O ato de presentear pode revelar grande importância quando
percebido na experiência dos vínculos. Numa mente tranquila e saudável, o
presentear deve ser sempre certo símbolo da gratidão e pode ser um importante
elemento para ajudar na construção e manutenção das relações. No entanto, a
ação de presentear pode também representar uma gama de experiências e guardar
uma serie de características das quais serão definidas em suas qualidades pela
capacidade emocional dos sujeitos envolvidos.
Enquanto em mentes saudáveis, dar um presente deve significar
a extensão de certo vínculo saudável, em uma mente imatura ou
mesmo conturbada, por outro lado, o presente pode perfeitamente representar uma
espécie de suborno, ou ainda, pode ter o intuito de tentar afastar algum sentimento de culpa. Quando se presenteia
pretendendo uma recompensa é um sinal claro de que o presente não é só uma
extensão carinhosa, mas tem outra intenção oculta.
O Significado da Palavra
A palavra presente pode significar algo que se refere ao tempo atual, o aqui
e agora, ou também pode significar uma oferta que se pode fazer a alguém.
Ora, se pudermos reunir os dois significados então, teremos um bom resultado.
De maneira benéfica, dar ou receber um presente só tem seu valor real no tempo
presente. Assim, a configuração saudável de se dar ou receber um presente é como a
extensão do “estar sendo”. Ou seja, estou sendo alguém para outro alguém e então, darei um presente como extensão disso que
sou. Logo fica claro que é
dependente da condição do “estar sendo”. Só se pode ser no hoje, amanhã eu posso apenas
desejar que eu seja, e
ontem eu tenho em minha memória o que eu fui.
Mas o estar sendo, só se realiza
no hoje. Então, não seria um equivoco afirmar que, dar um presente
pensando no amanhã tem o prejuízo em perder o que poderíamos chamar de mais
nobre sentido de se presentear.
Presentear e o Materialismo
A
ênfase na dimensão da materialidade indica um intuito fora do tempo presente.
Quando se dá um presente de muito valor, por exemplo, pode ser um sinal de que
o vínculo afetivo, do ser para
o outro, fica em segundo plano e o valor material (ter) do presente se
evidencia. Onde as partes são incapazes de reconhecer o valor simbólico da
relação, que corre o risco de se perder diante do valor material do presente. Assim, a supervalorização do presente diminui a
capacidade de reconhecer o real valor do vínculo afetivo entre as pessoas.
Saudável ou tóxica a definição da atitude de presentear deve
depender da real origem e motivação da ação. Ora, o sujeito pode
propor-se ao voluntariado ou às caridades, tanto com um intuito de expansão
para além do eu mesmo e assim crescer como estar sendo em relação ao outro, evoluindo em
sua maturidade emocional, quanto pode estar nesse tipo de empreitada por razões
extremamente egoístas num intuito de um objetivo de obter benefícios narcisistas.
De qualquer forma, o presente só pode ter real valor quando
estiver sendo uma extensão de um vínculo afetivo real entre pessoas. O presente
pode ser tanto extensão de boas ações, como pode ser um recurso de formas
destrutivas de agir, depende sempre da capacidade de amar.
WhatsApp: 17-991910375
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/
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