A animação em longa-metragem traz uma história que gira em torno da mente de Riley, uma garota de 11 anos, inspirada na filha do diretor, Pete Docter.
Uma visão do funcionamento mental da garota e os transtornos que ocorrem dentro da cabeça dela - chamada de centro de controle. Ali as emoções ganham cores e personalidades próprias. Emoções e sentimentos como alegria, tristeza são caracterizados de forma infantilizada em bem humorados personagens caricaturados. Entretanto por mais inocente a proposta tem certa abordagem de profundidade, ao tratar do tema das emoções.
• Entrevista de Larissa de Oliveira, para o jornal Diário da Região de TERÇA-FEIRA, 16 DE JUNHO - 2015
Larissa de Oliveira - No filme, as lembranças são "ilustradas" e "materializada" , como o setor de sonhos e afins. Tudo que no caso, é considerado abstrato. Até que ponto esses assuntos podem ser entendidos por crianças?
Prof. Renato Dias Martino - Na realidade as crianças conhecem muito mais de sentimentos e emoções que os adultos. As crianças vivem esse tipo de experiência muito mais próximas da verdade, já que nós adultos criamos defesas e aprendemos a ignorar grande parte dos medos, alegrias, raivas, desgostos, tristezas ...
Larissa de Oliveira - No filme, a Tristeza é um sentimento considerado importante. Apesar da Alegria sempre estar no comando da situação. Na vida real, é isso que acontece?
Prof. Renato Dias Martino - A tristeza é fundamental para o bom desempenho do
funcionamento mental. É necessária para que a mente se desenvolva em sua
expansão. Crescemos emocionalmente quando aprendemos a perder e a perda é
sempre triste. Essa é a base do desapego. Evitando a tristeza nunca
aprenderemos a perder.
Larissa de Oliveira - Quando, ou em qual fase da vida, esses sentimentos são desenvolvidos? Nós já nascemos com todos eles?
Prof. Renato Dias Martino - Estes sentimentos estão em nós desde o início da vida mental e se desenvolverão conforme a oportunidade de acolhimento num ambiente saudável. Quando isso é possível eles encontram adequação em nossos pensamentos e experiências. Quando não, eles se tornam perseguidores e difíceis de lidar, limitando o desenvolvimento emocional.
Larissa de Oliveira - Uma "frustação" com desses sentimentos na infância, pode resultar em uma consequência na fase adolescência ou adulta?
Prof. Renato Dias Martino - Sem dúvida! Entretanto existe sempre uma chance de transformação conforme a possibilidade de acolhimento e elaboração.
Larissa de Oliveira - A tristeza é comum na fase da adolescência? Em uma cena do filme, a tristeza e a felicidade abordam diálogos que sempre desenvolvemos. Do tipo: como posso estar triste se tenho uma família linda e um bom emprego? Esse tipo de conflito também acontece na fase de criança?
Prof. Renato Dias Martino - Sem dúvida essas são indagações existenciais presentes no desenvolvimento emocional e que devem ser acolhidas em cada fase desse desenvolvimento para que encontrem um significado e consequentemente sofram uma expansão.
Larissa de Oliveira - Como esses sentimentos podem ser trabalhados com as crianças?
Prof. Renato Dias Martino - Pelo brincar. Não existe outra forma de fazer parte da realidade de uma criança que não seja pelo brincar. Brincando acessamos o mundo onírico, ou seja, a dimensão do sonho, justamente a forma como uma criança vê o mundo.
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