O
ESPAÇO AFETIVO
Grande
parte dessas patologias que foram desenvolvidas pela psiquiatria, TDAH, déficit
de atenção e todas essas coisas que as crianças estão sendo diagnosticadas, tem
este fundo de, na realidade, essas crianças estarem procurando a mãe. “Cadê a
minha mãe?” E procura num lugar, não está ali, procura no outro lugar, não está
ali. Então, ela não consegue se concentrar em nada, porque na realidade antes
ela precisa ter vivido essa experiência de acolhimento com a mãe. Mas aí você
diz: "Ah, mas a mãe tá ali!" Pois é! E ela olha para mãe e ela não
consegue encontrar a mãe na própria mãe, porque é uma desconhecida, porque
viveu a vida inteira em instituições sendo cuidado por outras pessoas. As
crianças vêm no mundo sem espaço para estar neste mundo. E não é um espaço
físico, é um espaço afetivo.
TEMPO
DE QUALIDADE
Na
linguagem contemporânea se desenvolveu uma ideia de “tempo de qualidade”. No
desenvolvimento da criança não existe “tempo de qualidade”. A mãe precisa estar
junto dele o tempo todo, porque esse tempo de qualidade não vai incluir as
experiências que vão acontecer, independente do tempo, independente do momento.
Uma criança, precisa da mãe para desmamar. Uma criança precisa da mãe para
desfraldar. E não é no tempo de qualidade que isso vai acontecer, é o tempo
todo. A criança não vai escolher o momento que a mãe está disponível para dar o
“tempo de qualidade” para que ela apresente as necessidades desta mãe.
CONEXÃO
COM A MÃE
Na
minha época de criança, a experiência mais horrível que uma criança poderia
viver é se perder no supermercado. A mãe te levava para fazer compra e você se
perdia dela no meio das gôndolas, das prateleiras do supermercado e você
entrava num desespero e começava a chorar desesperadamente até que alguém
pegasse você e falasse no microfone: "Fulana, seu filho está aqui na
recepção". E aí, a tua mãe ia te buscar e você estava aliviado. Hoje as
crianças não têm mais nem referência de quem é a mãe, porque desde pequenininha
foram criados pela tia da creche, pela babá, sabe lá por quem, e não
conseguiram criar esta conexão com a mãe. E para ela tanto faz, se é a mãe ou
se é o tio do supermercado, ela já não tem mais esse desespero de ter perdido a
mãe. Triste isso, né?
FUNÇÕES
Quando
eu falo aqui da função materna, eu estou falando implicitamente da função
paterna. Não há como exercer a função materna de maneira suficientemente boa ou
de maneira bem-sucedida sem a presença atuante da função paterna. Não tem como.
ORIGEM
DO CAOS
As
crianças estão sendo abandonadas. Os exemplares da espécie humana que a gente
está deixando para o mundo são de péssima qualidade, não foram cuidados, não
tiveram atenção, foram abandonados na mão de terceiros e vão se criando
espécimes despreparados e vão criando ideologias e ideias estapafúrdias, ideias
bizarras que vão tomando conta da sociedade. Não foi cuidado e agora se
transforma num adulto que tenta impor a suas ideias psicóticas. E isso tende a
piorar, porque as escolinhas, as creches estão inundadas de crianças. E essas
crianças que estão se tornando adultos, que estão inundando as casas de repouso
e os asilos de idosos, porque não foram cuidadas e não vão cuidar daqueles que
não cuidaram delas.
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