Da Relação Triangular no ensino
Docente, discente e instituição
Alguns anos no exercício da docência no ambiente universitário me
indicaram a necessidade de refletir sobre as funções desempenhadas pelos
sujeitos envolvidos nas articulações do processo de aprendizado que deve
ocorrer nesse espaço.
Dentro da vivencia no contexto desse lugar educativo é
possível perceber que essas funções são amiúde confundidas e descaracterizadas,
reafirmando assim, a necessidade de constante reflexão.
Logo de inicio é importante
perceber que o maior fator dentre os elementos que tendem a descaracterizar
essas funções é sem dúvida, o possível objetivo que move e conduz a
experiência.
No entanto, a reflexão proposta nesse ensaio deve ter como pressuposto o fato de que isso que chamamos de ensino é algo que se encontra na ordem do
imaginário e sendo assim, não pode existir na realidade, se não encontrar
alguém disposto a aprender. O fato básico nessa cogitação é o de que, está
justamente no desejo de aprender o que fará do ensinar uma realização. De outra
forma não poderá sair do nível da imaginação.
Com isso podemos levantar certa hipótese
de que o desejo de aprender deve ser fator fundamental para a prosperidade
dessa ordem de experiência, sendo muito pouco provável obter-se algum resultado
positivo de qualquer método que se proponha a ensinar aquele que não deseja
aprender.
Por tanto, a proposta desse ensaio é a de refletir sobre as funções que
podem ser desempenhadas dentro da experiência do aprendizado. Funções que se
transformam conforme grau da maturidade emocional dos sujeitos envolvidos e
assim, do grau de desenvolvimento do funcionamento que se estabelece. As
prováveis funções, pelo menos de inicio, se dispõem em três posições básicas: o
discente, o docente, e ainda, no caso do ensino público, a instituição que deve acolher os dois anteriores.
A saber, função de discente
está qualificada para o aluno que se dispõe a aprender. Essa é a função da qual
foi referido como agente do desejo pelo aprender, elemento essencial e assim,
imprescindível para a que a experiência do aprendizado desenvolva.
A função do docente, caracterizado pelo educador
que se dispõe ensinar, ou ainda, de forma mais realista, aquele que se coloca a
disposição de auxiliar na experiência do aprendizado - que é desejo do
discente.
Em terceiro lugar, a instituição
de ensino que se propõe organizar, regularizar e sistematizar a experiência do
aprendizado. A entidade, que guarda a função de manter e oferece
infra-estrutura para o exercício do aprendizado e deve receber assim, uma
remuneração (do governo ou mesmo privada) para a realização desse papel.
A instituição de ensino deve, ainda, cobrar do corpo discente, dentro de
certos critérios, resultados de seu rendimento, para que possa assim,
formalizar títulos e certificados de graduação acadêmica, que ateste a
qualificação do aluno. O aluno, por sua vez, deve cumprir propostas da
instituição de ensino para se graduar e receber títulos. Para isso, a
instituição disponibiliza sistematicamente o corpo docente para auxiliar o
cumprimento dessas propostas institucionais.
Podemos assim afirmar que o desejo do aluno de aprender e receber
certificação de seu desempenho acadêmico em sua graduação deve ser intermediado
pela função do professor perante a instituição.
Assim como proposto como pressuposto desse ensaio, o desejo do discente
é soberano, imperioso e inevitavelmente conduzirá a experiência.
Abre-se então
uma bifurcação de objetivos e objetos: o real aprendizado, que acontece num
nível subjetivo e a busca por titulação, o representante material do saber.
Esses objetivos não necessariamente estão juntos e na realidade na maioria dos
casos estão completamente polarizadas e é justamente quando os dois objetivos
não podem seguir juntos que as funções se confundem e desqualificam-se.
Na real
experiência do aprendizado, a influência da instituição deve ser muito pouco
atuante, já que esse processo se concentra no encontro entre a disponibilidade
de aprender do aluno e a capacidade do professor em dispor o conhecimento a ser
aprendido.
Não me parece absurdo afirmar que quando se pode contar com o desejo
pelo real aprendizado, a viabilização de elementos para que a experiência
aconteça, será natural.
Já na tarefa de obtenção de títulos e atestados de
graduação, a relação com a instituição segue num processo onde o aluno deve
fazer “para a” instituição e “junto com” o professor.
--
Prof. Renato Dias Martino
Psicoterapeuta e Escritor
São José Do Rio Preto - SP
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com
Psicoterapeuta e Escritor
São José Do Rio Preto - SP
Fone: 17-30113866
renatodiasmartino@hotmail.com
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