sexta-feira, 6 de setembro de 2024

AMAR, DISTANCIAR E GOSTAR - Prof. Renato Dias Martino



 O AMAR E O GOSTAR


O outro me atrai, então eu gosto do outro. Eu me dedico ao outro, eu amo o outro. Então, no conhecimento popular, nós temos aí, a ideia de que, “eu gosto tanto que eu amo”. Não! Amar é independente de gostar. Quando eu digo: “eu preciso amar a mim mesmo para amar o outro”, não quer dizer que eu preciso gostar de mim mesmo para gostar do outro. Eu posso não gostar de mim, mas eu me amo. Eu posso não gostar daquilo que eu estou sendo, mas eu me dedico a mim mesmo. Eu posso não gostar do outro, o outro pode não me ser atraente, mas eu posso amá-lo, mesmo assim. Para gostar do outro eu não preciso gostar de mim primeiro. Mas para amar o outro eu preciso amar a mim mesmo primeiro e para que eu possa ser capaz de amar a mim mesmo, eu preciso ter sido amado pelo outro. Amar é um aprendizado e para que eu aprenda a amar eu preciso ter sido amado pelo outro. Porque eu aprendo a amar a mim mesmo através do amor que o outro teve por mim.


AMOR E DISTANCIAMENTO 


Muitas vezes, para amar alguém eu preciso respeitar um distanciamento necessário desta pessoa, senão, eu não consigo amar, senão essa pessoa vai me ferir o tempo todo e eu não vou conseguir desenvolver um amor por ela. Quer um exemplo disso? O escorpião! O escorpião é um animal formidável! Maravilhoso! É um exemplo de maternágem. É por isso que ele prolifera tanto. Porque, a mãe do escorpião é extremamente dedicada. Ele é um animal no notável! Eu amo o escorpião, mas o escorpião lá e eu aqui. Para que eu possa continuar amando o escorpião. Porque, se eu ficar me envolvendo muito com o escorpião, uma hora ele me pica e eu não vou conseguir mais amá-lo. Eu vou odiar o escorpião.


 AMOR DE PORCO ESPINHO  


Tem uma passagem do Schopenhauer muito bacana, que ele traz a história dos porcos espinhos. O Schopenhauer conta uma história que, no inverno, os animaizinhos foram se aproximando para um aquecer o outro, né? Os coelhinhos se aproximaram, os ursinhos se aproximaram, todos os bichinhos foram se aproximando e se aninhando, uns aos outros para se aquecer. E aí, os porcos espinhos também foram se aproximar, mas conforme eles foram se aproximando, começaram a se espetar um aos outros. Então, eles espetavam e se afastavam. O frio apertava, eles se aproximavam de novo, se espetava e se afastavam. Até que eles foram encontrando um distanciamento adequado para que eles pudessem se aquecer uns aos outros, sem se espetar. Então, a gente precisa respeitar o distanciamento entre um e o outro, para que a gente possa desenvolver um amor sincero e verdadeiro.




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