terça-feira, 1 de junho de 2021

SOBRE VÍNCULOS TÓXICOS E A FUNÇÃO DA PSICOTERAPIA


Uma das funções do processo psicoterapêutico é a manutenção da vida emocional-afetiva. Um psicoterapeuta, enquanto preparado para sua prática, deve fornecer um ambiente saudável e rico em possibilidades para a dupla terapêutica viver experiências emocionais que sejam reparadoras. Isso ocorre através da desobstrução no fluxo da transformação que ocorre naturalmente, quando as condições estão favoráveis. Com isso, a parte da personalidade denominada de “falso eu” vai se dissolvendo e propiciando a revelação da parte genuína, que leva o nome de eu verdadeiro.

Com isso, deve haver uma transformação considerável na vida do paciente que se dedica a esse processo. Essa transformação se manifesta fundamental mente no âmbito das relações, onde vínculos que não estejam configurados num modelo saudável, devem sofrer um gradativo afastamento natural. Sendo que isso deve acontecer espontaneamente, sem que nenhum grande esforço deva ser aplicado para que possa ocorrer.


Conforme o processo da psicoterapia vai progredindo, assim que o vínculo for ganhando confiança e o laço terapêutico for se estreitando, impreterivelmente irá aguçando a capacidade de perceber os prováveis vínculos tóxicos, que possam ameaçar o bom funcionamento emocional. Assim, através da manifestação do instinto de autopreservação, ocorre o afastamento daquilo que se mostra perigoso ou venenoso para o funcionamento mental. Quando o sujeito aprende a respeitar a si próprio, não permitirá que o outro o desrespeite.


Configurações tóxicas de vínculos podem ameaçar com ataques, tudo o que o trabalho da psicoterapia possa realizar. Propiciam a obstrução do fluxo saudável do funcionamento mental, forçando que o falso eu se desenvolva para dar conta de defender o eu verdadeiro. A cada manifestação do vínculo tóxico, acontece um prejuízo no funcionamento mental de ambas as partes assim como do próprio vínculo. O sujeito que se liga a alguém que esteja sento tóxico acaba por também se intoxicar. Aquele que primeiramente se encontrava perturbado reafirma sua perturbação gerando um vínculo cheio de inveja, ódio e ímpeto para a vingança.


A saber, não existe aqui a ideia de que se possa escolher prejudicar a si mesmo e a outro, ou não. Essa ação de dano ocorre por conta da dificuldade na capacidade. A configuração emocional toxica é oriunda de uma parte imatura, uma parte adoecida ou ainda de uma cota de certa perturbação mental.

Isso acaba contaminando o vínculo, já que uma mente perturbada perturba a outra. Sendo assim, tratamos de características do vínculo e não do sujeito. As características emocionais que possam ser percebidas num sujeito quando se relaciona com certa pessoa, são diferentes quando ele se relaciona com outra. 





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