O pressuposto para a renúncia é a responsabilização. Aquele que não se responsabilizou por alguma coisa, não é capaz de renunciar a esta coisa. Ele só passa a ser capaz de renunciar a alguma coisa a partir do momento que ele reconhece aquilo, que ele passa a respeitar a si mesmo em relação à aquilo e passa se responsabilizar por aquilo. Aí ele pode realmente renunciar a isso. senão, não é renúncia. Senão, é repressão. Se não ficou escondido.
RENÚNCIA DO ÉDIPO
Eu vou te dar um exemplo básico. Vamos pensar no exemplo edípico, assim como Freud nos trouxe. A criança deseja ter a mãe só para ela, então, ela percebe que ela deseja a mãe só para ela. Consequentemente, inclui o desejo de excluir o pai. Ele passa a reconhecer que realmente esse desejo existe, passa a respeitar a si mesmo por conta daquilo. Porque, muitas vezes, quando o sujeito reconhece isso ele passa não respeitar isso. E aí, ou ele pode abortar o processo, ou ele pode ali, desenvolver uma perversão e realmente pegar a mãe para ele e matar o pai. E aí, a partir desse respeito, ele passa a se responsabilizar por aquilo. “Não, realmente isso acontece comigo, eu me responsabilizo por isso.” A partir daí, ele é capaz de renunciar a isso, ou seja, sem julgamento. Eu passo a reconhecer, eu passo a respeitar e me responsabilizar, porque não me julguei, por conta disso. Porque, se eu me julgar por conta disso, o que que vai acontecer? Ou, eu vou me condenar, me sentir inferiorizado, ou eu vou condenar o outro, projetando esse desejo no outro e inferiorizando o outro. “Ou” e “e”. Pode acontecer uma coisa e outra. Se ele não reconhece, não respeita e não se responsabiliza, o que ele pode fazer é reprimir isso e reprimindo isso, ele vai desenvolver um modelo substitutivo para isso. Ou seja, ele vai levar isso vida fora, desdobrando em outras relações, com outras coisas, que vão repetir este mesmo modelo.
Prof. Renato Dias Martino
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