sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

DA ARTE À CAPACIDADE CONTEMPLATIVA NA PRÁTICA DA PSICANÁLISE

Esse ensaio é uma proposta de reflexão sobre o conceito de contemplação na busca pela expansão daquilo que está compreendido na capacidade afetivo/emocional. O conceito de contemplação, que é foco dessa reflexão, indica uma manifestação da ampliação da capacidade de estar de acordo com a realidade do eu, e sendo assim é sinal da possibilidade do acordo com a realidade última, numa integração com a natureza das coisas.
Também na perspectiva do desempenho da prática psicanalítica a contemplação aparece como elemento de expansão. Quando nos propomos a refletir sobre a contemplação estamos diante de uma experiência perfeitamente adequada à aplicabilidade psicoterapêutica da psicanálise. Assim como numa obra de arte, que  mesmo retratando uma situação triste, ainda assim existe certa beleza a ser contemplada. Do mesmo modo que uma música triste pode despertar emoções dignas de contemplação. Também uma sessão de psicanálise, por mais que seja triste e dolorosa deve ser bela e adequada à contemplação.
Entretanto, a experiência da contemplação enfrenta normalmente, no mundo contemporâneo, uma serie de ameaças, que vão desde a escassez de tempo pela demanda financeira, até a ridicularização feita por aqueles que zombando do contemplador, se acham superiores estando sempre tão ocupados com 'sabe-se lá o que'. Assim, por conta dos afazeres, na pendência da materialidade, onde o sujeito se vê obrigado a correr como um louco a angariar dinheiro para dar conta de inúmeras cotas que na realidade muito pouco é capaz de questionar se realmente necessita ou no mínimo, indagar se isso ainda faz sentido na sua vida, o sujeito muitas vezes nem pode reconhecer a importância ou mesmo o que significa a capacidade de contemplação.
Na dimensão da psicanálise a proposta da capacitação contemplativa configura-se então num campo mais delicado ainda. A busca pela cientifização, que poderia sugerir um ar de credibilidade pode fazer com que o conceito de contemplação pareça não confiável ou mesmo uma perda de tempo na prática psicanalítica. A pressa no diagnostico, assim como a urgência na suposta solução breve dos problemas de ordem emocional fazem gerar teorias e metodologias psicológicas que se distanciam muito da proposta contemplativa. De qualquer forma, a busca por cultivar experiências como as de meditação e contemplação acaba por se tronar uma tarefa quase impossível para aquele que vive num mundo como o nosso, onde tudo deve acontecer muito rápido, assim como o sinal que movimenta a internet. Ora, com pressa não se contempla nada. Vivemos num tempo onde a tolerância às frustrações parece não ser algo muito desenvolvido e a paciência parece rara. Assim como coloca o psicanalista Walter Trinca "Todo o planeta parece estar mergulhado na poeira de um vendaval que obscurece os valores sagrados do espírito, semeando incompreensão, confusão e destruição." (Trinca, 1997). Assim, esse ensaio tem o intuito de atentar para a necessidade de buscarmos a paz interior no desenvolvimento de meios mais serenos de se viver, que se desdobrem às práticas cotidianas desde às experiências afetivas até a prática profissional, seja ela qual for.
A contemplação está presente em inúmeras áreas do pensamento humano, desde as formas mais primitivas até os modelos mais nobres e evoluídos. Apesar disso, para que esse conceito seja genuíno é imprescindível que possa contar com a inocência no encontro com o que há de mais brando na naturalidade do ser.  Quando um bebê em sua total ingenuidade, olha fixo nos olhos da mãe dedicada e possuída por seu instinto materno a amamentá-lo, realiza-se então de forma recíproca, a experiência da contemplação. Na plena candura de completa simplicidade, ele se vê nos olhos dela como se numa extensão de si mesmo e ela o contempla como a dádiva que concebeu, admirando no rosto dele a realização de sua geração. Num momento de conexão com o todo no mundo é que a contemplação se  realiza, sendo assim uma propriedade de Eros. Numa experiência de ligação de profundo amor e dependência, assim como quando estamos integrado à natureza das coisas, plenos em nossa existência. Quando livres de interferências defensivas e desobstruídos de padrões pré-estipulados, podemos contemplar os atributos da mãe natureza assim como o bebê puro o faz junto da mãe dedicada.
Mestre Patanjali
Nos dicionários encontramos definições como as de 'aplicação demorada e absorta da vista e do espírito', 'meditação profunda' e 'consideração, deferência'. (Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa). A constituição da palavra forma-se por Com, referente à junto, mais Templum que diz respeito à área sagrada. Dessa maneira podemos propor que ao contemplarmos estamos unidos num ambiente sagrado, independente da localização física que nos encontremos. A religiosidade tem um representante muito presente na prática contemplativa. Na filosofia védica a contemplação (Dhyana) aparece no ensinamento de Patanjali em seus Aforismos do Yoga, o texto clássico sobre a teoria e prática do Yoga tradicional baseado no Bhagavad Gita, livro sagrado da Índia, onde, num magnífico diálogo mito-poético,  Sri Ksna, a personalidade suprema de Deus, orienta seu devoto Arjuna. O conceito de contemplação está localizado como o sétimo tipo de treinamento (anga) dentre oito pressupostos do Mestre Patanjali, que sintetizou nos Sutras a essência da tradição do Yoga.
Mestre Padmasambhava
Também no budismo encontramos a busca da contemplação no aprendizado do Dzogchen (rdzogs-chen = grande perfeição) que consiste num sistema avançado de prática Mahayana que conduz à iluminação. Faz parte principalmente dos conhecimentos Nyingma, primeira escola do budismo a se desenvolver no Tibete, por volta do século VII/VIII DC, através do Mestre Padmasambhava, conhecido como Guru Rinpoche, o segundo Buda. A meditação (pensamento) a concentração (centro) e contemplação são aspectos da prática do zen budismo que colocados em um triângulo, a contemplação estará no ápice do triângulo com a meditação e a concentração formando a base.
 Santa Teresa de Ávila ( 1515 — 1582)
No cristianismo a contemplação aparece como certo pensamento purificado, direcionado à realização da presença de Deus. Elemento fundamental do misticismo em autores como  Santa Teresa de Ávila ( 1515 — 1582), Mestre Eckhart (1260 – 1328) e São João da Cruz (1542-1591), um dos maiores expoentes da poesia mística, que propõem passar da prática da oração discursiva, onde se ora através da verbalização, para a forma contemplativa da oração, que é solitária e silenciosa.
Sendo a atitude contemplativa equivalente ao amor, não é possível alcançar essa experiência sem que exista uma dedicação à purificação do afeto e entrega na relação que seja digna dessa ordem de experiências. A capacidade afetiva começa ser contaminada desde a mais tenra infância, quando começamos a ter de abandonar o que realmente somos para passar a ser aquilo que esperam que nos tornemos.
Mestre Eckhart (1260 – 1328)
Contaminação essa que contribui para uma visão dualista de mundo, obstruindo a possibilidade de desenvolvimento da contemplação, que necessita de integração.
Apesar disso, a intenção dessa abordagem do tema da contemplação não é a de um discurso do idealizado, numa quase inalcançável prática contemplativa, restrita aos monges e mestres privados da vida do cotidiano das cidades e confinado em seus mosteiros, mas a proposta aqui está na possibilidade diária de momentos de despojamento das materialidades e entrega num olhar poético para as coisas simples da vida. Ainda, a contemplação aqui cogitada não diz respeito ao empenho intelectual, mas a uma atitude lúdica de reencontro consigo mesmo, onde a compreensão racional não consegue alcançar.
Sigmund Freud (1856 - 1939)
Assim como em seu belo texto Escritores Criativos e Devaneio , Sigmund Freud (1856 - 1939) afirma que: "Afinal, os próprios escritores criativos gostam de diminuir a distância entre a sua classe e o homem comum, assegurando-nos com muita frequência de que todos, no íntimo, somos poetas, e de que só com o último homem morrerá o último poeta." (Freud, 1908)
Na psicanálise amiúde encontramos o conceito de contemplação como sendo uma capacidade que incide na extensão da relação consigo mesmo, no resultado da expansão da maturidade emocional. A contemplação da qual proponho reflexão aqui está na ordem do reconhecimento de si mesmo através do reconhecimento do belo no mundo.
Melanie Klein (1882 —1960)
No seu artigo Sobre a Identificação (1955/1969), Melanie Klein (1882 —1960), se utiliza da estória " If I Were You " (em português: Se eu fosse você) de autoria do romancista francês Julian Green  (1900 —1998), que foi um escritor religiosos de orientação católica, para descrever uma forma muito especial de contemplação.
Julian Green  (1900 —1998)
"Sempre que ele deava, de olhos fixos, a noite envolvente, tinha a sensação de ser suavemente erguido acima do mundo... Era quase como se, pelo simples esforço de perscrutar o espaço, se abrisse nele uma espécie de abismo, correspondendo às profundezas atordoadoras em que sua imaginação mergulhava." Isso significa, penso eu, que Fabian contempla simultaneamente a distância e o seu próprio íntimo; ao introjetar o céu e as estrelas, projeta igualmente no céu e nas estrelas os seus amados objetos internos e as partes boas de si mesmo." (Klein, 1955/1969, p.g.21)
Klein interpreta ainda que a insistente contemplação do personagem Fabian para com as estrelas seria uma tentativa de recuperar seus objetos bons, que sente perdidos ou distantes. Para tanto a que se disponibilizar a mente para que seja possível atingir o desapego das futilidades que obstruem a chance contemplativa, acessível a todo aquele que humildemente se coloca a disposição dessa experiência.
"É preciso  quebrar a  casca  se  quisermos  extrair  o  que  contém.  Pois se você quer  o cerne,  é preciso romper  o invólucro.  Assim,  se você  quer descobrir  a  nudez  da  natureza,  é  necessário  destruir  seus  símbolos e quanto  mais  você  penetrar dentro",  tanto  mais  próximo  estará  da essência: Quando chegar ao Uno, que reúne e concentra em si todas as coisas, aí você deve permanecer". (Eckhart,1941).
O bebê encontra-se puro, totalmente entregue a mãe dedicada e isso permite a eles viverem uma relação de entrega total numa experiência mutua de contemplação. No entanto momentos de contemplação, nem sempre são possíveis. Mesmo na relação mãe/bebê, assim como Melanie Klein ainda nos ensina, em sua obra “Inveja e Gratidão” de 1957, esses momentos de integração são intercalados por experiências de não integração numa intensa impossibilidade de harmonia vincular. A contemplação pura em que o bebê recebe a mãe acontece quando seu aparato sensorial está disponível e se coloca de forma aberta e arranjada, já que a quantidade de fatos armazenados na memória do bebê é mínima.
Bem, conforme a maior frequência de experiências bem sucedidas com a mãe, que resultem em acolhimento, vão sendo registrados símbolos de paz e tranquilidade, referentes aquilo que foi vivido com ela. Isso se dá num reconhecimento de sua bondade e dedicação à ele e assim também se amplia a capacidade de contemplação e com isso desenvolve-se o desejo de retribuição. Porém, quando o objeto de desejo do bebê (a mãe) se mostra inacessível, a inveja se intensifica e a capacidade de contemplação fica comprometida. Dessa maneira, fica claro que a capacidade de contemplação está diretamente ligada às capacidades de gratidão. Disponibilizar o aparato sensorial para a contemplação é ser capaz de desapegar-se das experiências sensoriais anteriores e dirigir uma novo apreciação daquilo que se contempla, num olhar com bons olhos.
"Reconhecer tanto por ser grato, quanto como no desenvolvimento da capacidade de se desvencilhar de dados armazenados na memória e propor-se a conhecer novamente. A mãe/continente reconhece o bebê em cada encontro, grata pelo presente que recebeu da vida. O bebê aos poucos vai reconhecendo a bondade da mãe e, grato, tenta retribuir. Com a autoconfiança, resultado do autoreconhecimento aprendido na relação com a mãe - por ter sido reconhecido por ela - o bebê posteriormente poderá expandir-se num bom vínculo com o mundo, para além do vínculo primitivo com a mãe, onde o pai ainda é uma expectativa sem experiência externa." (Martino, 2015, pg.78)
A partir da realidade física, desenvolve-se a capacidade sensorial que então abre a possibilidades da ampliação da realidade com suas características superficiais para a expansão na pneumática supra sensível à realidade simbólica, que permite a capacidade de contemplação na realidade ultima do 'estar sendo'. Aquilo que se mantém dentro da perspectiva da contemplação não pode compor-se simplesmente dos dados armazenados na memória, através da captação dos órgãos dos sentidos, mas se encontra para além disso, na possibilidade da recordação.  "A recordação, diferente da memória, que necessita ser caçada e capturada, emana espontaneamente, ungida de afeto, num dar novamente ao coração."  (Martino, 2015, pg.92). Num movimento de ver com o coração, a contemplação parte da capacidade afetiva e isso pouco tem haver com padrões pré-estipulados, justamente o que poderia fazer parte dos compartimentos da memória. A capacidade contemplativa está diretamente ligada à capacidade de simbolização e o símbolo é criado a partir de referenciais afetivamente saudáveis. Assim como a raposa de Antoine de Saint-Exupéry (1900 - 1944)  no “Pequeno Príncipe”, aprende a contemplar os campos de trigo, que antes não importava a ela, por recordarem o principezinho que havia partido.

“Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram de coisa algu¬ma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos doura-dos. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...” (Saint-Exupéry, 1943).

A imagem de uma mulher idosa por exemplo, pode ser muito mais adequada à contemplação do que uma jovem maquiada e muito bem arrumada. Isso pois a contemplação acontece independente das características de valor palpável, mas se estabelece através de algo que transcende a materialidade das coisas. A estética contemplativa se encontra num nível independente de julgamento e próximo do silencio interior.
Wilfred Bion (1897 - 1979) 
Ainda na psicanálise, Wilfred Bion (1897 - 1979) propõe no seu seminário realizado em Paris, em 1978, impresso em 1986, na Revue dePsychotherapie Psychanalytique de Groupe, que:
"Não podemos nos dar o luxo de botar de lado as conjecturas imaginativas, com o argumento de que elas não são científicas — você poderia também jogar fora a semente de uma planta, com a justificativa de que não é um carvalho ou um lírio, mas apenas lixo. Isso se aplica a tudo que ocorre no consultório. Mas eu digo que valeria a pena considerá-lo não o seu consultório; e, sim, o seu ateliê. Que espécie de artista é você? Um ceramista? Um pintor? Músico? Escritor? Na minha experiência, um número enorme de analistas não sabe que tipo de artistas são." (Bion, 1986)
Assim como coloca em sua obra As Transformações, de 1965, Bion inclui numa só categoria todas as manifestações do pensamento humano possíveis de evolução para a contemplação, também a psicanálise deve se enquadrar nessa classe, na expansão da mente em direção à realidade ultima.
Wilfred Bion (1897 - 1979) 
"Ao usar os elementos concretos de transformação (isto é, o tema estimulando o artista), de uma lado da cadeia de eventos, e a pintura terminada, do outro, eu o fiz, trazendo um modelo para parte do todo - a que se passa na mente do artista. A esfera do psicanalista está entre o ponto em que recebe as impressões sensíveis e aquele em que expressa a transformação que ocorre." (Bion, 1965/1991, p.g. 56)
Bion privilegia o silêncio, que assim como no artista permite a intuição contemplativa, simultaneamente união e admiração silenciosa da contemplação. Bion denominou At-One-Ment (estar-uno-a), a experiência do acordo com ser compassivo, termo que é derivada do termo religioso atonement, que por sua vez significa redenção, reconciliação, concórdia. A possibilidade de estar-uno-a, assim como coloca Bion, no capitulo Realidade Sensorial e Psíquica, de sua obra Atenção e Interpretação, é fundamental para que seja possível passar do nível do saber "K", para o nível do ser "O".
"Nenhuma descoberta psicanalítica é possível sem que haja um reconhecimento de sua existência, evolução e um "estar-uno-a-ela". Os místicos religiosos provavelmente foram aqueles que chegaram mais perto de conseguir expressar a experiência da verdade absoluta. Sua existência é igualmente fundamental para a ciência e para a religião. De modo inverso, a abordagem cientifica é tão necessária para a religião como oo è para a ciência, e tão ineficaz quanto, até que ocorra uma transformação K > O"." (Bion, 1970/2007, p.g.44)  
Bion se utiliza do termo At-One-Ment no sentido da compaixão, a comunhão possível entre a mente do analista e a do paciente, propiciando a presença da realidade última. Porém, para se atingir esse estado de contemplação é necessário restaurar o equilíbrio numa reparação dos danos causados pela saturação dos órgãos dos sentidos, que com intensidade aguçados, não permitem a possibilidade de transcendência da apreensão. A reintegração das partes da personalidade carece de reconciliação consigo mesmo para tornar-se inteiro novamente. A busca de um esvaziamento da mente, numa diminuição drástica da memória, do desejo e ânsia pela compreensão se dispondo a um novo olhar curioso, respeitosamente interessado e contemplativo sobre aquilo que se observa.
A contemplação acontece sempre no tempo presente, assim,  não pode se realizar no passado, muito menos no futuro. "Podemos considerar as memórias como possessões; diz-se que os desejos - embora situados "na" mente da mesma forma que as memórias, e, portanto, sendo igualmente "possessões" - "possuem" a mente."  (Bion, 1970, p.g. 47). Esse estado de não saturação da mente é representado por Bion pela noção de “capacidade negativa”, na possibilidade de permanecer num estado de dúvidas e incertezas, sem apressar-se nas formações de significados.
John Keats (1795 - 1821)
O termo aparece em 1970 no livro Atenção e Interpretação, e foi extraído por ele de uma carta escrita pelo poeta inglês John Keats (1795 - 1821). Para Bion a capacidade negativa deve ser utilizada como um modelo de abordagem para seus trabalhos. Se as pré-concepções do analista já estiverem saturadas com o que se deve, ou se deseja encontrar, ele não tem como entrar em contato com a experiência do momento presente, para que a mesma possa estar de acordo com a realidade. Para Bion, "A receptividade alcançada pela desnudação de memória e desejo (que é essencial à operação de "ato de fé") é essencial para a operação de psicanálise e outros procedimentos científicos." (Bion, 1970/2007, p.g. 40)
Em Cogitações (1960- 1992), Bion revê o que propôs como conceito de função alfa, adicionando a necessidade do analista ‘sonhar’ o sonho do analisando. A partir dessa proposta a  função revêrie permitiria a contemplação estética e reflexiva da experiência emocional na sessão psicanalítica. Contudo, para que isso seja possível é necessário que ocorra profunda concórdia entre o analista e o analisando, estando ambos suficientemente entregues à essa experiência emocional.
Bion não se poupou de resgatar sua origem indiana com todos ensinamentos meditativos e contemplativos, nos passa tempos de Sri Krsna contados a ele por sua babá indiana, sua querida Ayah, nos ensinamentos do Bhagavad Gita, a "Canção de Deus", assim como, mais tarde, buscou nos místicos São João da Cruz, Jan Ruysbroeck (1293 - 1381), que rebateu o formalismo intelectualista de sua época, Isaac Luria (1534-1572), emblemático medieval da Cabala, e Mestre Eckhart, na sua busca pelo desprendimento.
Entretanto, por maior que seja o grau de maturidade e o alcance de evolução na expansão da consciência, inúmeros fatores, além desses, devem contribuir para que essa prática contemplativa se torne acessível e então seja possível a entrega à essa ordem de experiências. Uma mente conturbada não pode ser capaz de contemplação. O sentimento de culpa não elaborado pode ser um fator obstrutivo do desenvolvimento dessa ordem de capacidades. Quando inundado pela culpa e sem capacidade de se responsabilizar pelo fato do qual se sente culpado, o sujeito pode julgar-se não merecedor daquilo que muitas vezes o rodeia. Dessa maneira, o que seria digno de contemplação passa despercebido e assim fica desprezado do olhar do possível contemplador. No entanto, não pode haver culpa no que está acima de todas as divisões.
Immanuel Kant (1724 - 1804)
A contemplação daquilo que é belo, antes de tudo, deve ser o resultado de um vínculo bem sucedido entre sujeito contemplador e objeto contemplado (onde os dois podem ocupar as duas funções ao mesmo tempo, na experiência), deve estar despojada do interesse de formar um conhecimento definido, portanto, livre de julgamento determinante. Immanuel Kant (1724 - 1804) nos sugere que, “Quando se julgam objetos (…) segundo conceitos toda a representação da beleza é perdida. Logo, não pode haver uma regra segundo a qual alguém devesse ser coagido a reconhecer algo como o belo” (Kant, 1790/1995). Esse importante filósofo ainda nos orienta, em sua “Analítica do Belo” que:
"Para considerar algo bom, preciso sempre saber que tipo de coisa o objeto deve ser, isto é, ter um conceito do mesmo. Para encontrar nele beleza, não o necessito. Flores, desenhos livres, linhas entrelaçadas sem intenção sob o nome de folhagem não significam nada, não dependem de nenhum conceito determinado e contudo aprazem. A complacência no belo tem que depender da reflexão sobre um objeto, que conduz a um conceito qualquer (sem determinar qual), e desta maneira distingue-se também do agradável, que assenta inteiramente na sensação." (Kant, 2005, p. 52)
Artur Schopenhauer ( 1788 — 1860)
Ainda no âmbito filosófico, em Athur Schopenhauer (1788 - 1860), encontramos a contemplação como fundamento. Schopenhauer que tem a base de sua proposta filosófica na leitura dos Upanishads, que são comentários sobre as escrituras sagradas da Índia, os Vedas (texto do qual o Bhagavad Gita faz parte) e o Vedānta ("o fim do Veda"). A palavra Upanishads deriva dos termos sânscritos upa, que quer dizer "perto", ni, que significa "embaixo" e então chad, referente à "sentar", compondo assim, o conceito do ato de sentar-se próximo ao mestre espiritual, para ouvi-lo.
A inspiração de Schopenhauer para a contemplação deriva, além do estudo dos Upanishads, também das leituras de Platão e de Kant, que fundamentariam a elaboração e a compreensão de seu próprio pensamento. Apesar de buscar em Kant os conceitos de nôumeno ou da coisa-em-si, que constitui o incognoscível, inacessível ao conhecimento e o fenômeno (do Grego Phainomenon, “o que é visto, o que surge aos olhos”), que representa o empírico, na aparência das coisas, para o filósofo Shopenhauer a coisa-em-si é vista como vontade, que  antecipa-se aos fenômenos e assim pode, então ser atingida por meio da contemplação estética. Assim, também, em relação a Platão, a vontade é a ideia si mesmo e antecipando as percepções sensíveis, sendo arte, por exemplo, um meio para contemplação das ideias.
" Esta transição possível, porém, sempre excepcional, do conhecimento comum de coisas individuais, ao conhecimento da ideia, ocorre de modo repentino, ao arrancar-se o conhecimento ao serviço da vontade, por cessar precisamente o sujeito de ser meramente individual, tornando-se agora sujeito puro do conhecimento, destituído de vontade, não mais se ocupando, conforme o princípio de razão, das relações; mas repousando e sendo absorvido na contemplação firme do objeto oferecido fora de quaisquer conexões com outros." (Schopenhauer, em O Mundo Como Vontade e Representação, Livro III, #34).
A arte, em Schopenhauer pode ser capaz de reportar as ideias eternas, sendo acessadas por meio da contemplação, agindo independente do principio da razão, que busca seu valor nas materialidades das coisas práticas da vida. Para Schopenhauer, através da arte é possível uma superação da dualidade sujeito-objeto. Pela capacidade de contemplação profunda da experiência estética, a distinção entre o si mesmo e o objeto contemplado passam a constituir uma unidade: o cerne comum que é compartilhado.
"Como vontade, fora da representação e de todas as suas formas, ela é uma e a mesma, no objeto contemplado, e no indivíduo que, elevando-se por esta contemplação, se torna consciente de si como puro sujeito; estes dois por isto não são em si diferenciáveis, pois em si são a vontade que se conhece a si mesma, e é somente do modo pelo qual este conhecimento se lhe constitui, i.e. somente no fenômeno, graças à sua forma, o princípio de razão, multiplicidade e diversidade." (Schopenhauer, em O Mundo Como Vontade e Representação, Livro III, #34).
Essa experiência descrita pelo filósofo, que segundo Freud, mais contribuiu para a estruturação do pensamento psicanalítico, é representada de forma bela na relação entre o bebê fixo no olhar da mãe dedicada. Schopenhauer ainda distingui o homem comum do gênio, justamente na disponibilização do gênio para o olhar contemplativo enquanto o homem comum busca na investigação e dedução seu encontro com as coisas do mundo. O humano comum, para Schopenhauer busca o conhecimento através de uma lanterna que ilumina o caminho, mas gênio tem o sol que revela o mundo, trazendo a marca da intuição, da contemplação.
"...e a essência do gênio consiste justamente na capacidade predominante para tal contemplação: como esta requer um esquecimento completo da própria pessoa e de suas relações; assim a genialidade nada mais é do que a mais perfeita objetividade, i.e. orientação objetiva do espírito, contraposta à subjetiva, dirigida à própria pessoa, i.e. à vontade." (Schopenhauer, em O Mundo Como Vontade e Representação, Livro III, #36).
No entanto, a grande dificuldade encontra-se em grande parte no fato de que a possibilidade de desenvolvimento da capacidade contemplativa está distante das atividades do cotidiano da maioria das pessoas. Se dispor à essa ordem de experiências representa uma parada catastrófica numa quebra do ritmo desenfreado do cotidiano, que está focado na busca pela materialidade das coisas. Por conta disso é sentida à princípio como desagradável, na maioria das vezes. Nessa questão a religiosidade pode surgir como um recurso eficaz na busca pela paz interior. Assim como no verso 33 do Bhagavad Gita, onde Arjuna diz:“Kṛṣṇa, esse Yoga que foi ensinado por você como igualdade; eu não vejo a existência firme dessa igualdade devido à inconstância da mente”. E  no verso seguinte diz: “Pois a mente é inconstante, atormentadora, poderosa, obstinada, ó Kṛṣṇa! Eu considero o controle da mente tão difícil como o controle do vento”. Kṛṣṇa, então responde ao guerreiro, no verso 35: “Sem dúvida Arjuna, a mente é inconstante e difícil de ser controlada. Porém, ó Arjuna,a través da repetição e do desapego, ela é disciplinada”.
A contemplação está simbolicamente ligada ao olhar; olhar com bons olhos, sendo que seu inverso se encontra na inveja que leva a olhar com maus olhos, no termo popular do mau olhado. Pelo fato de que a contemplação está associada ao olhar, assim como, olhar alguma coisa com atenção e cuidado, quando nos encontramos num movimento de ciclo vicioso, em busca de adquirir e acumular bens materiais, o olhar não estabelece contato contemplativo e não pode cria envolvimento, simplesmente não vê. O ato de contemplação refere-se a capacidade de respeitar e a etimologia da palavra nos orienta quando propõe que o termo vem do "Latim respectus, particípio passado de respicere, “olhar outra vez”. Do re, “de novo”, mais specere, “olhar”: a ideia é de que algo que merece um segundo olhar em geral merece respeito." (Martino, 2013, p.g. 57). Na supervalorização do "ter" olhar o mundo com respeito se torna incomum e infrequente e finalmente impraticável. Da mesma maneira, nosso mundo interno fica privado desse olhar e tende a definhar, ausente de amor, respeito e atenção. Isso pois, o olhar que dirigimos ao mundo externo reflete a forma como olhamos para nós mesmos.
Em outra oportunidade pude ensaiar sobre a reflexão de 'Como
Fazer Uma Leitura Proveitosa' e então propus que:
"A contemplação do conteúdo do texto é uma capacidade rara, e que não pode ser aplicada a qualquer texto. Alguns textos trazem uma conotação poético-artistica e permitem que o leitor desloque a leitura da busca cultural numa dimensão contemplativa, tanto do conteúdo quanto da forma de escrita. Porém, a ânsia por compreensão e a busca voraz pelo saber pode dificultar esse aspecto. Quando o que se deseja é entender, muitas vezes, a contemplação se torna impedida." (Martino, 2014)
Sigmund Freud (1856 - 1939)

Na ânsia por entender o conteúdo faz com que predomine a mentalidade estritamente cientifica que se vê então, obstruída e dificulta o desenvolvimento da capacidade contemplativa. Os textos de Freud, assim como de outros pensadores, transcendem o vértice científico e expandem-se na possibilidade contemplativa. Isso por conta do teor belo de suas colocações, que são de cunho emocional e sempre resgatando elementos como amor e verdade, enriquecidas por obras poéticas de outros pensadores. O pai da psicanálise, em carta de 06 de dezembro de 1906, ao seu discípulo Carl Gustav Jung, chega a escrever que: "Poder-se-ia dizer que a cura é essencialmente efetuada pelo amor." (Freud, 1906). Ainda assim, Freud em seu "Mal Estar na Civilização", (1930)  revelou: "Não consigo descobrir em mim esse sentimento ‘oceânico’". Bem, para Freud o sentimento de inclusão nunca fora muito presente em sua vida, isso pelo fato de ser ele judeu.
"Quando em 1873, ingressei na universidade, experimentei desapontamentos consideráveis. Antes de tudo, verifiquei que se esperava que eu me sentisse inferior e estranho porque era judeu. Recusei-me de maneira absoluta a fazer a primeira dessas coisas. Jamais fui capaz de compreender por que devo sentir-me envergonhado da minha ascendência ou, como as pessoas começavam a dizer, da minha ‘raça’." (Freud em Um Estudo Autobiográfico, 1925 [1924])
Além disso, Freud sempre se sentiu afastado da classe medico científica e a criação da psicanálise, em grande parte, partiu desse sentimento de inadequação proposta simplista de que o mal estaria no corpo físico.

"Fui compelido, além disso, durante meus primeiros anos de universidade, a fazer a descoberta de que as peculiaridades e limitações de meus dons me negavam todo sucesso em muitos dos campos da ciência nos quais minha jovem ansiedade me fizera mergulhar." (1925 [1924])
Romain Rolland (1866 — 1944)
No entanto, no mesmo texto Freud segue dizendo sobre o 'sentimento oceânico', que, "Segundo minha própria experiência, não consegui convencer-me da natureza primária desse sentimento; isso, porém, não me dá o direito de negar que ele de fato ocorra em outras pessoas".  Trata-se de um sentimento de comunhão ou identidade com a natureza que seu amigo Romain Rolland (1866 — 1944) novelista, biógrafo e músico francês, conceitua "como uma sensação de ‘eternidade’, um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras – ‘oceânico’, por assim dizer". Rolland escreveu “A vida de Ramakrishna”(1929), biografia do místico Indiano Ramakrishna Paramahansa (1836-1886), um dos mais importantes líderes religiosos da Índia, muito respeitado e tido como um mensageiro de Deus. Rolland  descreve esse sentimento, segundo relata Freud, como puramente subjetivo, e não um artigo de fé e que não traz garantia de imortalidade, mas compõe a fonte da energia religiosa de que se apoderam as diversas Igrejas e sistemas religiosos. Esse 'sentimento oceânico’ representa a condição do desenvolvimento da capacidade contemplativa aqui cogitada.
Ora, Freud tinha a pretensão de compreender os sentimentos pelo olhar científico. A criação e desenvolvimento da psicanálise, naquela época, sofria com essa necessidade de atender à certos critérios científicos, caso contrario correria o risco de ser desacreditada. Freud ainda reconhece que "Não é fácil lidar cientificamente com sentimentos. Pode-se tentar descrever os seus sinais fisiológicos." (Freud, 1930). Dessa forma a concepção freudiana da religião não ultrapassa o plano da realidade psíquica, carecendo então de outros pensadores, como Bion, trazer uma oportunidade de expansão para que a psicanálise pudesse receber contribuições das formulações religiosas. Ainda assim, mesmo que Freud relatasse sua dificuldade em reconhecer certa condição dessa espécie em si mesmo, a criação e desenvolvimento da psicanálise nunca poderia ter sido realizada sem uma grande capacidade contemplativa da natureza psíquica.
"Mas, se quisesse relatar meus próprios sonhos, a consequência inevitável é que eu teria de revelar ao público maior número de aspectos íntimos de minha vida mental do que gostaria, ou do que é normalmente necessário para qualquer escritor que seja um homem de ciência e não um poeta." (Freud, 1900)
Além do mais, Freud era um grande apreciador da poesia e admirador de poetas como  Shakespeare e Goethe, se utilizando amiúde desses gênios da escrita contemplativa para ilustrar suas teorizações psicanalíticas. Na realidade, a dificuldade da experiência da contemplação no âmbito oceânico, me parece ser um problema na ordem do discurso e Bion nos orienta em sua obra As Transformações quanto à dificuldade que temos nessa  articulação, quando propõe que:
"É mais fácil aceitar como verdadeiro que alguém não pode entender música ou não pode entender pintura do que aceitar a existência de uma dificuldade semelhante quando se considera o discurso. Mas, às vezes, penso que é assim: o próprio meio do discurso não é compreendido." (Bion, 1965/2004, p.g. 78).
Assim, a palavra não deve ser confundida com a coisa-em-se, assim como nos ensina Kant, já que como nos orienta Bion, ainda em Transformações:
"A palavra falada parece importante apenas por ser invisível e intangível; a imagem visual, de modo similar, é importanteo por ser inaudível. Toda palavra representa aquilo que não é – uma não-coisa; que deve ser discriminada do nada." (Bion, 1965)
São João da Cruz propõem a condição de maturidade emocional e espiritual, que dispensa as certezas, das quais a ciência nos oferece, para que se esteja preparado para passar da oração discursiva, para a configuração contemplativa da oração, que então, seria solitária e silenciosa. Numa transformação das configurações dos elementos da mente o desapego de tudo que até então ocupava os sentidos. Despojar-se da ponderação do intelecto na racionalidade das coisas, em direção da paz interior, na quietação e descanso. Nessa perspectiva os atos e exercícios intelectuais são obstrutores da atenção dedicada e amorosa em Deus.


São João da Cruz (1542-1591)


Entrei-me adonde não soube
e quedei-me não sabendo,
toda ciência transcendendo.
Noite Escura - São João da Cruz





Para São João da Cruz, a princípio a contemplação acontece de forma sutil, quase imperceptível. Para esse importante místico amplamente citado por Bion, a passagem da oração discursiva, para a oração contemplativa só pode acontecer após um longo período do que chamou de "noite passiva dos sentidos".
Assim fica claro que a maturidade emocional é a condição fundamental para que a capacidade contemplativa se expresse de modo pleno. Porém, é importante lembrar que maturidade não constitui-se em termos de idade cronológica, logo, em qualquer idade é possível desenvolver recursos para vivenciar momentos de qualidade contemplativa, instantes de profunda integração e harmonia na universalidade do sentimento. Esta universalidade subjetiva realiza uma espécie de senso comum, numa comunhão de sentimentos que aproxima a humanidade.

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Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
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