sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O que nos leva a desejar sermos iguais


O que nos leva a desejar sermos iguais

Não seria exagero algum afirmar que dentre todos os animais, o ser humano tem o individuo que mais se diferencia dos outros indivíduos da mesma especie. É mais do que sabido que cada um de nós é único em suas caracteristicas. Enquanto humanos, temos certas particularidades em cada um de nós, que dificilmente será reconhecida nos outros animais.
Quero dizer com isso que, diferente das sardinhas ou das ovelhas, que naturalmente guardam certa semelhança muito fiel de um individuo para o outro, os seres humano são essencialmente diferente entre si. Por mais que sejam da mesma raça, mesmo que sejam da mesma família, mesmo que sejam gêmeos univitelinos, ainda assim, guardarão imensa gama de caracteristicas que diferenciarão aquele que se julga mais parecido. 

Nos diferenciamos uns dos outros como nem uma outra especie animal o faz. Por outro lado tememos sobremaneira essa mesma individualidade. 




É uma experiência que angustia muito a de nos perceber diferentes do outro e na realidade muito poucas vezes na vida nos damos chances de nos reconhecermos diferentes. Estamos sempre compreendidos e empreendidos nos interesses dos grupos, vivendo por identificação e isso nos traz a ilusão de sermos iguais. A questão da incapacidade de lidar com a diferenciação é motivo de conflitos afetivos, destruição de lares, discórdia social até chegar ao cumulo das guerras sangrentas. 
Tudo isso gerado pelo motivo da dificuldade de reconhecer e acolher as diferenças. Somos impelidos a criar motivos e angariar recursos para fugir da realidade que nos diferencia, uns dos outros.
Já em 1914, Sigmund Freud (1856-1939) propunha a importância de se perceber a tendencia de repetição como processo defensivo da mente. 
Freud propõe que repetimos em forma e ação, tudo aquilo que por ser angustiante evitamos nos lembrar. Se no funcionamento mental a repetição é sinal de incapacidade, isso não é diferente no que diz respeito a como nos relacionamos com o mundo, ou seja, na forma como nos relacionamos socialmente.


Inseguros quanto a nos mesmos, criamos então as normas sociais e logo passamos a respeitá-las em nome de nos sentirmos protegidos pelo grupo.  A esses modelos formatados conforme regras sociais damos o nome de esteriótipo. Que tem a origem do significado no Grego stereos, “sólido”, mais o Francês type, “tipo”. Esse termo serve para descrever o processo de impressão com uma peça sólida. A metáfora se refere à repetição automática de algo preparado de antemão. Definimos certos modelos e vamos repetindo; o que e como falar, comer , vestir e finalmente estabelecemos um modelo e como ser. Se não formos? 



Teremos que enfrentar a terrível experiência de nos sentir exclusos do grupo.



No entanto sabemos muito bem que regras rígidas atrapalham o desempenho criativo. O esteriótipo pode realmente ser um instrumento importante para aquele que se sente extremamente inseguro em suas particularidades, mas aprender a conviver com a diferença é útil na medida em que um dia nunca é igual ao outro.


Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866 

Um comentário:

Eder Juno disse...

Ideia interessante e provocadora.
Muito bom!