terça-feira, 1 de outubro de 2019

ORIENTAÇÕES AO JOVEM PSICOTERAPEUTA II - Prof. Renato Dias Martino



Olá pessoal! Tudo bem? Esse é o segundo vídeo da série ORIENTAÇÕES AO JOVEM PSICOTERAPEUTA.
Gostaria de trazer pra vocês hoje algumas recomendações que partem da teoria, das propostas de Wilfred Bion (1897-1979), que são de fundamental importância na prática clínica.

Em sua obra ATENÇÃO E INTERPRETAÇÃO de 1970, Bion chama a atenção do analista para a necessidade do maior rebaixamento possível no apoio que possa ter nos dados armazenados na memória.
Bion recomenda também a maior renuncia possível dos desejos e das expectativas e com isso, o maior desprendimento que se consiga de tudo que se tenha conhecimento até então.
Seu paciente não precisa que você se lembre de nada sobre ele. Na realidade, isso é nocivo ao processo psicoterapêutico.
Quando você se lembra de informações sobre seu paciente, de alguma forma, você o impede ele se desapegar daquilo que já passou.
A base da neurose é o apego pelo passado. Isso dificulta a situação para que ele possa ser uma nova pessoa, quando na realidade ele é, só necessitando ser reconhecido dessa forma.
Nós, na realidade, estamos nos transformando o tempo todo e um fator que obstrui esse processo natural de transformação é justamente o desejo do outro de que a gente continue sendo aquele que nós fomos.
Seu desejo é danoso para o paciente, e na verdade é para você também, no caso de não conseguir renunciá-lo.
Quando você deseja para seu paciente ele fica impedido de reconhecer e se responsabilizar por seu próprio desejo.
Além do mais, quando estamos presos em nossos desejos, ficamos obstruídos de estarmos de acordo com a realidade, que existe independente das nossas expectativas.
Quanto ao que você tem conhecimento, cada paciente é único, portanto, diferente de você e diferente de todos os pacientes você tenha atendido.
Seu paciente também não está em nenhum livro que você tenha estudado.
Se existe alguém que possa te ajudar com seu paciente é ele mesmo.
A ânsia por querer entender seu paciente pode obstruir a possibilidade de reconhecer quem ele está sendo realmente e isso é, antes de tudo, um grande desrespeito.
Aliás, o respeito é a base de qualquer que seja o vínculo saudável e não pode ser diferente no vínculo psicoterapêutico. O respeito deve se fazer presente mesmo quando não se consiga entender.
Bom, pessoal, por hoje é isso. Até a próxima! Gratidão.

Prof. Renato Dias Martino é psicoterapeuta, atuante na clínica da psicanálise na cidade de São José do Rio Preto, estado de São Paulo.
É escritor das obras "PARA ALÉM DA CLÍNICA" (2011), “PRIMEIROS PASSOS RUMO À PSICANÁLISE” (2012), “O AMOR E A EXPANSÃO DO PENSAR: Das perspectivas dos vínculos no desenvolvimento da capacidade reflexiva” (2013), “O LIVRO DO DESAPEGO” (2015), ACOLHIDA EM PSICOTERAPIA (2018) e DAS PEQUENAS POESIAS (2019).
Entre em contato pelo e-mail prof.renatodiasmartino@gmail.com, ou pelo fone 17 –991910375
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