Numa visão
superficial da obra freudiana, a conceptualização do amor pode ser facilmente
mal interpretada. Se não for pesquisado de forma cuidadosa o conceito pode
tomar uma proporção um tanto quanto rasa. Isso, pois, é encontrada
frequentemente coincidindo com o termo libido, se restringindo no desejo que se
sente por alguém, ou algo. Uma tendência do funcionamento mental a se
pronunciar em direção ao objeto de desejo, a pulsão de vida descrita por Freud.
Eros, o deus do amor na mitologia grega, serve como ilustração. Entretanto, o
autor que aqui escreve procura desenvolver um quadro que inclui o amor como
sendo certa capacidade que guarda a característica do desenvolvimento.
Ainda que
oriunda desse mesmo desejo (libido), entretanto, enquanto amor, não permanece
meramente como desejo que se pronuncia em direção a um objeto ou a si mesmo
(narcisismo), mas que evolui como inclinação em acolher esse objeto e contê-lo.
O ‘amar’: aquela que talvez esteja (assim como a sinceridade) entre as mais
sublimes capacidades que um ser humano pode desenvolver, pode nascer do desejo,
mas desse estágio deve evoluir. Isso considerando que estamos diante da
nomeação de certa experiência que está disposta ao desenvolvimento dentro de
uma graduação evolutiva, onde, mediante a um ambiente propicio, tende a
expandir-se pra além de sua forma original.
Partindo de suas formas mais toscas
e rudes, até tomar configuração mais alargada, mais elevada e por isso
desenvolvendo características nobres. Cada evolução dessa experiência confere
então uma nova nomeação que adequará a relação entre conceito e experiência.
Na ausência
desse desejo do qual Freud chamou de Eros e que aqui elegemos como protótipo de
amor e é responsável pela integração das partes, o que se apresenta é a
quietude ilustrada na teoria freudiana, por Thânatos, que conduz a dissociação
das partes.
Um processo de involução, uma ação defensiva de retirada do amor do
objeto e redirecionando-o para si mesmo. Duas tendências: amor do outro e amor
do eu, vivendo e convivendo no funcionamento da mente humana, em suas
experiências afetivas. O desejo, ora bruto e egoísta, seria aqui um protótipo
do que um dia poderia, adequadamente ser chamado de amor. Isso se for irrigado
de afeto, dentro de um ambiente acolhedor e podendo se desfazer de sua forma
antiga, na proposta de um novo modelo mais evoluído, ungido da capacidade de
tolerar frustrações.
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17 991910375
prof.renatodiasmartino@gmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com
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