Reportágem de Harlen Félix, para o
jornal Diário da Região: Domingo, 08.01.17
W. Orlandeli |
Um dos críticos
ferrenhos do capitalismo na pós-modernidade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman
(1925 - 2017) é responsável pelas reflexões mais realistas sobre as relações
humanas na atualidade. Em sua obra, ele cunhou o termo ‘líquido’ para expressar
a fragilidade e insegurança que prevalecem sobre as relações em diferentes
níveis, dos vínculos amorosos aos familiares. Em livros como Amor Líquido
(2004), Vidas Desperdiçadas (2005) e Medo Líquido (2008), Bauman mostra como o
consumismo e as redes sociais têm contribuído para tornar os relacionamentos
descartáveis e gerar níveis de insegurança que aumentam a cada dia.
Zygmunt Bauman (1925 - 2017) |
Para o sociólogo
polonês, os seres humanos estão dando mais importância a relacionamentos em
‘rede’, que podem ser desmanchados a qualquer momento. E, desta forma,
estabelecendo cada vez mais um contato apenas virtual, as pessoas desaprenderam
a manter relacionamentos a longo prazo.
Liquidação humana
Para o psicoterapeuta,
escritor e professor universitário Renato
Dias Martino, a sociedade vive um ciclo vicioso tão severo que é difícil
ter esperança em reverter essa situação no âmbito social. Os recursos
disponíveis hoje podem, no máximo, estabelecer uma mudança no campo individual.
Segundo o
psicoterapeuta, grande parte das crianças que nascem hoje não foram desejadas.
Assim, nascem sem ter espaço na vida dos pais. “Nos primeiros anos de vida, a
criança precisa viver junto da mãe. A falta dessa relação gera prejuízos
severos. Sem uma mãe dedicada e um pai presente, qualquer relação dessa pessoa
será prejudicada”, comenta.
Para Martino, as pessoas não nascem sabendo
amar. “O amor é algo construído. Só se aprende a dar atenção ao outro quando se
recebe atenção. E a maioria das pessoas só recebeu atenção quando havia uma recompensa. Um sociedade pautada pelo amor líquido é uma sociedade formada por
pessoas em liquidação. Está todo mundo barato e exposto”, diz.
Por outro lado, ele
ressalta que a internet não pode ser demonizada por conta dos problemas que
pautam as relações humanas. “Há uma piada que diz que um sujeito que foi
esfaqueado processou a Tramontina. Vivemos em um ciclo vicioso que é difícil
ser identificado pelas pessoas”, comenta.
Veja a matéria completa: http://www.diariodaregiao.com.br/vidaeestilo/o-amor-l%C3%ADquido-na-p%C3%B3s-modernidade-1.661532
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
prof.renatodiasmartino@gmail.com
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