sexta-feira, 30 de novembro de 2012

PRESENTEAR


O ato de presentear pode revelar grande importância quando percebido na experiência dos vínculos. Numa mente tranquila e saudável, o presentear deve ser sempre certo símbolo da gratidão e pode ser um importante elemento para ajudar na construção e manutenção das relações. No entanto, a ação de presentear pode também representar uma gama de experiências e guardar uma serie de características das quais serão definidas em suas qualidades pela capacidade emocional dos sujeitos envolvidos.
Enquanto em mentes saudáveis, dar um presente deve significar a extensão de certo vínculo saudável, em uma mente imatura ou mesmo conturbada, por outro lado, o presente pode perfeitamente representar uma espécie de suborno, ou ainda, pode ter o intuito de tentar afastar algum sentimento de culpa. Quando se presenteia pretendendo uma recompensa é um sinal claro de que o presente não é só uma extensão carinhosa, mas tem outra intenção oculta. 

O Significado da Palavra

A palavra presente pode significar algo que se refere ao tempo atual, o aqui e agora, ou também pode significar uma oferta que se pode fazer a alguém. Ora, se pudermos reunir os dois significados então, teremos um bom resultado. De maneira benéfica, dar ou receber um presente só tem seu valor real no tempo presente. Assim, a configuração saudável de se dar ou receber um presente é como a extensão do “estar sendo”. Ou seja, estou sendo alguém para outro alguém e então, darei um presente como extensão disso que sou. Logo fica claro que é dependente da condição do “estar sendo”. Só se pode ser no hoje, amanhã eu posso apenas desejar que eu seja, e ontem eu tenho em minha memória o que eu fui. Mas o estar sendo, só se realiza no hoje. Então, não seria um equivoco afirmar que, dar um presente pensando no amanhã tem o prejuízo em perder o que poderíamos chamar de mais nobre sentido de se presentear.

Presentear e o Materialismo

A ênfase na dimensão da materialidade indica um intuito fora do tempo presente. Quando se dá um presente de muito valor, por exemplo, pode ser um sinal de que o vínculo afetivo, do ser para o outro, fica em segundo plano e o valor material (ter) do presente se evidencia. Onde as partes são incapazes de reconhecer o valor simbólico da relação, que corre o risco de se perder diante do valor material do presente. Assim, a supervalorização do presente diminui a capacidade de reconhecer o real valor do vínculo afetivo entre as pessoas.
Saudável ou tóxica a definição da atitude de presentear deve depender da real origem e motivação da ação. Ora, o sujeito pode propor-se ao voluntariado ou às caridades, tanto com um intuito de expansão para além do eu mesmo e assim crescer como estar sendo em relação ao outro, evoluindo em sua maturidade emocional, quanto pode estar nesse tipo de empreitada por razões extremamente egoístas num intuito de um objetivo de obter benefícios narcisistas.

De qualquer forma, o presente só pode ter real valor quando estiver sendo uma extensão de um vínculo afetivo real entre pessoas. O presente pode ser tanto extensão de boas ações, como pode ser um recurso de formas destrutivas de agir, depende sempre da capacidade de amar.




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