segunda-feira, 22 de julho de 2013

SOBRE AS EMOÇÕES

As emoções permeiam a vida mental e sem dúvida, uma mente que está funcionando de maneira saudável depende de emoções positivas para tanto. Já as emoções negativas colocam a mente em alerta e dessa forma, uma mente constantemente sujeitada a essa ordem de emoções, tem o seu funcionamento saudável abalado e assim, seu desenvolvimento é comprometido. 
Se a proposta aqui for falarmos da perspectiva mental, então a saúde física não deve ser mais que um representativo externo dos processos que ocorrem internamente, no nível psíquico. O dito popular, “mente sã, corpo são”, não é uma mera colocação sem sentido, mas é a forma natural das articulações dos arranjos que ocorrem entre as dimensões do “eu”. 
Alguém inundado de emoções negativas não pode ser capaz de reconhecer seu próprio valor (autoestima) e então, dificilmente respeitará seu corpo, para que possa cuidar e dedicar manutenção à saúde física. Além do mais, não é novidade alguma o fato de que inúmeras enfermidades físicas se originam de um grande ressentimento que ficou impossibilitado de ser pensado, por ser extremamente doloroso. Uma mente que for constantemente submetida às emoções negativas, tenderá a criar de forma inconsciente um representante no corpo físico e isso se manifesta como doença.
Emoções são geradas nos processos psíquicos que dependem de uma boa condição de interação entre a realidade interna, que é repleta de ilusões e a aspereza da realidade externa. Certa interação entre aquilo que se deseja que a realidade seja (interno) e aquilo que a realidade realmente é (externo). Quanto melhor for a qualidade de interação entre essas duas dimensões, tanto maior será a chance de se experimentar emoções positivas.
Da mesma forma, emoções negativas são originárias de uma interação mal sucedida entre mundo interno e mundo externo. É importante ressaltar que emoções negativas são mais frequentes que as positivas, pois, a realidade externa é sempre dura e dolorida.


As emoções negativas podem seguir caminhos diferentes, dependendo da capacidade emocional do sujeito que experimenta tal emoção. Quando se pode contar com certa maturidade emocional (tolerância à frustrações), as emoções negativas podem servir como oportunidade para uma evolução no desenvolvimento, como na tomada de consciência de algo que faz mal ao funcionamento mental. Já numa mente fragilizada de mais, ou mesmo quando muito imatura, a emoção negativa será vivida com severos prejuízos que podem ser percebidos num comprometimento na realização de tarefas básicas do dia a dia. Em casos mais graves, aparecem como dificuldades ou impedimentos na capacidade de estabelecer vínculos afetivos, tanto com o outro quanto no desempenho do amor próprio, podendo culminar até na doença física.

As emoções positivas convivem constantemente com as negativas, povoando nossa mente e está distante do nosso alcance controlar sua frequência. O que me parece ser possível de ser feito, de maneira real é o cultivo de bons vínculos afetivos, para que possamos nos nutrir constantemente do amor do outro. Isso será útil quando o nosso amor próprio estiver enfraquecido e não se encontrar irrigado de pensamentos positivos.
A cultura contemporânea com todos seus recursos das ciências tecnológicas nos trouxe a ilusão do domínio de áreas que na realidade estão longe de serem dominadas. Apesar de algumas teorias psicológicas trazerem a proposta da disciplina, se estivermos aqui falando da dimensão das emoções, o conceito de disciplina não se aplica. A disciplina sufoca a emoção e isso coincide justamente com a emoção negativa. 
Não podemos disciplinar emoções, o que podemos fazer é humildemente respeitá-las e cultivar bons vínculos que nos ajudarão na manutenção dessa ordem de experiências. Aquele que imagina dominar suas emoções com disciplinas, na realidade não faz mais do que esconder de si mesmo, suas maiores fragilidades. Se existe algo que possa dar conta dessa ordem de experiências, isso deve estar no amor, no cultivo dos bons vínculos afetivos e não numa “educação disciplinar”.

Não vejo qualquer maneira de se tratar da questão das emoções com propriedade sem poder contar com a base fundamental do amor na forma do vínculo afetivo. É através do vínculo afetivo de qualidade, que as emoções podem ser vividas de forma saudável. Isso pois, quando nos sentimos amados nos vemos bem integrados e assim podemos tolerar mais as emoções que nos acometem. Contando com a capacidade de tolerar as manifestações das emoções, as consequências delas são sempre mais brandas.





Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17 991910375 
renatodiasmartino@hotmail.com

2 comentários:

Unknown disse...

As vezes tenho a nítida impressão de que escreve para mim!Ou é tamanha a coincidência ou será providência divina? O que importa é que sou acrescentada a cada dia mais como o conhecimento de mim mesma, através dos seus artigos....Muito oportuno esse texto professor....

Web Master disse...
Este comentário foi removido pelo autor.