quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Xeque-mate

Orlandeli/Editoria de Arte
Xeque-mate
Francine Moreno

É comum homens e mulheres terem gratidão, até saudade, das escolhas que ocorreram ao longo da vida, quando elas, ainda hoje, são compatíveis com sentimento e razão. Mas quem já não se questionou, lembrando seu passado, sobre como pode envolver-se com certa pessoa ou trabalho? Quem não se arrependeu com a sucessão de decisões erradas que teve a ponto de reconhecer: “Eu já me meti em cada enrascada”? O fato é que arriscar deixa a vida mais interessante, o problema é que nem sempre as decisões são as mais sábias. Um dos elementos que interferem nas decisões, segundo o escritor Aquiles Mosca, é o chamado movimento de manada, que é explicado como a exigência de agir identicamente com o grupo no qual vive. O que a parcela maior fizer comanda as ações individuais. Um dos fatores que integram esta ação é a chamada prova social. Ou seja, homens e mulheres são levados a pensar que se a maioria está operando daquela forma, deve haver uma boa causa, embora esta não seja visível. “Para quem vai investir ou decidir é importante ter calma e um horizonte de tempo”, aconselha.


O que garantem os especialistas é que decidir é tomar partido, é escolher algo e perder outro. E quando o coração diz algo e a cabeça outra coisa, significa que você já tem consciência dos inevitáveis conflitos internos que aparecem nos momentos de se fazerem grandes escolhas. O correto, porém, de acordo com a psicoterapeuta comportamental neurolinguista Marcelle Vecchi, é que homens e mulheres devem manter um certo equilibro entre a razão e a emoção, uma aconselhando a outra até que cheguem a um ponto em comum, ou seja, a um ponto em que tanto para a razão como para a emoção, a decisão é aceita. “Para tomar decisões sábias é fundamental escutarmos nossa consciência”, diz a especialista Marcelle. O que é certo para um, pode não ser para outro. “Deus nos deu um termômetro interno, que é nossa consciência. Se tentar decidir algo ignorando o que a consciência indica, provavelmente perceberei que cometi um erro, e me arrependerei. Todos nós temos a capacidade de consultar nossa consciência para tomar qualquer tipo de decisão, desde as grandes até as pequenas”, explica.


Se ainda não sabe o que quer é preciso não tomar uma decisão só para se livrar do que está pendente. Marcelle sugere que o primeiro passo é saber o quê quer, depois avaliar se o quê quer não prejudica alguém, só depois disso identifique o que será preciso fazer para conseguir seu objetivo. “Não somos obrigados a tomar decisões em momentos de indecisão, não se deixe pressionar pelos outros, o momento certo de tomar uma decisão só nós podemos determinar.”


O psicoterapeuta e músico, Prof. Renato Dias Martino explica que é melhor errar do que não decidir. “O erro é a única certeza e escolhe melhor aquele que conhece bem de perto o erro. Não conheço outra forma de crescer na realidade que não seja pelo erro”. No mesmo cenário, é importante apostar todas as fichas na decisão. Quando escolher é ideal ir fundo, virar a página e não pensar mais nas demais escolhas. “O momento certo de descartar as alternativas e investir todas as fichas em uma decisão é quando essa escolha coincide com nosso sonho. Assim vale a pena e com certeza estaremos no caminho certo.”


Na opinião de Marcelle Vecchi, podemos escolher qual o momento ideal para tomar uma decisão, mas assim que tomada, devem ser excluídas as outras opções, porque elas se tornam passado. “A partir do ponto em que eu escolhi uma opção, é nesta decisão que devo focar minhas energias e meus pensamentos, as outras não existem mais.”


Seja desde já o protagonista de sua vida


O escritor Aquiles Mosca afirma que a forma como as informações nos são apresentadas interfere na nossa atitude e tolerância frente ao risco. Para encontrar um equilíbrio neste caso, segundo a psicoterapeuta comportamental neurolinguista Marcelle Vecchi, a meditação pode ser uma ferramenta preciosa. “A meditação acalma a mente e o corpo, e é uma ferramenta muito útil, pois quando estamos com uma atividade mental e corporal mais equilibrada, os fatos são vistos com mais clareza, o que facilita. Quando estamos agitados, ansiosos, tensos ou nervosos não devemos tomar decisão alguma, pois nossa mente e nosso corpo estão trabalhando numa rotação alta, o que prejudica a análise dos fatos.”


Prof. Renato Dias Martino confirma que escolha pensada é a real e mais indicada. “Quando não meditamos sobre aquilo que escolhemos, é sinal que não escolhemos, mas fomos escolhidos.”E na lista de ensinamentos de como ir em frente da melhor forma, Marcelle explica que como nem todas as decisões precisam ser tomadas de uma hora para outra, em alguns casos é possível fazer umas experiências antes do passo definitivo. “Se respeitamos o nosso momento na hora de decidir, sempre podemos fazer experiências para antever os resultados. Lembre-se que não devemos decidir pressionados pelo outro, todos nós temos um tempo que é o ideal, devemos respeitar isso.” Na lista de ferramentas básicas para tomar decisões sábias, a especialista Marcelle afirma que é essencial desenvolver a habilidade de escolher e arcar com as responsabilidades disso. “Deve em primeiro lugar ter metas claras em sua mente, depois deve se desinibir para tomar as decisões que ajudarão nessas metas, acreditando que os erros são inevitáveis e úteis, e se perdoar com facilidade. Dessa forma essa pessoa viverá sendo a protagonista de sua vida”.





Prof. Renato Dias Martino Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com

3 comentários:

Samira Lima disse...

Nossa, adorei! Realmente precisamos respeitar o nosso próprio tempo para tomarmos decisões. Mesmo porque os erros, se vierem a existir, serão somente nossos. O problema é achar a medida exata entre a razão e a emoção. Estão sempre tão distantes e tão próximas ao mesmo tempo, que acho essa a maior emoção que temos na vida.

Parabéns mais uma vez pelo blog, e parabéns também pela matéria no Jornal Diário da Região!

abraço

Jacqueline Ferreira disse...

Gostei muito de seu texto, como sempre muito reflexivo. Mas de tudo o que mais gostei foi: “escolher é para aquele que saiu da posição de objeto de desejo e evoluiu para a posição de sujeito que deseja”. Como é dito anteriormente escolher exige amadurecimento emocional.

jorge lima disse...

Querido companheiro... De repente Deus usa algumas artimanhas para nos guiar em nossa jornada. Desta vez ele escolheu você. Seus sábios ensinamentos são potências mananciais para que possamos revigorar nosso pensamento. Um grande abraço