quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A comunicação e o eu desconhecido


Quando nos propomos publicar algo, por mais descritiva que possa ser essa publicação, ainda assim revelamos algo particularmente nosso, nisso que comunicamos. Isso acontece independe do tipo de meio de comunicação utilizado. Mesmo sendo um simples ato de contar um fato ocorrido a alguém, isso já se caracteriza numa publicação. Uma publicação é sempre uma ação que torna algo de conhecimento público. Isso, mesmo que esse público já tenha certa consciência desse fato. Ainda assim, cada um que conta a mesma história, coloca nela aspectos particulares e assim, diferentes daquilo que já é sabido. Isso está de acordo como o que nos propõe o dito popular “cada conto aumenta um ponto”.
Estes aspectos que não partem da realidade dos fatos, mas do desejo (ou ainda, de um medo) daquele que publica, surgem nas publicações sem que o próprio sujeito da publicação tenha consciência. O fato é que, muitas vezes aquilo que de nós é incluído na publicação, é justamente o que não pudemos pensar melhor e se assim for, não foi possível também, nos responsabilizar por isso. Quero dizer que, quando não somos capazes de conhecer e nos responsabilizar por certos aspectos de nossa personalidade, isso pode aparecer, sem que percebamos, em nossas publicações. Sem que seja percebido, isso escapa-nos e então, revela-se naquilo que comunicamos ao outro, ou seja, naquilo que tornamos publico.


Estaremos diante de um tema de grande importância se pudermos compreender que, vivendo socialmente agrupados, nós publicamos o tempo todo. Temos que nos comunicar para viver. Seja através de meios bem limitados como um simples “bate papo” com um colega, ou ainda, em escala extremamente ampliada, como é o caso das redes sociais digitais, na internet. O fato é que, por vezes nos comunicamos; falando ou agindo de certa maneira que logo depois nos questionarmos o porquê fizemos isso, sem chegarmos à conclusão alguma que nos possa justificar tal fato.


São aspectos da nossa personalidade dos quais por algum motivo, não fomos capazes de reconhecer como nosso. Talvez por estarem vinculados a sentimentos desagradáveis, como medo, vergonha e humilhação. Ao identificarmos certos sentimentos desagradáveis automaticamente evitamos pensar sobre eles, imaginado talvez, que dessa forma deixarão de existir. Contudo, um sentimento não deixara de existir por ser ignorado.
Ele simplesmente será negado em nossa consciência e surgirá em alguma publicação sem nossa permissão, em alguma tentativa de comunicarmos algo. Ainda assim, são características de nossa personalidade, mas que evitamos conhecê-lo e assumi-lo como parte do que somos. Muito provavelmente por que isso nos custaria reconhecer algo que desaprovamos em nós mesmos. Agora, renegado e reprimido isso então, nos surge de maneira indireta em algo que publicamos.


Partindo dessa idéia, fica claro o fato de que, quanto mais consciente de nós mesmos pudermos nos tornar, menos aspectos impensados de nós mesmos estarão por entre as informações que publicamos.


Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com

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