Para a psicanálise o ego é a parte organizada na estrutura da personalidade. Junto com id, que é o representante das necessidades mais básicas e o superego, parte da mente que se coloca como juízo censor e crítico, o ego forma o esquema criado por Freud chamado Segunda Tópica da Mente. Enquanto o ego representa ‘o que se está sendo’, o superego, aliado às forças que brotam do id, cria ‘o que se deveria ser’. O ego é estruturado e se desenvolve conforme as experiências bem sucedidas nos vínculos afetivos. Experiências de relacionamentos afetivos que possam contar com a combinação de amor e verdade, compõem e dão manutenção ao ego.
A ideia de Freud para o ego (eu) é justamente como sendo uma parte do id, modificada pelo contato com a realidade. Surge como fator de ligação para os processos psíquicos. Parte do aparelho psíquico que abre mão do princípio do prazer em nome do princípio da realidade. Dessa maneira cada parte do id que se torna ego deve então abrir mão de certa cota de satisfação de prazer, logo deve haver ai certa tolerância ao desprazer. Martino, 2012.
O ego concorda com a autoestima. O que em psicanálise chamamos de ego coincide com o quanto o sujeito é capaz de amar a si mesmo e assim sendo, também o quanto será capaz de amar o outro. A experiência do vínculo afetivo com o outro traz a chance de criar um vínculo afetivo consigo mesmo. A criança aprende a amar-se a si mesma através do amor da mãe.
Sendo a parte mais arranjada da mente, é o que de bom podemos encontrar em nós mesmos. É do ego a função do pensamento. Da capacidade do ego são definidos os sensos de direção, consciência, organização, assim como as capacidades afetivas mais nobres dos vínculos que se tem com o ‘eu’ e com o ‘outro’.
É prejudicial viver na escassez de oportunidades de experiências afetivas que possam nutrir o ego. Isso pois o ego pode enfraquecer quando privado de vínculos afetivos nutridores.
A disposição para a consciência que leva à maturidade do ego, depende da capacidade de tolerar frustrações. O ego é a parte domada do eu. Quanto mais se é capaz de adiar as satisfações imediatas, tanto maior será a capacidade do ego.
Quando não existe a chance de se estruturar o ego através de experiências afetivas bem sucedidas o que acontece é que o sujeito se encontra demasiadamente empobrecido (resultado a escassez de oportunidades reais de vinculação afetiva) e por conta disso cria defesas para esconder essa fragilidade. Se sentindo ameaçado cria um falso eu que parece superior, mas que na verdade não vai além das aparências.
Um ego quando bem estruturado, traz características de humildade, compaixão e capacita ao acolhimento, diferente de um ego inflado que sem substancia ou conteúdo, arma-se sempre de arrogâncias e exclusivismos.
FREUD, S. Obras Completas. Standad 14, Londres: Hogarth, 1980.
Martino, Renato Dias. Primeiros Passos Rumo à Psicanálise - 1. ed. - São José do Rio Preto, SP : Vitrine Literária Editora, 2012.
Fone: 17- 991910375
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