, embora mais nobre e duradouro, pode ser menos eficaz para unir e
sustentar grandes grupos.
O amor
requer tempo, dedicação, confiança e reciprocidade, o que pode dificultar a
coesão grupal, já que, mesmo havendo motivos para permanecerem unidos, sempre
existem inúmeros fatores que geram desacordo. Um grupo dividido que recorre ao
amor ou à cooperação tende a ter menor mobilização do que aquele que encontra
força em um inimigo comum.
O amor
é um elemento de união profunda, que age lentamente e floresce em ambientes de
estabilidade — algo raro em grupos. A incitação ao ódio é uma das estratégias
usadas em movimentos políticos ou ideológicos. Regimes totalitários
frequentemente recorrem à demonização do outro — seja no âmbito étnico,
político ou cultural — para consolidar o poder e unificar seus seguidores.
Prof. Renato Dias Martino
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