quarta-feira, 11 de maio de 2011

Entrevista sobre ‘Muito barulho por nada’ (na integra)


Entrevista sobre ‘muito barulho por nada’ (na integra)
Gisele Bortoleto - Por que existem pessoas que agem sempre da mesma forma diante das adversidades e problemas, achando que tudo errado acontece com elas?

Prof. Renato Dias Martino – Quando propomos uma experiência que possa ser comparada mesmo que metaforicamente (como você sugeriu) como se ocorresse uma tempestade num copo d’água, é importante percebermos que isso talvez nos sugira um sujeito que compreenda seu mundo na dimensão de um simples copo d’água. Isso, sobre tudo no que diz respeito às suas características como restrito, frágil e inacessível. Penso que viver uma experiência dessa ordem nunca é pela escolha, mas pela incapacidade de perceber uma possibilidade de navegar para além desse plano.

Gisele Bortoleto - Fazer sempre muito barulho por nada indica algum tipo de problema? Isso pode resultar em algum problema mais sério?

Prof. Renato Dias Martino – Sim, indica que essa pessoa necessita de certa atenção especial. É um sinal de que se sente extremamente ameaçada, muitas vezes com coisas simples e pequenas. Isso pode ser tanto um sinal de alguém que passa por uma crise séria e que talvez não esteja encontrando recursos eficientes para comunicar esse momento delicado às pessoas do seu convívio sem a ajuda do outro dificilmente sairá dessa posição, como também pode ser o indicativo de algo mais sério ainda, que possa estar acometendo no nível emocional e isso pode emergir como uma hipersensibilidade às ameaças internas e externas.
Gisele Bortoleto - É possível evitar esse tipo de comportamento e agir diferente? De que forma?
Prof. Renato Dias Martino – Nosso mundo, a priori, se faz assim, limitado, delicado, isso porque a capacidade de se reconhecer a si mesmo e também o mundo, parte de um modelo de percepção realmente restrito e quebradiço. Assim é a capacidade de percepção do bebê e também é assim sua concepção de mundo. Dentro desta perspectiva, qualquer desequilíbrio representa realmente um perigo enorme e até mesmo uma simples privação pode parecer o prenúncio de destruição e se esse bebê estiver saudável, o choro não tardará. Logo, estar sempre atento às ameaças, quando se é frágil de mais, é antes de tudo prudência.
Penso que ‘agir diferente’ deve ser sempre uma extensão do ‘ser diferente’, caso contrario, não passará de um fingimento para agradar e receber a aprovação do outro. Não podemos esquecer que falamos aqui da maturidade emocional e isso só se consegue sem pressa, com muito esforço e sempre com a ajuda do outro.
Gisele Bortoleto - Mudar a forma de pensar pode ajudar a aceitar melhor a vida? Quais os benefícios que a pessoa pode ter se mudar seu comportamento diante dos problemas?
Prof. Renato Dias Martino – Essa limitação original da habilidade de reconhecimento do mundo e das próprias capacidades vai se expandindo conforme a possibilidade de estabelecimento de vínculos seguros (afetivos) com aquilo que se encontra no mundo externo, além do eu, ou seja, o vínculo com o outro. Isso é justamente o que eu chamo de maturidade emocional. Também a capacidade de enfrentar intimidações externas e internas e não se sentir tão vulnerável ante as ameaças, encontram-se na mesma perspectiva. É justamente através dos vínculos que expandimos nossos mundos internos e externos.
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/  

3 comentários:

Liliane Sanches disse...

Muito interessante a entrevista, Renato. Me faz pensar, também, no oposto. Nas pessoas que colocam uma cadeira na varanda e esperam a vida passar. Também seria uma forma de imaturidade emocional. Penso nos diversos aspectos que poderiam ser responsáveis por essas atitudes...
Enfim, parabéns pela entrevista. Achei realmente interessante.
Beijo...

Prof. Renato Dias Martino disse...

Muito obrigado querida Liliane!
Beijão!

Prof. Renato Dias Martino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.