domingo, 24 de dezembro de 2023

LIMITES: MÃE, PAI E FILHO - Prof Renato Dias Martino



Só a entrada do pai é que vai trazer a possibilidade do reconhecimento do limite, que existia na relação mãe e bebê, mas não era reconhecida. Então, ainda havia ali a impressão da relação umbilical, que se estende pra vida emocional-afetiva. Na entrada da função paterna bem cumprida, esse limite é revelado, é sinalizado e reconhecido. Quando não tem esta figura paterna, que possa exercer, cumprir a função paterna, esta questão do limite com a realidade, fica deficitária. Nós vimos aí, na sociedade, isso acontecendo. O pai está cada vez mais longe, mais distante, mais ausente dos lares e das famílias.

LIMITE COM O EU E COM O OUTRO

Quando a gente fala de dificuldade de lidar com limites, quando a gente fala da ausência de limite, da dificuldade do sujeito lidar com o limite, na realidade, a gente está falando, tanto do limite do eu para com o outro, quanto do limite do eu para ele mesmo. Então, ele pode tanto passar do limite na relação com o outro, abusando do outro, quanto passar do limite consigo mesmo, sendo subserviente, sendo permissivo com o outro. Isso também é uma ausência, ou uma falha no limite. E a função paterna é o que vai trazer a possibilidade desta sinalização e deste reconhecimento.

“NÃO” DE MÃE

Não de mãe não tem poder! Uma criança não respeita o não da mãe. Por isso a célebre frase: “Espera teu pai chegar!” Aí, acabou a bagunça. Antes disso, a mãe está ali, esgoelando, se acabando, dando sangue e ela não consegue resultado algum. E é muito duro isso para mãe. Muitas, vezes ela precisa sair do papel de mãe para vestir uma armadura de pai, para tentar fazer uma intervenção desse tipo. Ela se descaracteriza. Ela perde a sua essência de maneira muito cruel. Acaba ferindo a sua função materna, para tentar fazer uma intervenção que não é da sua função e não vai ter resultado algum. E o pior, ela vai se sentir culpada, porque ela não tem jeito para fazer isso. “Ah, Professor! Você é machista!” Não tem problema. Pode me chamar do que você quiser, mas ainda vai ser isso. Então, a mãe vai ficar ali, assim. Bla, bla, bla. Não, não, não... E a criança vai continuar. Mas se tiver uma voz assim ó: “Moleque, para com isso!” Acabou a bagunça.

FILHOTE VULNERÁVEL

Uma fêmea na floresta, deu cria e o macho que cuidava da fêmea, enquanto ela cuidava dos bebês, morreu. O que acontece com os filhotes? Estão vulneráveis. Porque a mãe não vai dar conta de fazer tudo. A mãe não vai dar conta de cuidar sem a presença do macho.

RENÚNCIA DOS PAIS

Acontece um fenômeno interessante na sociedade. O homem se ausentou da família, do cuidado da criança, do amparo da mãe que esteja cuidando da criança. Ele foi se ausentando, ele foi se distanciando, desta relação e foi havendo uma permissão social para isso. E aí, ele se tornou um sujeito privilegiado, no nascimento do filho. Ele não tem muitas responsabilidades no olhar social e isso gera uma inveja na mulher que também quer ter esse direito. Então, ela terceiriza o cuidado dos bebês e também se ausenta do lar. E sabe de quem é o maior prejuízo? Na realidade, a mãe renuncia de tudo pelo bebê e o pai também deve renunciar, enquanto num acordo com a realidade. Agora, se o sujeito está ali, se evadindo da realidade e vivendo no mundo de ilusão, ele não vai ter mesmo esse tipo de compromisso. O homem vai continuar sendo o que ele é e a mulher vai continuar sendo o que ela, e a criança que se dane.

LIMITE SAUDÁVEL 

Muitas vezes, quando a gente fala a palavra limite, a gente tem uma impressão de imposição. A gente até usa isso, “impor limites”. Mas, na realidade, o limite saudável é aquele que é pelo respeito e não pelo medo e não pela imposição. Então, o sujeito ama tanto, que ele é capaz de renunciar por conta do amor. O limite saudável é a partir do respeito e não do medo pela imposição. A função paterna traz o reconhecimento do limite, não porque ele impôs, não porque a criança tem medo dele, mas porque a criança aprendeu a amar este pai e renunciar da mãe, porque a mãe é do papai e não é minha. Então, existe uma adequação. Ela vai se sentindo inadequada no meio da relação mãe e pai e ela, por amar aos dois, ela vai se retirando dessa relação, para viver a sua própria vida. 

ADULTO BEM-SUCEDIDO 

A importância da relação entre o pai e a mãe. Que a criança ela nasce grudada na mãe e com a ajuda do pai, ela vai se distanciando da mãe e esse distanciamento vai trazer para ela a possibilidade de amar verdadeiramente essa mãe. E com o pai ao contrário. A criança nasce distante do pai e com ajuda da mãe, ela vai se aproximando desse pai, para viver um amor verdadeiro com ele. Então, esta relação entre mãe e pai é imperiosa na estruturação da personalidade de uma criança, para que ela possa se tornar um adulto bem-sucedido. É aquele que é capaz de aprender com cada experiência, que é capaz inclusive de lidar com aquilo que ele não conseguiu. Este é um adulto bem-sucedido.



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