Psicossomática.
Psico, quer dizer aquilo que está na dimensão da mente, do aparelho psíquico,
do funcionamento emocional e afetivo e soma quer dizer carne, quer dizer corpo
físico. Doenças psicossomática seriam aquelas doenças que deslocam-se da
configuração psíquica e se instalam no corpo. Quando, o sujeito tem algo que
ele não consegue elaborar, que ele não consegue digerir, que ele não consegue
dissolver dentro do processo emocional-afetivo, ele tende a levar para o corpo.
Ele tende a somatizar, ou passar para carne, passar para o corpo orgânico,
físico. Tem várias formas de a gente pensar de que maneira isso pode acontecer.
Isso pode acontecer, por exemplo, dentro de uma perspectiva hereditária. Existe
uma tendência em se defender com essa somatização, uma tendência que o a mãe,
ou o pai, experimentam e o filho herda também. Ele não escolhe. Ele não tem a
intenção disso. Uma configuração da histeria. Da neurose de histeria, que o Freud
nos colocou, é mais propenso a isso. Porque o sujeito vai embotando, ele vai
reprimindo, ele vai colocando para dentro, ele vai se retraindo, até que isso
retorna para carne. Retorna, porque a libido é, antes de qualquer coisa, uma
necessidade fisiológica. Como uma energia sexual e psíquica, que se desdobra no
funcionamento emocional-afetivo. Ele retorna para o corpo físico isso. Ele
repreende de uma maneira tão severa, que isso se torna uma moléstia orgânica. Nós
podemos pensar de uma maneira muito prática, por exemplo, quando o sujeito tem
um problema muito sério, que ele não consegue resolver e ele começa a roer a
unha, ou apertar o dedo, ou coçar a cabeça. Um movimento repetitivo compulsivo,
que envolve o corpo físico. Isso é uma ação direta e manifesta, mas o corpo faz
isso sem que eu perceba que ele faça. Ele pode fazer isso de maneira interna,
nos órgãos internos por exemplo. Freud falava isso. Ele trazia essa ideia de
que um órgão do corpo adoece muito semelhante a manifestação da excitação do
órgão sexual. E muitas vezes, pelo sujeito não poder manifestar a excitação do
órgão sexual, ele pode eleger inconscientemente outro órgão que fica entumecido
e excitável da mesma forma que o órgão sexual. Só que esse órgão não está
preparado para isso, assim como o órgão sexual está. E aí, gera certa doença
psicossomática.
AGRAVAMENTO
PATOLÓGICO
No
entanto, a gente não pode confundir doenças psicossomáticas, com doenças que
foram estimuladas por uma confusão no nível emocional-afetivo, por um
transtorno, uma turbulência psíquica. Então, o sujeito já tem uma doença
fisiológica, uma doença no corpo físico e por estar ali, num momento de
turbulência, de perturbação psíquica, ou emocional-afetiva, esta doença começa
a se agravar. Estimula-se essa doença a se agravar. Então, isso não é
psicossomático, não foi gerado por conta de um problema psíquico, mas o
problema psíquico agravou a situação.
AMBIENTE
SAUDÁVEL
Não só
dentro da psicossomática, mas todas as questões que envolvem os transtornos, ou
as turbulências emocionais-afetivas, elas vão acontecer no nível que não é um
nível intelectual, não é um nível do saber, não é o nível do conhecimento. Essas,
coisas vão se dissolvendo vão ser elaborando, num nível em que o sujeito não
tem acesso. Ele pode até, depois, tentar encontrar um sentido no mundo racional
e associar com questões racionais e isso acaba fazendo sentido, mas na
realidade, não foi a partir de algo dito, de um livro que ele leu, ou qualquer
coisa nesse sentido, mas isso vai acontecer a partir de uma experiência de
acolhimento. O sujeito se sente acolhido, ele se sente amparado e a partir
deste amparo, ele passa a se qualificar a se sentir segura o suficiente para
que essas questões comecem a se elaborar dentro dele próprio, mas num nível em
que ele não tem conhecimento. Ele não pode ter acesso racional a isso. Vai
acontecendo sem que ele possa acessar, mas impreterivelmente, ele precisa estar
num ambiente saudável, pacífico. Ele precisa estar num ambiente emocional que
não traga para ele ameaças e as ameaças são sempre de ilusões. Então, existem
ameaças, tanto hostis, como julgamento, como crítica, quanto ameaças sedutoras
como elogios, bajulações, falsidades, que também são elementos obstrutores para
que o sujeito possa estar se sentindo num ambiente que tenha o afeto, o amor, o
carinho e sinceridade, franqueza, verdade, limites. Essa configuração
enriquecida por esses elementos que eu acabei de dizer, propicia a reparação
das experiências emocionais afetivas do sujeito.
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