quinta-feira, 13 de abril de 2017

LEALDADE

O ser humano não nasce sabendo amar, mas aprende a amar através do amor do outro. A lealdade, por sua vez, é uma extensão da capacidade nobre do amar. Portanto, necessita de modelos para se desenvolver. Não se aprende a ser leal através de ensinamentos teóricos. Essa nobre capacidade só pode ocorrer em personalidades em que a maturidade emocional tenha atingido um bom nível.
A saber, quando falo de maturidade emocional não me refiro a referenciais cronológicos, pois, uma criança de pouca idade pode, muito bem, desenvolver uma maturidade emocional bem mais evoluída do que muitos adultos. Isso dependerá da maneira como tenham sido conduzidas as suas experiências afetivas, ou seja, o quanto o sujeito possa ter se sentido amado, e se foi possível confiar na lealdade daquele que cuidou dele numa época em que não era capaz de cuidar de si mesmo.

Para o desenvolvimento da lealdade, é impreterível que se possa ter desenvolvido a capacidade de tolerar frustrações. O sujeito deve ter crescido na disposição para renunciar muitos de seus desejos narcisistas, que naturalmente fazem parte da mente imatura, para ser capaz de se tornar leal. Contudo, ainda que um sujeito tenha desenvolvido sua capacidade de lealdade, ainda assim terá que cuidar dessa habilidade constantemente, haja visto que em nós humanos, existem tendências narcisistas que atuam o tempo todo e que nos convidam a desistir das práticas nobres frente a inseguranças eventuais.

A lealdade é filha da confiança e assim sendo é uma função dos vínculos. Ser leal é sempre em relação a alguém em que se confia. Na realidade, a lealdade é condição fundamental para se definir um vínculo saudável. No entanto, a lealdade quando não correspondida se invalida em sua função e se transforma em mero conceito vazio de conteúdo. “A con-fiança que significa fiança compartilhada, mantida pelas partes, nutrida pela fé e assim geradora da fidelidade. O fio que permite, depois do conhecer, ausentar-se para que assim no regresso seja possível o reconhecer.” (Martino em O amore a Expansão do Pensar, 2013).



MARTINO, Renato Dias. O amor e a expansão do pensar : das perspectivas dos vínculos no desenvolvimento da capacidade reflexiva , 1. ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2013.


4 comentários:

taniadickie.blogspot.com disse...

Me apaixono fácil pelo que você escreve. Você é iluminado!

Prof. Renato Dias Martino disse...

Muito agradecido pelo seu carinho, minha querida Tânia!

Prof. Renato Dias Martino disse...

Muito agradecido pelo seu carinho, minha querida Tânia!

Jane Himeno Psicanalista disse...

Corretíssimo. A lealdade é transmitida, é sentimento inegociável, não aceita transações fora de seu padrão de valores. Penso que onde ela está a corrupção não entra.