domingo, 3 de setembro de 2023

O MODELO DO AMOR E A DISSIMULAÇÃO - Prof. Renato Dias Martino



A carta de Paulo aos Coríntios, trazendo um modelo de amor foi escrita por Paulo, não foi escrita por qualquer um. Este é um modelo a se seguir. É um norte a se tomar, não é um ideal. Isso não pode ser entregue a mão do superego e dizer: “se você não estiver fazendo assim, você não presta”. Isso não pode ser um “deveria ser”. Ninguém pode pegar a carta de Paulo e falar agora eu vou amar desse jeito. Isso é um desenvolvimento. Ninguém se desenvolve emocionalmente, ou afetivamente, a partir da leitura da Bíblia. Você se desenvolve emocionalmente e efetivamente através de vínculos, através de experiências que você tem com o outro. Então, não adianta você ter ali, uma coisa dizendo que você tem que ser daquele jeito, porque você não vai ser daquele jeito, você vai ser daquele jeito a partir de viver experiências que possam trazer a possibilidade de expandir, crescer, amadurecer o suficiente para ficar daquele jeito, ou próximo daquilo, melhor dizendo.

TENHO QUE SER DESSE JEITO

Quando o sujeito pega um texto bíblico, pega um texto psicanalítico, ou pego um texto do que for aí, e começa a falar eu tenho que ser desse jeito. Sabe o que que vai acontecer? Vai ser falso! Vai ser superegóico! Vai ser de simulação! Vai ser um elemento do falso eu. Na realidade, aquilo ali está retratando o que vai acontecer com o sujeito a partir do seu desenvolvimento emocional e afetivo. Ele lê daquele jeito, ele fala: “tem que ser desse jeito”. Ele força para ser daquele jeito, mas ele não está sendo daquele jeito, porque para estar sendo daquele jeito, ele vai precisar de um processo que possa trazer experiências enriquecedoras o suficiente para que ele possa vir a estar sendo daquela forma.

FABRICA DE FALSIDADES 

Essa coisa de “deveria ser”, “tem que ser assim”, isso é uma fábrica de falsidades, de mentiras, de hipocrisia. Ninguém tem que ser nada. Você vai ser, na medida em que você conseguir viver experiências emocionais e afetivas que possam ser enriquecedoras o suficiente para propiciar a maturação e a reparação desse funcionamento. Sem isso? Hipocrisia, falsidade e só e isso! dentro de qualquer espaço, seja ele dentro do religioso, seja ele dentro do acadêmico, seja ele dentro da psicanálise, seja ele dentro de qualquer âmbito. Ninguém cresce emocionalmente, ninguém amadurece emocionalmente a partir de estudos teóricos. Isso não existe! O que propicia o crescimento, a maturação emocional, ou a reparação do funcionamento emocional, são experiências emocionais-afetivas. E aí, depois, o estudo teórico vai ser ótimo. Mas, antes disso, o estudo teórico, muitas vezes, atrapalha esse processo. Fabricam pastores chatos, demagogos. Fabricam psicanalistas insuportáveis, cruéis. Fabricam padres que não são capazes de compaixão. Precisa ver um preparo emocional afetivo anterior.




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