O ser humano não nasce sabendo amar, mas aprende a
amar através do amor do outro. A lealdade, por sua vez, é uma extensão da
capacidade nobre do amar. Portanto, necessita de modelos para se desenvolver.
Não se aprende a ser leal através de ensinamentos teóricos. Essa nobre
capacidade só pode ocorrer em personalidades em que a maturidade emocional
tenha atingido um bom nível.
A saber, quando falo de maturidade emocional não
me refiro a referenciais cronológicos, pois, uma criança de pouca idade pode,
muito bem, desenvolver uma maturidade emocional bem mais evoluída do que muitos
adultos. Isso dependerá da maneira como tenham sido conduzidas as suas
experiências afetivas, ou seja, o quanto o sujeito possa ter se sentido amado,
e se foi possível confiar na lealdade daquele que cuidou dele numa época em que
não era capaz de cuidar de si mesmo.
Para o desenvolvimento da lealdade, é impreterível
que se possa ter desenvolvido a capacidade de tolerar frustrações. O sujeito
deve ter crescido na disposição para renunciar muitos de seus desejos
narcisistas, que naturalmente fazem parte da mente imatura, para ser capaz de
se tornar leal. Contudo, ainda que um sujeito tenha desenvolvido sua capacidade
de lealdade, ainda assim terá que cuidar dessa habilidade constantemente, haja
visto que em nós humanos, existem tendências narcisistas que atuam o tempo todo
e que nos convidam a desistir das práticas nobres frente a inseguranças
eventuais.
A lealdade é filha da confiança e assim sendo é uma
função dos vínculos. Ser leal é sempre em relação a alguém em que se confia. Na
realidade, a lealdade é condição fundamental para se definir um vínculo
saudável. No entanto, a lealdade quando não correspondida se invalida em sua
função e se transforma em mero conceito vazio de conteúdo. “A con-fiança que
significa fiança compartilhada, mantida pelas partes, nutrida pela fé e assim
geradora da fidelidade. O fio que permite, depois do conhecer, ausentar-se para
que assim no regresso seja possível o reconhecer.” (Martino em O amore a Expansão
do Pensar, 2013).
MARTINO, Renato Dias. O amor e a expansão do pensar
: das perspectivas dos vínculos no desenvolvimento da capacidade reflexiva , 1.
ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2013.
Prof. Renato Dias Martino
Fone: 17- 991910375
4 comentários:
Me apaixono fácil pelo que você escreve. Você é iluminado!
Muito agradecido pelo seu carinho, minha querida Tânia!
Muito agradecido pelo seu carinho, minha querida Tânia!
Corretíssimo. A lealdade é transmitida, é sentimento inegociável, não aceita transações fora de seu padrão de valores. Penso que onde ela está a corrupção não entra.
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