sexta-feira, 26 de junho de 2015

Da Sexualidade Segundo Freud

O Nobre e o Primitivo

Foi possível através dos estudos da psicanálise aprender que o funcionamento mental tem sua motriz na necessidade de satisfação das pulsões. Através da ação movida pela busca na redução da tensão gerada pela necessidade de satisfação é que se desenvolve a mente. É por conta dessa busca básica e primitiva que iniciamos nossa pesquisa no mundo, nos ligando a aquilo que nos identificamos e que parece nos satisfazer de alguma forma. Por outro lado, evitamos e desprezamos aquilo que não serve a essa demanda de satisfação. A psicanálise ainda nos ensinou que quando essa demanda não pode ser suprida existe uma tendência à busca de recursos narcisistas de satisfação. Por se tratar de um funcionamento primitivo, nessa busca, a capacidade de tolerar frustrações será mínima, isso se existir em alguma proporção. 
Havelock Ellis (1859 - 1939)
Então, na ausência do outro, a satisfação deve ocorrer, mesmo que de forma auto erótica conceito do qual Sigmund Freud (1856 - 1939)  se utilizou e que foi criado por Havelock Ellis (1859 - 1939), médico e psicólogo britânico. Freud contribuindo com a expansão desse conceito quando sugere que retomamos características auto eróticas em alguma proporção, sempre que somos frustrados nas tentativas de satisfações pulsionais no outro. 
Sigmund Freud
(1856 - 1939)
“Esse período de vida, durante o qual uma certa cota do que é sem dúvida prazer sexual é produzida pela excitação de várias partes da pele (zonas erógenas), pela atividade de certos instintos biológicos e pela excitação concomitante de muitos estados afetivos, é conhecido como o período de auto-erotismo, para usar um termo introduzido por Havelock Ellis [1898].” (Freud em ‘O ESCLARECIMENTO SEXUAL DAS CRIANÇAS’, 1907).
Sigmund Freud (1856 - 1939)
Freud dedicou uma vida de estudos sobre as vicissitudes no desenvolvimento da sexualidade e sobre o quanto esse processo se revela nas realizações humanas. Freud postula que os instintos sexuais estão presentes o tempo todo, fornecendo energia para que o aparelho psíquico seja movimentado. “Logo que surgem, estão ligados aos instintos da autopreservação, dos quais só gradativamente se separam; também na sua escolha objetal, seguem os caminhos indicados pelos instintos do ego” (Freud, 1915). No entanto, uma parte dessa sexualidade ainda deve permanecer ligada à auto preservação pela vida inteira, por mais que escapem à observação, ainda assim estarão ali presentes, se revelando em sonhos, atos falhos e nos sintomas neuróticos. Para Freud são essas mesmas pulsões sexuais que estão à disposição da transformações em realização, quando “são capazes de funções que se acham muito distantes de suas ações intencionais originais – isto é, capazes de ‘sublimação’” (Freud, 1915).
Nessa perspectiva: o que há de mais nobre no ser humano nasceu daquilo que era mais primitivo.


Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
renatodmartino@ig.com.br

http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com

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