PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO
Narcisismo primário é uma etapa do desenvolvimento da personalidade do bebê onde ele vê na mãe aquilo que ele necessita. Então, ele se vê na mãe. A mãe é um espelho das suas necessidades. Narcisismo primário é uma fase saudável do desenvolvimento emocional e afetivo. O narcisismo secundário acontece por conta de um insucesso no narcisismo primário. O narcisismo secundário, então não é saudável. O narcisismo secundário é sintomático, vai trazer um desdobramento repetitivo daquilo que não pôde ter sido suprido na época do narcisismo primário. Quando o bebê começa a perceber que existe uma outra pessoa além dele. Esta outra pessoa é a mãe e aí ele começa a viver uma relação com essa mãe por identificação. Relação por identificação é quando o outro não é outro, mas o outro é uma extensão de mim. Esta etapa do desenvolvimento, o Freud chamou de narcisismo primário. Quando acontece resquícios de insucesso desta fase, estes resquícios vão configurar um narcisismo secundário.
SECUNDÁRIO
Uma parte da experiência que acontece no narcisismo primário não pôde ter sucesso e esta parte vai se desdobrar num narcisismo secundário. A parte bem-sucedida do narcisismo primário é aquela que se desdobra no reconhecimento do outro como outro, o que o Freud vai chamar de relação objetal. O outro não é uma extensão de mim, assim como na relação por identificação, mas o outro é um objeto externo. Então, é uma relação objetal. Algumas experiências não conseguiram passar do narcisismo primário, ou seja, da relação por identificação para a relação objetal e estas experiências que não conseguiram. Isso vão se desdobrar num narcisismo secundário. Dentro do narcisismo primário, o bebê tinha necessidade de ser reconhecido pela mãe. Ele tinha necessidade de se ver na mãe. Quando ele não consegue isso, ele vai desenvolver um desejo substitutivo desta necessidade e este desejo substitutivo a gente vai chamar de narcisismo secundário. E aí, ele vai projetar isso que não pôde ser suprido pela mãe nas outras pessoas, futuramente e também na mãe, futuramente. Vai cobrar da mãe, vai manter uma relação fusionada com a mãe. Isso tudo se configura no narcisismo secundário, ou seja, aquilo que não pôde ser bem-sucedido no narcisismo primário.
RELAÇÃO FUSIONADA
quando o narcisismo primário não é bem-sucedido e não pode ser bem elaborado para se desdobrar naquilo que a gente vai chamar de relação objetal fatalmente os relacionamentos na vida adulta vão se tornar relacionamentos fusionados ou relacionamentos onde um não consegue reconhecer o outro como o outro mas imagina que o outro seja uma extensão do eu e isso a gente vai chamar de narcisismo secundário o outro existe para satisfazer os meus desejos assim como no narcisismo primário a mãe existe para satisfazer as necessidades do bebê quando a mãe não conseguiu existir para satisfazer as necessidades do bebê essas necessidades vão se desdobrar substitutivamente em desejos onde o adulto vai obrigar o outro a satisfazer senão ele vai ficar muito bravinho no
PROPORÇÕES
Um dos maiores fundamentos do que a gente tem como psicanálise do acolhimento é o desenvolvimento e a reflexão e a expansão da ideia das cotas. A ideia das proporções de tudo que está no humano. Tudo que está no humano está em cada um de nós. Cada um de nós tem um pouco de tudo de saudável e de tudo de nocivo. Uma das maiores contribuições do Freud foi que todos nós somos neuróticos em alguma medida. Uma das maiores contribuições do Bion, foi que todos nós somos psicóticos em alguma medida. Isso deve ser expandido para todas as características presentes nos seres humanos. E aí, a gente volta lá no filósofo Terêncio Afro da época medieval.
PSICODIAGNÓSTICO
A intolerância quanto a isso, a intolerância de reconhecer essas características e reconhecer essas características vai ser fundamental para que eu possa aprender a respeitar essas características e me responsabilizar por essas características, moldando o funcionamento da minha personalidade. Isso que faz cada um ser de uma forma. A dificuldade de reconhecer isso vai trazer a exacerbação dos psicosdiagnósticos. Então, hoje qualquer manifestação que não seja socialmente aprovada é passiva de ser catalogada pelo CID, pelo DSM e o sujeito vai passar a ser o “laudado”. O laudado na escola, laudado no trabalho, laudado na família. O sujeito que foi caracterizado patologicamente por conta de uma característica que é sua que faz parte da sua personalidade e quanto mais ele é catalogado, quanto mais ele é diagnosticado, menos ele é capaz de se responsabilizar por isso, menos ele é capaz de reconhecer isso como característica sua, aprender a respeitar isso e aprender a se responsabilizar por isso. Porque isso já não é dele. Isso é uma patologia, logo é responsabilidade do psiquiatra, do neurologista, ou sabe lá de quem. E aí, ainda por cima ele pode requerer cotas de benefícios que possa favorecê-lo, porque ele foi laudado com aquele psicodiagnóstico e aí, a gente vai entrar naquilo que o Freud chamou de ganho secundário, ou seja, ele se beneficia da sua moléstia.
Prof. Renato Dias Martino
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