sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Prof. Renato Dias Martino - O Narcisismo como Etapa do Desenvolvimento
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Incapacidades em Cuidar
Um dia a guerra levou meu pai e eu imaginei que havia vivido
minha pior desventura. Num outro dia a guerra levou minha mãe e então, eu me
senti totalmente sozinho.
O cuidado para com sua cria é característica própria dos animais mais evoluídos. Essa classe de animais garante assim o sucesso das próximas gerações na proliferação da espécie, gerando bons espécimes de sua casta. Entretanto, essa prática parece, cada dia menos frequente na raça humana. E essa falta de cuidado parece coincidir com uma grande incidência de patologias e transtornos mentais, que parecem estar cada dia mais frequente nas catalogações psiquiátricas.
A medicina psiquiátrica tem criado nomes para
os transtornos mentais e os classificam em extensos compêndios de
psicopatologia. Entretanto, a habilidade em diagnosticar uma patologia mental não garante
a capacidade de acolhe-la. Além disso, o que na
realidade é catalogado nessas extensas listas psicopatológicas tem sido o resultado
da incapacidade do ser humano em cuidar daquilo que concebe. Rotula nas páginas
de seus códigos internacionais de doenças, as consequências de sua própria incapacidade
de responsabilização e cuidado por aquilo que gera.
Não é proposta desse texto a de criticar indiscriminadamente
a medicina psiquiátrica ou qualquer que seja a área da saúde, mas é de ciência para
qualquer um que se proponha ser atendido por esse tipo de serviço, que é muito
comum atendimentos e diagnósticos dessa espécie, não passarem de alguns
minutos. Na prática do atendimento em psicoterapia é frequente em relatos de
pacientes que precisam de atendimento psiquiátricos, que os atendimentos médicos
principalmente na psiquiatria (tanto no serviço público quanto privado),
raramente tem um olhar cuidadoso que possa proporcionar acolhimento, justamente
o que o paciente mais precisa.
Não é necessário ser um doutor ou mesmo um profissional
da saúde mental para perceber o fato de que simplesmente rotular as dores da alma ou receitar
administrações químicas é inútil sem que exista a capacidade de cuidado
dedicado para com o sujeito que sofre.
Também não é intuito desse texto a
generalização desordenada de que todo transtorno mental é originário da falta
de cuidados, é de ciência desse que escreve o fato de que existem fatores genéticos
e congênitos que podem justificar essa ordem de patologia, entretanto, se
submetidos a um olhar atento, é muito comum encontrarmos por traz de diagnósticos
como o de hiperatividade e déficit de atenção numa criança, ou mesmo de um transtorno
bipolar num adulto, um histórico de privação de cuidados e ausência de afeto
nas fases da tenra infância, quando a criança não tem qualquer capacidade de
lidar com o desamparo que naturalmente sente.
Por outro lado, os casos de transtornos e patologias mentais oriundas de outras fontes e que não trazem um histórico de falhas no cuidado, estão entre uma ínfima minoria da qual poderia ser muito bem cuidada e controlada. Além do mais, um lar que possa ser um ambiente saudável, repleto de afeto e sinceridade pode, sem dúvidas transformar uma realidade patológica em aprendizado e crescimento, identificando as limitações e aprendendo a respeitá-las. Diferente disso, existe um aumento inegável e descontrolado no uso de medicamentos psiquiátricos que estão evidente dentro de cada família, não carecendo acessar pesquisas estatísticas. Uso esse que está muito mais a serviço de aplacar a falta de ambientes saudáveis e incapacidade de estabelecimento de vínculos profícuos, do que propriamente adequados à patologias.
O que ocorre é que na maioria gritante dos
casos, justamente nas etapas do desenvolvimento em que o sujeito não era capaz
de responsabilizar-se por si mesmo, ele não pode contar com a responsabilização
de alguém preparado para isso. Assim, se desenvolve inúmeros transtornos como saída
ou tentativa para lidar com certa realidade que se mostra intolerável, onde não
pode contar afetivamente com ninguém. A realidade pode se tornar rejeitável quando percebida
ausente do amor sendo o afastamento dessa mesma realidade um recurso para se
continuar sobrevivendo, apesar disso.
O
humano é um dos poucos animais que revelam certa característica desprezível de entregar
sua cria, ainda muito frágil e suscetível a ser ferida, aos cuidados do outro. Mesmo sendo o bebê humano um dos
filhotes mais vulneráveis do mundo animal.
Muitas vezes esse sujeito que hoje é
diagnosticado com nomes catalogados em amplos sumários de psicopatologias, na
realidade foi submetido à relações emocionais onde além de privado de condições
mínimas necessárias, ainda fora obrigado a responsabilizar-se por situações das
quais não tinha a menor condição de sequer compreender o que ocorria. Se não pôde
ter afeto, acolhimento e cuidados necessários quando era criança, qual a chance
real de consegui-lo depois de adulto, agora carregando um pesado diagnostico psiquiátrico
no currículo?
Revela-se então a inabilidade do ser humano em responsabilizar-se
pelo cuidado daquilo que cria. Não fomos muito bem cuidados, com isso não
aprendemos cuidar de nós mesmo e muito menos a cuidar do outro. Na maioria das
vezes só passamos a cuidar quando somos forçados a isso, por culpa, remorso, ou
qualquer outro motivo distante do amor, comprometendo, com isso, a qualidade
disso que chamamos de “cuidado”.
A psicanálise nos ensina que o primeiro recurso
daquele que sente algo do qual não é capaz de suportar e se responsabilizar é
projetar no outro. Dessa forma, responsabilizamos o outro por características
que na realidade estão em nós mesmos, portanto rotulamos o incapaz com o resultado
de nossa própria incapacidade.
Pais
ausentes, cheios de afazeres e sempre muito bem apoiados na justificativa da
necessidade de produção para dar conta da demanda financeira. Um equívoco que comete
com o filho, que muitas vezes está distante da real necessidade financeira, mas
está comprometida pela incapacidade de superação do egoísmo dos pais. Egoísmo
que os impede de dedicar-se aos filhos. Pais desatentos da necessidade afetiva,
que está muito além da simples presença física.
A
verdadeira capacidade de cuidar deve ser incorporada pela criança através de
identificação no vínculo com os pais, nunca poderá ser doutrinada como algo
moralmente imposto.
O
que mais imagina ser possível deixar para teu filho que não seja um bom modelo?
Para que possa haver a formação de bons exemplares de certa espécie é preciso respeitar certas condições mínimas necessárias. O humano parece muito despreparado para respeitar suas condições.
Para que possa haver a formação de bons exemplares de certa espécie é preciso respeitar certas condições mínimas necessárias. O humano parece muito despreparado para respeitar suas condições.
Prof. Renato Dias Martino
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Prof. Renato Dias Martino - As Fases do Desenvolvimento das Relações
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
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sábado, 15 de fevereiro de 2014
DO MEDO SAUDÁVEL
O medo é elemento fundamental do funcionamento mental daquele que é guiado pela prudência. Numa mente saudável o medo é um integrante do instinto de autopreservação e nos alerta para aquilo que se pronuncia como ameaça. A saúde mental depende da autonomia na utilização dos recursos de autopreservação que no bom funcionamento da mente, serve à orientação. Certa categoria de percepção da realidade que pode abranger pra além daquilo que é percebido pelos órgãos dos sentidos, pra além das aparências.
Entretanto dentro do processo civilizatório, onde o sujeito é educado para conviver em sociedade, ocorrem inúmeras experiências que podem conduzir à se suprimir capacidades que são inerentes ao instintual, em nome de uma aparência polida para com o outro. Quando em sociedade, somos forçados a cumprir normas e obedecer regras que muitas vezes suplantam nosso instinto de autopreservação e nos coloca numa posição vulnerável frente as ameaças. Vivendo na coletividade, muitas vezes nos vemos duvidando de nossa própria intuição, em nome de algum contrato racional, proposto pela sociedade e que se opõe à aquilo que sentimos.
Deixamos de nos importar com nossos medos por conta de justificativas do social que nos coloca inadequados frente à aqueles que parecem não se afetarem com aquilo que é objeto de nosso medo. Muitas vezes firmamos acordos coma civilização que na realidade estão distantes das capacidades emocionais humanas. Assim, amiúde, nos encontramos doentes e ignorantes da causa.
Dessa maneira, fica claro que os maiores medos são aqueles formados essencialmente dos momentos em que se esteve desamparado, desprotegido e sem qualquer recurso para lidar com isso. Quando o sujeito vê-se sozinho e vulnerável emocionalmente, acaba elegendo aspectos internos, como inimigos de si mesmo. Por conta de se encontrar sozinho e incapaz de acreditar em si próprio, tende-se então, a voltar-se contra si mesmo. Ora, não pode existir inimigo mais ameaçador do que aquele que habita nosso mundo interno. Visto que ele sabe bem de cada uma de nossas fraquezas. Não seria um desproposito afirmarmos que nem um inimigo pode nos fazer mais mal do que nós mesmos.
Assim, fragilizado e inseguro, buscará um culpado para a situação de desproteção e por não poder contar com ninguém mais, além de si próprio para se responsabilizar, então, condena a si mesmo.
A partir dessa reflexão, se evidencia o fato de que as falhas no cuidado e amparo, trazem inúmeras consequências. E por outro lado, a presença saudável de um ambiente acolhedor é justamente o que pode trazer certa tranquilidade interna para o restabelecimento do bom funcionamento mental.
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-991910375
prof.renatodiasmartino@gmail.com
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Entretanto dentro do processo civilizatório, onde o sujeito é educado para conviver em sociedade, ocorrem inúmeras experiências que podem conduzir à se suprimir capacidades que são inerentes ao instintual, em nome de uma aparência polida para com o outro. Quando em sociedade, somos forçados a cumprir normas e obedecer regras que muitas vezes suplantam nosso instinto de autopreservação e nos coloca numa posição vulnerável frente as ameaças. Vivendo na coletividade, muitas vezes nos vemos duvidando de nossa própria intuição, em nome de algum contrato racional, proposto pela sociedade e que se opõe à aquilo que sentimos.
Deixamos de nos importar com nossos medos por conta de justificativas do social que nos coloca inadequados frente à aqueles que parecem não se afetarem com aquilo que é objeto de nosso medo. Muitas vezes firmamos acordos coma civilização que na realidade estão distantes das capacidades emocionais humanas. Assim, amiúde, nos encontramos doentes e ignorantes da causa.
Dessa maneira, fica claro que os maiores medos são aqueles formados essencialmente dos momentos em que se esteve desamparado, desprotegido e sem qualquer recurso para lidar com isso. Quando o sujeito vê-se sozinho e vulnerável emocionalmente, acaba elegendo aspectos internos, como inimigos de si mesmo. Por conta de se encontrar sozinho e incapaz de acreditar em si próprio, tende-se então, a voltar-se contra si mesmo. Ora, não pode existir inimigo mais ameaçador do que aquele que habita nosso mundo interno. Visto que ele sabe bem de cada uma de nossas fraquezas. Não seria um desproposito afirmarmos que nem um inimigo pode nos fazer mais mal do que nós mesmos.
Assim, fragilizado e inseguro, buscará um culpado para a situação de desproteção e por não poder contar com ninguém mais, além de si próprio para se responsabilizar, então, condena a si mesmo.
A partir dessa reflexão, se evidencia o fato de que as falhas no cuidado e amparo, trazem inúmeras consequências. E por outro lado, a presença saudável de um ambiente acolhedor é justamente o que pode trazer certa tranquilidade interna para o restabelecimento do bom funcionamento mental.
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Prof. Renato Dias Martino - A Relação do Pai e o Superego
Cadê o pai?
É o pai que vai trazer a chance de criar um modelo superegóico que eu consigo articular.
Ter um pai, um sujeito que ocupa a função de pai do teu lado, como modelo faz com você possa pegar o seu superego e atribuir a ele. Então, cada vez que você for discutir com seu superego, você, de alguma forma está discutindo com ele.
Conforme a sua relação com ele você terá uma relação com seu superego.
Se essa pessoa te amar e você amar essa pessoa você tem maior chance de ter um relacionamento afetivo com o seu superego.
Agora, quando a relação com ele é conturbada, cada vez que você tiver uma relação com seu superego vai ser conturbada tanto quanto.
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sábado, 8 de fevereiro de 2014
RECONHECER FALHAS
O ser humano tem enorme dificuldade em se perceber ignorante, muitas vezes se convencendo com justificativas extremamente superficiais e muitas vezes distante da realidade. Convencendo-se com ‘meias verdades’ só para se livrar da sensação de se sentir ignorante. Por conta disso a dificuldade de reconhecer e se responsabilizar pelas falhas, mesmo elas estando tão manifestas.
Desde criança, somos ameaçados pelo
olhar crítico do outro, que nos condena e mostra que seremos reprovados e
excluídos se falharmos. Isso dificulta o reconhecimento de um provável
equívoco, o que poderia nos ensinar algo. Por outro lado, somos enaltecidos e
elogiados quando sugerimos ao outro alguma característica que possa prometer
perfeição. Assim, ficamos impedidos de aprender com a experiência.
Reconhecer falhas é uma capacidade e
assim sendo, deve ser expandida. Esse desenvolvimento se dá pela possibilidade
de criação de oportunidades e ambientes que possam ser acolhedores o
suficiente. Ambientes que de alguma forma possam se mostrar livres de crítica,
são propícios para que se desenvolva a capacidade de reconhecer falhas. Também
as relações que se mostrem isentas de mecanismos de gratificação elogiosas e
enaltecimentos de bajulação, são importantes para o desenvolvimento e
capacitação do reconhecimento dos possíveis equívocos, quando eles surgirem, e
vão surgir sempre na vida daquele que busca crescer.
Prof. Renato Dias Martino
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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Prof. Renato Dias Martino - Narcisismo e Reconhecimento
Agente 'tá' falando de falta de olhar reconhecedor
A falta de olhar reconhecedor é a base de qualquer transtorno mental.
O que vai diferenciar é quando foi mais severa essa privação do olhar reconhecedor do outro. Em que período da vida.
Essa privação, dependendo do momento que acontece na vida da pessoa, vai definir as características do transtorno emocional dela.
O narcisismo é antes de tudo uma tentativa de proteger a si mesmo.
O bebê, por exemplo, quando esta vivento o auto erotismo ele não é narcisista, ele não precisa ne narcisismo.
E aí entra a colocação do Winnicott, né?
Quando Winnicott chama a mãe de ambiente.
Donald Woods Winnicott (1896 — 1971), pediatra e psicanalista inglês.
A mãe suficientemente boa é aquela mãe que se coloca como um ambiente.
O Bion também vai dizer: A Mãe Continente é a mãe que consegue conter.
Wilfred Ruprecht Bion (1897 -1979), nascido em Mathura na Índia e naturalizado inglês.
E esse 'conter' é uma extensão da vida intrauterina, em outra dimensão. Não é? Mas ainda seguindo o mesmo molde.
Cada vez que eu me sinto ameaçado eu vou criar uma casca e essa casca vai ser de características narcisistas.
Prof. Renato Dias Martino
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