quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Relação Destrutiva




Contribuição para o jornal Diário da Região.
Matéria de Francine Moreno sobre relações destrutivas.



Entrevista



Francine Moreno - Como se resume um relacionamento perigoso?


Prof. Renato Dias Martino - Um relacionamento perigoso pode ser aquele, em que existe um contrato não verbal de dependência. Onde um impede o outro de crescer, porém, sem que isso seja percebido com nitidez.


Francine - Como reconhecer uma pessoa destrutiva?


Prof. Martino - Pessoas destrutivas não respeitam a si mesmas, nem o outro. Isso em muitos casos é claro e visível através do comportamento, não obstante, muitas vezes só se pode perceber certas características destrutivas por meio do convívio.


Francine - Diz o ditado que a mulher deve olhar como o homem trata a mãe dele para saber como será tratada. É verdade?


Prof. Martino - Pode ser um bom início para se conhecer o funcionamento vincular daquele da qual se esta se envolvendo, apesar disso, o vínculo estabelecido entre duas pessoas deve ser singular e independente das experiências anteriores. Penso que, só alguém que é capaz de reconhecer seus próprios limites conseguirá ser respeitada e amada como merece.


Francine - Devemos nos preocupar com os problemas que o parceiro (a) teve nos seus antigos relacionamentos?


Prof. Martino - A pré-ocupação é sempre perigosa. Aquele que se pré-ocupa com o passado ou com o futuro, pode ver-se impedido de ocupar-se do presente.


Francine - Mesmo mulheres e homens inteligentes e seguros não estão imunes a relações destrutivas? Por quê?


Prof. Martino – Se existe alguma imunidade ela só pode depender da maturidade emocional, isso equivale à capacidade de conhecer-se e respeitar-se a si mesmo. Costumo dizer que a inteligência diz respeito ao 'saber' e a maturidade diz respeito ao 'ser'. Quem aprendeu respeitar-se a si mesmo não permitirá que outro o desrespeite.


Francine - Há homens e mulheres mais vulneráveis a relacionamentos perigosos?


Prof. Martino - Creio que a vulnerabilidade esteja relacionada à imaturidade emocional, onde os vínculos ainda são estabelecidos em modelos primitivos. Dessa forma o relacionamento fica exposto a formas perversas de ligação, onde não existe espaço para evolução ou crescimento, só á disposição para repetições.


Francine - E porque alguns sempre buscam esse tipo de relacionamento?


Prof. Martino – Talvez por que sejam mais cômodos. É justamente o comodismo o maior atrativo desse modelo de relacionamento. O medo de ser abandonado aliado a um sonho de viver um vínculo de dependência, como aquele em que se vive na primeira infância. Onde não se é responsável por si mesmo. Existe sempre um ganho, mesmo que inconsciente, nesse tipo de relação.


Francine - Há como se precaver destas relações destrutivas?


Prof. Martino – Sem duvida que sim. Para começar, a tarefa é propor-nos desfazer certa relação destrutiva com nós mesmos. Falo daquilo que chamamos de funcionamento autodestrutivo. É só através desse tipo de funcionamento que o outro encontra lugar para se instalar e ocupar um lugar nesse modelo de relacionamento. Na verdade, muitas vezes, no estudo de casos dessa espécie, o que se revela é que o sujeito destrutivo entra para dividir a culpa pela destruição que de alguma forma já ocorria.


Francine - Como diferenciar as preocupações legítimas de amigos e familiares das cismas e antipatias?


Prof. Martino – Antes que o outro (amigos e familiares) compreenda a forma perversa de relação, de certa forma, quem está vinculado já percebe. E na realidade, mesmo que o relacionamento esteja aparentemente numa forma inadequada, sempre existe uma força inconsciente que insiste em manter a ligação perigosa. Assim, quando amigos e familiares tentam avisar, intrometendo-se na relação, podem estar interferindo em algo bem mais complexo do que imaginam.


Francine - Quando a relação é perigosa e destrutiva a única maneira é sair?


Prof. Martino – Sim, sempre!
Penso que, evoluir os modelos de relacionamento demanda sair do modelo antigo. Isso não implica necessariamente em romper com a pessoa que se esta ligada, mas sim, com o tipo de vínculo que se tem com ela. Contudo, existem casos onde o rompimento pode ser o único recurso para se preservar as partes.


Francine - Como podemos ajudar uma pessoa que está em relacionamento assim?


Prof. Martino – Só podemos ajudar aquele que pede ajuda. De outra forma nada pode ser feito. No caso do pedido efetuado, penso que a melhor forma é conduzi-lo a um profissional.
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Link para a matéria, site do jornal.
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Comportamento/2385,,Relacao+destrutiva.aspx



Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
Fone: 17-30113866
renatodmartino@ig.com.br
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com

Um comentário:

Jacqueline Ferreira disse...

Muito Bom!
Obrigada por compartilhar.