sexta-feira, 29 de março de 2013

TRISTEZA E DEPRESSÃO


Entrevista: Tristeza e Depressão proposta por Jéssica Reis do jornal Diário da Região:

Jéssica Reis -Tristeza é diferente de depressão? Como poderíamos definir a tristeza? 
Prof. Renato Dias Martino - A tristeza é um tipo leve de depressão. Um movimento para baixo. A princípio falamos da mesma coisa, diferenciadas uma da outra apenas pelo grau de intensidade. Esse estado de espírito deve ocorrer sempre que experimentarmos uma grande frustração, normalmente gerada por alguma perda.

Jéssica Reis - Como identificar a tristeza e a depressão?
Prof. Renato Dias Martino - A característica básica dessa ordem de experiências emocionais é a tendência de desinteresse do mundo externo e o afastamento dos vínculos com as pessoas e com isso uma convergência à introspecção. A tristeza (depressão leve) é corriqueira e componente do processo normal de maturação mental. Na realidade numa mente saudável momentos de tristeza devem ser acatados e voltados para aspectos da vida que realmente são dignos de um olhar entristecedor. Já a depressão severa (tristeza profunda) normalmente deve ocorrer na ocasião da perda de algo que se tinha grande estima e por conta disso o sujeito desacredita-se de si mesmo ao ponto de perder o sentido para continuar vivendo. Independente do grau, a depressão, assim como a tristeza, deve ser respeitada em seu período de duração, até que possa ser devidamente elaborada, de outra maneira só fará por piorar o quadro. 
Jéssica Reis -Sentir a tristeza pode ajudar a crescer e a superar as dificuldades?
Prof. Renato Dias Martino - Sentir tristeza é inerente ao desenvolvimento emocional, podemos até ignorá-la, mas ainda assim ela estará lá. Cada etapa desse desenvolvimento é o resultado da capacidade de tolerar frustrações e o entristecer-se é característica fundamental na ampliação desse processo de expansão emocional. O bebê aprende a pensar justamente quando percebe a falta da mãe e isso o faz entristecer-se. Logo, fica claro que é preciso tomar consciência da perda para que se possa criar, então a criatividade depende impreterivelmente da capacidade de recolher-se do mundo externo e isso coincide com o entristecer-se.
A incapacidade de tolerar tristezas pode nos levar a esconder de nós mesmos as piores dores da alma. Contudo, estas mesmas dores ainda estarão ali, atuando em nossa vida e no nosso modo de ser, mas agora, como se fosse responsabilidade do outro.

Jéssica Reis -A tristeza pode ser um sinal de uma possível depressão?
Prof. Renato Dias Martino - A tristeza é um sinal de que existe a necessidade de resguardar-se, por conta de certa fragilidade emocional. Assim, quando não se pode respeitá-la, muito provavelmente a situação pode se agravar e desenvolver-se-á um quadro mais severo de depressão. A insistência em se expor às experiências emocionais, quando se está fragilizado emocionalmente, pode trazer sérios danos e uma grave depressão é um provável desfecho para isso.

Jéssica Reis - Quando a tristeza se torna um problema na vida de uma pessoa?
Prof. Renato Dias Martino - A tristeza pode tornar-se um problema na vida do sujeito quando ela não consegue encontrar lugar para ser acolhida, respeitada e dessa forma, podendo então, ser elaborada.

Jéssica Reis - A depressão e a tristeza podem ser superadas?
Prof. Renato Dias Martino - Sem dúvida, mas para isso é imprescindível um cuidado especial, onde o respeito ao tempo de cada um (que nunca é igual para todos) deve ser considerado. Fica claro, então que a pressa é um elemento extremamente nocivo para a elaboração dessa ordem de experiências emocionais. 
Jéssica Reis - Como a pessoa pode se livrar da tristeza ou depressão, como é o tratamento?
Prof. Renato Dias Martino - Não há como nos livrarmos da tristeza, ela é intrínseca a existência e ao funcionamento mental. Podemos ignorá-la, mas isso não garante que ela tenha desaparecido e na realidade só piora a situação. O que me parece possível é dedicarmo-nos a elaborá-la e isso se faz mediante a responsabilização e não através de tentativas de livrar-se dela.

Jéssica Reis  -Terapias alternativas como buscar ajuda espiritual ou mesmo fazer algo que deixe a pessoa feliz (pintar, praticar um esporte, entre outros) pode ajudar nesse momento?
Prof. Renato Dias Martino - Imagino que sim, entretanto, sem o acolhimento e a dedicação cuidadosa de alguém qualificado para isso, penso ser muito pouco provável que alguém possa, realmente elaborar um período de tristeza severa, ou uma depressão.

Carl Gustav Jung (1875 - 1961)
Jéssica Reis - Existem pesquisas que afirma que a tristeza é mais comum por volta dos 40 anos. Isso é verdade? Existe de fato uma faixa etária para a tristeza se manifestar com mais força na vida de uma pessoa?
Prof. Renato Dias Martino - Na realidade, o que acontece é que por volta dos 40 anos de idade, ocorre certa fase de reflexão existencial Carl Gustav Jung (1875 - 1961). chamou esse período de metanoia, etapa da vida emocional onde o sujeito faz um balanço de sua vida, em suas realizações e vinculações afetivas. A partir dessa experiência introspectiva, o sujeito começa a perceber inúmeras tristezas que evitou reconhecer pela vida toda e que agora ficam evidentes.

Freud, S. 1917. LUTO E MELANCOLIA, em OBRAS PSICOLÓGICAS COMPLETAS - Edição Standard Brasileira, IMAGO (1969-80).

sexta-feira, 8 de março de 2013

Os Processos e Princípios do Funcionamento Mental - Prof. Renato Dias Martino



Prof. Renato Dias Martino 
Psicoterapeuta e Escritor
São José Do Rio Preto - SP
Fone: 17-30113866 
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com