Em novembro de 2010 publiquei aqui, nesse mesmo blog um texto de reflexão sobre a questão da criança que tem acesso à internet e em especial
a criança que não pode contar com a presença afetiva dos pais. Pais ausentes que sempre muito
garantidos pelas justificativas do apego à uma vida cheia de benefícios
materiais, colocam em risco o desenvolvimento emocional, de si próprios e
consequentemente o desenvolvimento emocional dos filhos, que em grande parte
dos casos nasceram sem serem desejados, muito menos planejados e sequer tem um
espaço mínimo na vida dos pais.
Assim, essas crianças acabam por se transformarem num problema na vida narcisista desses que deveriam cumprir as funções de pais. Retomo o assunto seis anos depois e a situação não me parece nem um pouco animadora, quando verificamos o panorama atual, seja pela observação própria, ou mesmo através das notícias veiculadas recentemente pelos meios de comunicação.
Assim, essas crianças acabam por se transformarem num problema na vida narcisista desses que deveriam cumprir as funções de pais. Retomo o assunto seis anos depois e a situação não me parece nem um pouco animadora, quando verificamos o panorama atual, seja pela observação própria, ou mesmo através das notícias veiculadas recentemente pelos meios de comunicação.
Crianças e adolescentes passando a maior parte de suas vidas
na frente das telas de seus computadores e quando não estão em casa ainda assim
a hipnose eletrônica continua, mas em seus dispositivos móveis (celulares,
smartphones, tablets...). Sempre com um intuito muito claro de buscar
desesperadamente um olhar de aprovação do outro. Seja se arriscando em desafios
perigosos, onde outros adolescentes assistem, pela webcam, as realizações de
brincadeiras arriscadas que muitas vezes acabam em morte, ou ainda a exposição
de fotos de nudez e vídeos de conteúdo erótico, que em muitos casos incentiva
encontros com desconhecidos, propiciando então oportunidade de abuso físico.
Tudo para sentirem-se importantes pelo menos por alguns momentos, já que nunca
conseguiram isso de seus pais, que por sustentarem uma manutenção material
acreditam já estar dando "de tudo", para seus filhos. No entanto a
falta é de um modelo. Um modelo de afeto, atenção, respeito, sinceridade...
Ora, um modelo só pode ser propagado se houver presença real, pois na ausência, a
própria a ausência é o que serve de modelo.
Uma criança que esteja sendo respeitada pelos pais, presentes
em sua vida e atuantes em sua formação, não irá permitir que algo a seduza ou a
desrespeite e menos ainda irá desrespeitar o outro.
Ninguém conseguirá maior influência na vida de uma criança do que os pais (ou aqueles que ocupam essa função), quando realmente emocionalmente presentes, no entanto, por outro lado, nada influenciará mais a vida da criança do que a ausência afetiva dos pais.
Ninguém conseguirá maior influência na vida de uma criança do que os pais (ou aqueles que ocupam essa função), quando realmente emocionalmente presentes, no entanto, por outro lado, nada influenciará mais a vida da criança do que a ausência afetiva dos pais.
Bem, quando acontece a ausência da função de pais
respeitosos, na vida dos filhos, no que se refere ao cumprimento básico da
formação de modelos de respeito para consigo mesmo, passa a existir a tentativa
de criação e implementação de regras duras de moralidade, criadas muito menos
pelo amor dos pais pelos filhos, mas por um sentimento de culpa por terem se
ausentado da vida desse que, na verdade é de sua responsabilidade e que agora
apresenta algum desvio em sua conduta.
"As regras que nascem de um
ambiente rico em afeto e verdade são regras internas, muito mais próximas da
ética do que daquilo que chamamos moral e que na realidade só se sustenta sob
os olhos da autoridade. Regras morais se dissolvem rapidamente enquanto a
autoridade se distrai." (Martino, 2010)
Medidas autoritárias de intervenções invasivas, de
investigação são sempre nocivas na vida de adolescentes, que nessa fase devem estar
desenvolvendo sua intimidade. Isso gera um novo prejuízo que tem impacto na
criação de modelos de privacidade. Cria-se assim um funcionamento onde
bisbilhotar a vida alheia é algo permitido e comum nos relacionamentos.
"Aquele que aprendeu ser
respeitado dentro do lar, certamente não se envolverá em qualquer que seja a
relação que não ofereça respeito." (Martino, 2010)
Pais que estiveram emocionalmente ausentes, mesmo que
fisicamente presentes, buscam agora uma solução imediata para algo que não
consiste num simples problema externo de mau comportamento, mas numa
configuração de personalidade empobrecida, que desnutrida de afeto, desesperada, clama por atenção. Vivemos num tempo onde por conta da busca pelo suprimento
material, abandona-se a formação emocional, em sua fase mais vulnerável.
Entregando-se crianças muito novinhas aos cuidados de instituições, onde passam
a maior parte do tempo de sua vida, num período fundamental do desenvolvimento,
onde a presença das funções maternas e paternas são imprescindíveis. No
entanto, aquilo que deve ser provido no seio do lar não pode ser substituído
por nada que seja oferecido por outra instancia de caridade, organização
governamental ou instituição educacional. Mesmo que por mais bem intencionada
que sejam, nenhuma escola pode substituir o que deve ser suprido no lar.
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17- 991910375
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com.br
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